Poucos filmes têm tanta atualidade como KLONDIKE: A GUERRA NA UCRÂNIA,
de Maryna Er Gorbach, ganhadora do Prêmio de Direção para filmes
estrangeiros. O longa, que também levou o Prêmio do Júri Ecumênico, no
Festival de Berlim deste ano, tem como cenário a fronteira entre Ucrânia e
Rússia, e aborda os conflitos na região a partir do ponto de vista dos
ucranianos. Com distribuição da Pandora Filmes, o longa teve estreia nos
cinemas brasileiros adiada para 5 de maio. Embora a trama seja situada em 2014, seus
eventos reverberam até hoje com a guerra na Ucrânia em andamento. No filme,
Irka (Oksana Cherkashyna) e Tolik (Sergey Shadrin) vivem em Donetsk, nas
proximidades da fronteira entre o país e a Rússia, um território em disputa
no começo da Guerra em Donbas. O casal aguarda o nascimento do primeiro
filho, quando é abatido por mísseis o avião de um voo civil, que cai na
região, matando quase 300 pessoas, o que só fez aumentar a tensão e deixando
um rastro de tristeza e luto. Tolik é pressionado por seus amigos
separatistas pró-Rússia a se juntar a eles, enquanto o irmão de Irka suspeita
que o casal esteja traindo o próprio país. Enquanto a angústia é crescente, a
jovem se nega a deixar sua casa, mesmo quando o vilarejo onde vivem é
capturado pelas forças armadas. Tentando reaproximar seu marido e seu irmão,
a protagonista pede que eles unam forças para reconstruir sua casa, que foi
destruída num bombardeio. Nascida na Ucrânia e radicada em Istambul,
Er Gorbach disse, em entrevista ao jornal alemão Zeit, que se lembra muito
bem do fatídico 17 de julho de 2014, dia do ataque ao avião, pois é seu
aniversário. “Eu fiquei o
tempo todo procurando anúncios oficiais sobre a queda da nave, e ninguém foi
responsabilizado pelo lançamento dos mísseis. Passaram-se anos, e,
praticamente, nada aconteceu. Foi quando percebi: se algo dessa magnitude não
é punido, quem se interessará pelo sofrimento do povo de Donbas?” Ela conta que, em 2014, ninguém esperava
uma guerra, e hoje, as pessoas recebem avisos para não sair de casa, e ficar
com as janelas fechadas. “A
guerra hoje é chamada por seu nome. A imprensa internacional não duvida mais
disso. Em meados de fevereiro, era diferente. Falava-se num ‘conflito’ entre
a Rússia e a Ucrânia”. A diretora, que também assina o roteiro e a
montagem, destaca o papel fundamental das mulheres na resistência ao
conflito, e, por isso, o longa é dedicado a elas. “O instinto de sobrevivência de Irka
é maior na guerra. E essa mensagem me fez dedicar o filme a elas. Num sentido
mais amplo, também quer dizer: Não há soldado ou matador sem mãe. Há sempre
uma mulher por trás deles. Não creio que nenhum homem lutaria por seus
valores, por si mesmo. Os homens que lutam na Ucrânia buscam suas forças no
fato de terem mães, esposas, filhas.” Além dos prêmios em Sundance e Berlim, KLONDIKE: A GUERRA NA UCRÂNIA
também foi muito bem recebido pela crítica. A Variety destaca a direção firme
de Er Gorbach que não faz concessões. “Conflitos, pessoas e políticos são
retratados por uma câmera serena, num filme que traz uma visão da guerra em
andamento”. Alissa Wilkinson escreve na revista Vox que o longa “é um
lembrete de que mesmo nos tempos mais precários, a coisas da vida precisam
seguir em frente – e que o peso de uma guerra na vida das pessoas comuns é
incomensurável”. Sinopse Em 2014, no momento em que começa a Guerra
em Donbas, o casal de ucranianos Irka e Tolik vive na região da fronteira
entre seu país e a Rússia. Ela está grávida, e se recusa a abandonar sua
casa, mesmo quando seu vilarejo é tomado pelas forças armadas. Tudo fica
ainda mais complicado quando um avião civil é abatido e cai na região. |
Ficha Técnica Direção: Maryna Er Gorbach
Roteiro: Maryna Er Gorbach
Produção: Svyatoslav Bulakovskiy, Mehmet Bahadir Er, Maryna Er Gorbach Elenco: Oxana Cherkashyna, Sergey Shadrin, Oleg Scherbina, Oleg
Shevchuk, Artur Aramyan, Evgenij Efremov Direção de Fotografia: Svyatoslav Bulakovskiy Trilha Sonora: Zviad Mgebry Montagem: Maryna Er Gorbach
Gênero: drama, guerra País:
Ucrânia, Turquia Ano:
2022 Duração: 100 min. |
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