Estreia nesta quinta-feira o filme “Uma Família Feliz” dirigido pelo cineasta José Eduardo Belmonte (“O Pastor e o Guerrilheiro” filmaço, “Carcereiros O Filme”), entre outros.
O filme, que foi gravado em Curitiba, capital paranaense, é
protagonizado por Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, tem produção da Barry
Company, em coprodução com a Globo Filmes e Telecine, e distribuição da Pandora
Filmes.
A história original e o roteiro do longa são do escritor
Raphael Montes (“Bom Dia, Verônica”), que também estreia como
diretor-assistente. O argumento também deu origem ao livro homônimo, já
disponível nas livrarias pela Companhia das Letras.
Suspense, um gênero ainda pouco explorado pelo cinema
nacional, mas, cheio de maravilhosos exemplos, como o que está em questão aqui,
“Uma Família Feliz”, que surpreende do começo ao fim.
O longa acompanha a vida de uma família, de classe média
alta, que mora em um condomínio fechado, que tem suas rotinas baseadas no que a
sociedade espera e aparentemente, não tem problema algum.
Eva (Grazi Massafera) acabou de dar à luz, e se depara com a
angústia de uma depressão pós-parto, e uma vida que precisa seguir, com os
cuidados familiares, da casa e do trabalho.
A aparente tranquilidade da família é invadida por
acontecimentos estranhos quando suas filhas gêmeas (Luiza Antunes e Juliana
Bim) e o bebê recém-nascido aparecem machucados. Eva é acusada e retaliada pelos
conhecidos.
Isolada e questionada por seu próprio marido, ela precisa
superar sua fragilidade para provar sua inocência e reestruturar sua família.
O diretor José Eduardo Belmonte leva o filme a um patamar
altíssimo, quando consegue envolver o espectador em um clima de tensão, que
provém de lugares diferentes da história.
Ele consegue conduzir a plateia através da fotografia, dos
movimentos de câmera e (para mim) principalmente do design de som, por caminhos
que em determinado momento achamos que tal personagem é a culpada, e em outro,
é uma diferente, e depois pode ser outra.
A atriz Grazi Massafera é o destaque dessa produção,
trazendo uma personagem cheia de camadas, com muitas emoções abafadas,
congestionadas, com muitas situações diferentes acontecendo ao mesmo tempo. É
no detalhe de sua atuação que conseguimos enxergar a luta interna que ela
trava.
Já o ator Reynaldo Gianecchini compõe um personagem dúbio,
do começo ao fim, mostrando certas divergências no seu comportamento, que fazem
com que questionemos o seu caráter.
Parabéns para eles e para a direção.
Quero falar um pouco mais sobre o design de som, que pareceu
mais um personagem do filme.
O design de som, é a técnica de captação, elaboração, edição
e mixagem de sons utilizando ferramentas de produção de áudio com o objetivo de
causar no telespectador o sentimento de estar inserido na história. Imagina
um filme sem efeitos sonoros?!?!?!
Pois bem, em “Uma Família Feliz” esse recurso faz toda a
diferença na história, ele começa de forma sutil, mas, ao longo da trama,
cresce e se torna um fio condutor para a gente entender o que está acontecendo. Parabéns mais
uma vez.
“Uma Família Feliz” fala sobre maternidade,
responsabilidade, paternidade, pressão social e surpresas. Sim, o longa tem um
plot twist que não deixará ninguém quieto na poltrona.
Depois que assisti ao filme, fiquei um longo tempo pensando
nele, inclusive incomodada com a história, e tenho certeza, você também vai
ficar. Recomendo muito.
Spoiler do bem: a primeira cena do filme é exatamente a
última, mas, (genialmente) você só vai entende-la, no final do longa.
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