Primeiro longa do jornalista e cineasta Émerson Maranhão, TRANSVERSAIS estreia
nos cinemas no dia 24 de fevereiro. O longa fez parte da seção Programa
Queer.doc do 29o Festival Mix Brasil, e também esteve em outros Festivais
brasileiros como a 45a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e o
Cine Ceará.
Produzido por Allan Deberton
(“Pacarrete”), o documentário apresenta os depoimentos de quatro pessoas
trans que resgatam suas histórias, seus processos de autodescoberta e de
trânsitos e jornadas, além de também de uma mulher cisgênero, mãe de uma
adolescente trans. Mesmo sofrendo censura do governo federal, que publicamente
anunciou que “não tinha cabimento fazer um filme com este tema” e declarou que
ele seria “abortado” do edital da Ancine em que era finalista, o filme está
circulando em festivais antes de fazer sua estreia em circuito comercial.
As quatro pessoas que participam do filme
são: Samilla Marques, uma funcionária pública; Érikah Alcântara, uma
professora; Caio José, um enfermeiro; e o acadêmico Kaio Lemos. Eles e elas
passaram por um delicado processo de auto-aceitação até compreenderem a sua
subjetividade. Hoje vivenciam tecnologias de gênero, como hormônios
e cirurgias, que lhe asseguram uma aparência condizente com a maneira como se
veem, mas ainda sofrem com a incompreensão, o estranhamento e o preconceito.
Já a jornalista Mara Beatriz, mulher
cisgênero, enfrentou a transfobia de perto e refez sua vida ao tomar conhecimento
que era mãe de uma adolescente transgênero. Hoje, é uma das mais ativas
militantes do grupo Mães pela Diversidade no Ceará.
TRANSVERSAIS é um o documentário é de extrema importância tanto
pelo momento político atual quanto pela visibilidade que dá à causa da
transgeneridade. “Eu
gostaria muito que esse documentário pudesse contribuir para mudar esse cenário
tão pavoroso em que vivemos hoje no País. Acho difícil, mas não impossível. É
um trabalho de formiguinha. No entanto, se cada espectador que assistir ao
filme despir seu olhar dos preconceitos costumeiros para se permitir conhecer
esses personagens tão especiais, sentir suas dores e alegrias, e deixar que
essas trajetórias tão bonitas e únicas toquem seu corações e mentes, acho que
teremos um excelente começo”, comenta o diretor.
O longa, que parte de dois projetos
anteriores do diretor, uma websérie e um curta, foi muito bem recebido em sua
estreia na 45a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O
crítico Chico Fireman recomendou o longa e escreveu que “[o] radicalismo de TRANSVERSAIS está em como seu tom é de
entendimento numa época de intolerância. [E o filme] deveria ser matéria
obrigatória em qualquer escola.” Matheus Mans, do site Esquina da
Cultura, publicou que “[o]
filme, afinal, é uma amostra de como a resistência funciona. Bolsonaro
reclamou, o filme existe. Histórias como a da mãe que ficou ao lado da filha
quando essa se entendeu e se assumiu como transgênero é um Brasil avesso ao de
Bolsonaro e que Émerson Maranhão tão bem consegue colocar na tela. Sentimos a
esperança, o alívio e a emoção versus a barbárie.”
Denis Le Senechal Klimiuc, do Cinema com
Rapadura, deu a nota máxima ao documentário, e declarou que “muito mais do que colher depoimentos
e apresentá-los em uma montagem fluida e leve, Maranhão é hábil ao criar um
aspecto enorme para o seu trabalho. O filme inteiro é pautado na vida daquelas
pessoas e, portanto, na luz que emanam porque enxergam a metade cheia do copo.”
TRANSVERSAIS é distribuído pela Deberton Filmes.
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