Jesus Kid, novo filme de
Aly Muritiba, terá sua estreia nacional no 49º Festival de Cinema de Gramado,
que acontece de 13 a 21 de agosto de forma online.
Baseado na obra homônima de Lourenço Mutarelli, o longa tem
roteiro original de Aly Muritiba e conta a história de Eugênio (Paulo Miklos),
um escritor de pocket books de Western, que atravessa uma fase difícil. Seu
personagem mais famoso, Jesus Kid, está indo mal de vendas e a editora ameaça
tomar-lhe o personagem e entregá-lo a outro escritor. Então aparece o que
poderia ser a sua salvação. Eugênio é contratado por um produtor e um diretor
de cinema para escrever o roteiro de um filme. O único problema é que ele tem
que escrever este roteiro dentro de um hotel luxuoso, do qual, por contrato,
não pode sair por três meses.
Sergio Marone dá vida a Jesus Kid e foi através de Marone que
Muritiba conheceu o livro de Mutarelli. “Conheci
o livro do Mutarelli em 2012 através do Sérgio Marone. Àquela época eu estava
circulando com A Fábrica (um de meus curtas) pelos festivais e Sérgio o viu e
gostou. Ele havia negociado os direitos de adaptação do livro do Lourenço há
pouco e me convidou pra escrever o roteiro. Tempos depois acabei assumindo a
direção também”, explica Muritiba.
“Li Jesus Kid em 2010 quando buscava uma história pra adaptar
pro cinema. Vi que dava um filme bem divertido. No Hollywood Brazilian Film
Festival, em Los Angeles, assisti “A Fábrica", um curta do Aly, e fiquei
fascinado com a sensibilidade e talento dele. Era o diretor ideal pra fazer Jesus
Kid, meu primeiro filme como produtor, além de ator. Foi um processo longo,
sensacional. A sensação de ver a primeira diária no set acontecendo, foi
indescritível. Muito emocionante mesmo, a realização de um sonho”, comenta Sérgio Marone.
O processo de adaptação do texto literário para um roteiro original de cinema
foi bastante longo, começou em 2012 e terminou em 2019. Muritiba fez questão de
criar uma história que tivesse a sua visão sobre o universo criado por
Mutarelli, por isso o filme tem diferenças em relação ao livro. “Nesse meio tempo o mundo mudou, o
Brasil mudou muito (pra pior) e eu peguei toda minha fúria pós eleições de 2018
e botei no roteiro atualizando aquela história pra um mundo distópico,
conservador e quase ditatorial, algo nada parecido com o Brasil de 2021
(risos...nervosos)”, complementa Muritiba.
Fã do gênero Western desde a infância, Muritiba usou diferentes referências
para compor Jesus Kid, que vão de Jim Jarmusch, Irmãos Coen a Tarantino. “Gosto muito de Western. É um
gênero que me acompanha desde a infância nos cinemas de lona que se instalavam
do lado de minha casa em Mairi. Ali, nos anos 80, só se exibia Western
Spaghetti, filmes de artes marciais e pornôs. E eu assistia muitos destes
filmes porque era de minha casa que puxavam uma mangueira de água para
abastecer os tonéis da equipe que cuidava daqueles cinemas itinerantes. Em
troca recebíamos passe livre para assistir aos filmes, todos antigos e em
cópias arranhadas. Essas foram as minhas primeiras experiências com uma projeção
de cinema (não dá pra chamar de sala de cinema, porque estava mais para circo
com arquibancadas de madeira)”, conta Muritiba.
O filme é uma produção da Grafo, tem distribuição da Olhar Distribuição em
parceria com a Art House e deve estrear
comercialmente nas salas de cinema no final de 2021.
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