Exibido em Cannes, novo filme de Jacques Audiard chega aos cinemas em 28/04

“No começo, havia a coletânea de três HQs de Adrian Tomine [um cartunista americano], e também [o filme de Eric Rohmer] ‘Minha Noite Com Ela’, e sem que eu soubesse, eu tinha o desejo de fazer um filme sobre o amor, ou mais precisamente: quando e como se falar sobre o amor nos dias de hoje?”. É assim que o diretor e roteirista Jacques Audiard (Dheepan: O Refúgio”) define a gênese de seu novo longa Paris, 13o Distrito, que chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 28, com distribuição da Califórnia Filmes.

Sucesso no Festival de Cinema Francês Varilux do ano passado, o longa é sobre a juventude – não adolescentes, mas pessoas na vida adulta, que já têm alguma experiência e irão encontrar uns anos outros e outras se apaixonar e se amar. No prêmio César, o longa concorreu em cinco categorias: roteiro adaptado, trilha sonora (também premiada no Festival de Cannes), fotografia, atriz promissora (Lucie Zhang) e ator promissor (Makita Samba).

O que acontece na era do Tinder, e quando as pessoas “passam a noite juntos no primeiro encontro? É possível haver um discurso amoroso nesses tempos? Sim claro, como podemos duvidar disso. Mas em que momento isso surge? Quais são as palavras e os protocolos? Essas são as principais questões em Paris, 13o Distrito”, explica Audiard, que assina o roteiro com Léa Mysius.

Ele explica que o bairro de Paris que dá título ao filme é bastante exótico, original e efervescente, com uma mistura de diversas culturas. Lá é onde vivem os personagens cujos caminhos se cruzam. São figuras que encaram a desilusão, mas de uma forma positiva, explica o cineasta, pois estão desiludidos consigo mesmos. “As experiências pelas quais passam abrem os seus olhos e mostram quem realmente são, o que realmente querem, e quem são de verdade.”

Rodado em preto-e-branco, com fotografia assinada por Paul Guilhaume (“Apostando Alto”), o filme traz um momento-chave em cores. “Já filmei muitas vezes em Paris, e acho que não é uma cidade fácil de ser filmada, não há muitas perspectivas, muitas linhas... Aqui, o preto-e-branco oferece algo que é mais gráfico, que transforma as expectativas a respeito de Paris. Mostramos uma cidade europeia como se fosse uma metrópole asiática.”

O filme fez sua estreia mundial na competição do Festival de Cannes de 2021, e ganhou um prêmio, por sua trilha sonora assinada pelo músico eletrônico e produtor Erwan Castex, conhecido como Rone. Já o elenco de Paris, 13o Distrito traz Noémie Merlant (“Retrato de uma Jovem em Chamas”), Lucie Zhang e Makita Samba (“Amante Por Um Dia”).

Merlant, que interpreta uma jovem do interior que se muda para Paris para estudar, destaca a atemporalidade do longa. “É atual e moderno, na maneira como conta sua história sobre o desejo, o sexo e como as coisas se dão hoje em dia – primeiro passa a noite juntos para despois se conhecer melhor, mas também há algo de atemporal na solidão, que é poderosa e profunda.”

“Há um naturalismo aqui que se estende às várias cenas do filme, que podem ser sensuais, mas também engraçadas ou estranhas, dependendo da circunstância”, escreve Boyd van Hoeij, na The Hollywood Reporter. Já Peter Debruge, na Variety, classifica Paris, 13o Distrito como “uma tapeçaria delicada e comovente sobre millennials em busca de conexões”. 

Paris, 13o Distrito será lançado no Brasil pela Califórnia Filmes. 


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