Em seus filmes, o francês Laurent Cantet costuma
abordar questões sociais do presente. Foi assim com o ensino fundamental e
inclusão em “Entre os Muros da Escola”, ganhador da Palma de Ouro em 2008, e
em “A Agenda”, que aborda o desemprego na França em tom de thriller. Seu novo
longa, @ARTHUR.RAMBO –
ÓDIO NA REDE,
estreia no Brasil em 12 de maio, depois de enorme sucesso no Festival Varilux
de Cinema Francês. A distribuição é da Vitrine Filmes. O roteiro parte da história real do jovem
Mehdi Meklat, que se tornou uma estrela do jornalismo, mas viu sua carreira
ruir quando antigos tweets vieram à tona. No filme, o protagonista se chama
Karim D., interpretado por Rabah Nait Oufella (“Nocturama”, “Entre os Muros
da Escola”), que se torna jornalista e escritor de sucesso, chegando a
assinar um contrato com uma editora para publicar um livro. Ele é saudado como a voz dos filhos e
filhas de imigrantes vindos das regiões mais distintas da África, e logo
também se torna um queridinho dos intelectuais de esquerda. Quando a estrela de Karim parece estar
chegando ao topo, algo acontece. Antigos tweets homofóbicos, racistas,
misóginos e antissemitas vêm à tona. Comentários feitos sob um pseudônimo –
Arthur Rambo, cuja sonoridade cria a ideia dupla remetendo ao personagem do
cinema Rambo e ao poeta francês Arthur Rimbaud. O roteiro de @ARTHUR.RAMBO – ÓDIO NA REDE
foi escrito por Cantet, Fanny Burdino e Samuel Doux, e acompanha 48 horas na
vida desse jovem, depois que ele é desmascarado. Em entrevista ao site Cineroupa, Cantet
conta que costumava acompanhar Mehdi Meklat em seus comentários políticos
numa rádio francesa, e o achava muito inteligente. “Quando os tweets foram revelados,
eu custei a acreditar que era a mesma pessoa. Como isso era possível? Para
mim, era um quebra-cabeças, no qual vi potencial para um filme.” Para o roteiro, ele também confessa que
havia um dilema de como o filme deveria retratar seu protagonista. “Deveríamos estar muito distantes
dele e o pintar como desprezível? Achamos que não devíamos o julgar ou trazer
explicações. O personagem se mantém um enigma, um enigma que é confuso
até para ele mesmo. O filme tem certa empatia com o personagem, mas não
o exime da culpa de ter escrito o que escreveu.” O diretor também elogia bastante o trabalho
do ator Rabah Nait Oufella, no papel de Karim D., um personagem complexo, e,
nem sempre agradável. “Acredito
que Rabah foi bem sucedido, e achou o equilíbrio certo para o protagonista.
Ele não é simpático, mas também não é um monstro, nem uma vítima. Ele foi capaz
de transmitir a complexidade do personagem”, disse o cineasta à
Variety. @ARTHUR.RAMBO – ÓDIO NA REDE foi exibido nos festivais de Toronto e San Sebastian,
onde foi bem recebido e as questões contemporâneas do filme destacadas. “A decisão de trazer a história em
apenas uma noite e dois dias traz o senso de urgência do tempo real”,
escreve o Screen Daily. @ARTHUR.RAMBO – ÓDIO NA REDE, será
lançado no Brasil pela Vitrine Filmes. |
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