“A história de Joana veio de um desejo de falar sobre coragem, a coragem de ser quem você realmente é diante da violência cotidiana que se experimenta quando se atravessa esse processo”, conta a diretora e roteirista Cristiane Oliveira (“Mulher do Pai”) sobre seu segundo longa-metragem, A PRIMEIRA MORTE DE JOANA, que terá estreia nacional na Mostra Competitiva do 49o Festival de Cinema de Gramado, que acontece entre 13 e 21 de agosto, de maneira remota.
"Fico muito feliz que, depois de rodar por muitos
países em festivais, o filme vai chegar ao Brasil na competição do Festival de
Gramado. Apesar de não ser presencial, torço que o formato atual possa levar o
filme para muito mais gente."
O filme, que teve sua première mundial no 51º
International Film Festival of India, em janeiro deste ano tem como
protagonista Joana (Letícia Kacperski), uma adolescente cuja vida começa a se
transformar a partir da morte de sua tia-avó, de quem ela era muito próxima.
Isso acaba refletindo também na relação com sua melhor amiga, Carolina (Isabela
Bressane). “Gosto de
reconstruir o roteiro com os atores. Escalar atrizes que tivessem as idades das
personagens me permitiu adequar as falas e as situações com aquilo que elas
estavam vivendo de fato naquele momento.”, explica Cristiane sobre
o processo de seleção de Letícia e Isabela para o filme que foi o primeiro
trabalho com cinema para ambas.
Além de impressionada com a morte em si, Joana também
começa a questionar uma história que corre na família: sua tia nunca namorou
alguém, nunca se apaixonou. Em sua investigação, Joana parece querer descobrir
o segredo da tia para entender o que ocorre com ela mesma. “A morte no filme está relacionada à
transformação e como, às vezes, precisamos morrer numa forma de ser para
renascer nas nossas lutas e conseguir existir. Um poema do Mário Quintana, que
inspirou o título do filme, diz que ‘amar é mudar a alma de casa’. Então há
também esse aspecto simbólico da palavra morte, que remete ao momento em que se
perde o controle sobre o próprio corpo, quando ele passa a ser ocupado pela
lembrança constante de alguém por quem nos apaixonamos”.
A
PRIMEIRA MORTE DE JOANA traz
personagens descendentes dos colonos alemães que se estabeleceram no sul do
Brasil no século XIX. Marcas dessa origem permeiam o cotidiano de Joana e
Carolina. E, apesar de situado em 2007, o longa dialoga com o Brasil do
presente e seu cenário de retrocesso nas políticas públicas ligadas a gênero e
sexualidade.
O longa contou com uma equipe multinacional em várias
etapas da produção. A atriz Silvia Lourenço é corroteirista e o roteiro contou
com consultoria do diretor português João Nicolau, que prestou consultoria, ao
lado dos argentinos Miguel Machalski e Gualberto Ferrari. Cao Guimarães,
cineasta e artista visual, participou da fase final como consultor de montagem.
A equipe de som conta com o uruguaio Raúl Locatelli, e a direção de arte contou
com consultoria da mexicana Nohemi González – ambos trabalharam no filme “Luz
Silenciosa”, do mexicano Carlos Reygadas. A equipe técnica conta ainda com
renomados profissionais gaúchos, como o diretor de fotografia Bruno Polidoro, e
a montadora Tula Anagnostopoulos, além da diretora de arte Adriana Nascimento
Borba.
A
PRIMEIRA MORTE DE JOANA é uma
produção de Aletéia Selonk, em uma parceria estabelecida entre diretora e
produtora, que já realizaram outras obras em conjunto e tem projetos em
desenvolvimento para os próximos filmes.
A empresa produtora, Okna Produções, em 2021 completa 15
anos de mercado com mais de 50 obras realizadas, consolidando sua trajetória
neste Festival de Gramado com a participação de outro filme selecionado para a
mostra de Longas Latinos, a coprodução com o Uruguai, “A Teoria dos Vidros
Quebrados”, de Diego "Parker" Fernández.
A
PRIMEIRA MORTE DE JOANA foi realizada com
recursos públicos geridos pela Agência Nacional do Cinema – ANCINE. Conta com
investimentos do BNDES, através do edital BNDES Cinema para produção de longas
que priorizam o reconhecimento artístico e técnico no mercado internacional; e do
FAMA – Fundo Avon de Mulheres no Audiovisual, prêmio que busca incentivar e
valorizar a produção audiovisual feita por mulheres. Foi contemplado no edital
de desenvolvimento PRODAV 05/2013 e do PRODECINE 04/2013, ambos do Fundo
Setorial do Audiovisual. O projeto tem ainda o selo do Berlinale Co-production
Market, evento com foco em mercado que ocorreu no Festival de Berlin 2018.
Sinopse
Joana, 13 anos, quer descobrir por que sua tia-avó
faleceu aos 70 sem nunca ter namorado alguém. Ao encarar os valores da
comunidade em que vive no sul do Brasil, percebe que todas as mulheres da sua
família guardam segredos, o que traz à tona algo escondido nela mesma.
Ficha Técnica
Roteiro e direção: Cristiane Oliveira
Elenco: Letícia
Kacperski, Isabela Bressane, Joana Vieira, Lisa Gertum Becker, Rosa Campos
Velho, Pedro Nambuco, Roberto Oliveira, Graciela Caputti, e Emílio Speck.
Gênero: drama
País: Brasil
Ano: 2021
Duração: 91 min.
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