Crítica Filme "Vitória" por Rita Vaz

Estreia nesta quinta-feira o aguardado filme “Vitória”, estrelado por Fernanda Montenegro e dirigido pelo cineasta Andrucha Waddington, que também dirigiu “Chacrinha – O Velho Guerreiro”, “Sob Pressão” entre outros.

“Menos é mais”. Para mim, essa frase define muitas coisas neste filme.

E eu estou falando da atuação forte e precisa de Fernanda Montenegro, do roteiro bem conduzido, e dos diálogos enxutos, principalmente deles.

Fernanda Montenegro é uma gigante em cena, a força da sua presença é tão grande, que ela sozinha, preenche a tela, preenche os diálogos, e preenche os vazios.

Os vazios são muitos nessa história, é o vazio da solidão, o vazio do etarismo, o vazio da falta de ajuda, o vazio do diálogo, o vazio da presença do outro.

Além do mote principal, o filme fala de outras verdades que circundam pessoas que vivem sob ameaças, algumas embutidas em peles de cordeiro, outras escancaradas e graves.

As embutidas são encontradas nos personagens que pensam pequeno, que acreditam em algo e ponto final, que não deixam espaço para o novo, por exemplo.

As verdades escancaradas e graves são aquelas que estão no tráfico acontecendo à plena luz do dia, na violência armada, e na ameaça.

Baseado no livro “Dona Vitória Joana da Paz” escrito por Fábio Gusmão, que foi baseado em fatos reais, o longa conta a história de Vitória (Fernanda Montenegro), uma senhora solitária que, aflita com a violência que passa a tomar conta da sua vizinhança e em conflito com os vizinhos, começa a filmar da janela de seu apartamento.

A idosa registra a movimentação de traficantes de drogas da região durante meses, com a intenção de cooperar com o trabalho da polícia.

A polícia não lhe dá ouvidos, mas, sua atitude consegue chamar a atenção do jornalista Fábio Gusmão (Alan Rocha), que faz amizade com Vitória e tenta ajudá-la nessa missão.

As fitas levaram a denúncias que resultaram na prisão de moradores da região, soldados e PMs envolvidos com narcotráfico, e outras consequências mais.

O diretor Andrucha Waddington estrega um filme forte, que cumpre o que promete. Ele conta uma história real, de um passado recente, que foi vista por muitas pessoas nos jornais e nas telas das televisões, de uma forma respeitosa com sua personagem principal.

Fernanda Montenegro, como já comentei, é gigante em cena. Apesar de sua fragilidade física, a sua presença é gigantemente sólida, dando um tom à sua personagem que poucas atrizes dariam.

A combinação de um ótimo roteiro, uma ótima direção, ótimas interpretações e uma excelente atuação, é a fórmula para que filmes cresçam e apareçam, no melhor sentido da expressão.

“Vitória” é um filme que deve ser visto por todas as pessoas, aquelas que gostam de cinema, aquelas que gostam de uma boa história, aquelas que são fãs de Fernanda Montenegro, a mãe.

 

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