Crítica Filme "Pequenas Coisas Como Estas" por Rita Vaz

Estreia nesta quinta-feira o filme “Pequenas Coisas Como Estas” dirigido pelo cineasta Tim Mielants que também dirigiu “Caminhos da Sobrevivência”, “Legion” entre outros.

Na história, ambientada em 1985, conhecemos Bill Furlong (Cillian Murphy), um respeitado vendedor de carvão, que vive em uma pequena e católica cidade da Irlanda. Ele é casado, tem cinco filhas, é metódico e leva sua rotina diária com muita precisão.

Durante o período de Natal, ele faz uma descoberta perturbadora sobre o convento local.

Ele encontra uma jovem aprisionada no galpão de carvão, vítima de punições impostas pelo convento, onde funcionam as Lavanderias Madalena, onde a Igreja mantinha aquelas que eram consideradas "fora do padrão".

Este encontro provoca um conflito profundo em Bill, que se vê dividido entre a emoção e a moralidade. À medida que os segredos obscuros da cidade começam a emergir, ele confronta suas próprias memórias de infância, repletas de pobreza e anseios não realizados.

Ele passa a questionar o trabalho do convento, o seu real significado, e se deve permanecer em silêncio ou lutar pela justiça das jovens aprisionadas.

O diretor Tim Mielants fez um filme que mostra muito, dizendo pouco. “Pequenas Coisas Como Estas” é daquele tipo de filme que tem que se ler nas entrelinhas, nos pequenos olhares e movimentos que nesse caso, o personagem principal nos revela aos poucos.

O ator Cillian Murphy entrega um personagem cheio de emoções, ele chega a passar a sensação de “pesado”, de tanta coisa que está embutida nele.

Além do mote principal da história, o de colocar em pauta essa instituição que prendia mulheres, como dito acima, “fora do padrão”, e nisso leia-se, mulheres com deficiência física e mental, rebeldes, mães solteiras e suas filhas, vítimas de estupro, prostitutas, tem-se também a história do homem que não era ouvido, do homem que estava transbordando emoções e ninguém perto dele, percebia.

Esse personagem começa a questionar, talvez conscientemente depois de muito tempo, o real significado de sua vida, da vida de sua mãe, esposa, filhas, das instituições e também do que é instituído.

Bondade e compaixão, conceitos perdidos pela maioria, em nome de um falso moralismo.

Uma instituição religiosa que abusa do poder, fazendo de jovens mulheres, verdadeiras prisioneiras, e um homem prisioneiro de regras, prisioneiro de sentimentos contidos, a um passo da depressão. Como agir diante de um dilema tão grave como este?

“Pequenas Coisas Como Estas” é um filme que nem toda a plateia vai gostar, porque ele tem um ritmo mais lento, mais observador. Um filme que se pauta em movimentos internos.

Porém, se você for ao cinema já sabendo desse ritmo, consiga aproveitar cada momento que o longa proporciona, de uma história que está um nível acima da maioria.

Recomendo muito!

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