Como proprietária de uma escola que ensina mulheres a serem boas
esposas e donas de casa em A
BOA ESPOSA (La Bonne Épouse), Juliette Binoche levou
mais de 600 mil espectadores aos cinemas na França após a reabertura das
salas de cinema em junho de 2020. Agora a comédia, do diretor Martin Provost
(César de melhor filme e roteiro original por “Séraphine”, “Le Ventre de
Juliette”), chega ao Brasil como estreia nos cinemas dia 17 de junho. No longa-metragem, Paulette Van Der Beck (Binoche) dirige com o
marido a Escola Doméstica Van Der Beck, um local para jovens
mulheres no qual irão aprender a serem boas esposas, a cumprir seus deveres
matrimoniais e cuidarem do dia a dia como perfeitas donas de casa. Mas tudo
muda de repente quando ela se vê viúva e falida. Ao mesmo tempo em que terá
que assumir a escola sozinha, seu primeiro amor ressurge e ares de liberdade
feminina começam a ser sentidos em maio de 1968. Paulette se vê em meio a uma
grande questão: e se a boa esposa se tornasse uma mulher livre? No
elenco, além de Binoche, estão também os atores Noémie Lvovski, Yolande
Moreau, François Berléand e Edouard Baer. A distribuição é da California
Filmes. A emancipação feminina é um tema recorrente nos filmes de Martin
Provost, que acredita que Isso se deva a necessidade de se opor ao machismo.
Muitas de suas personagens femininas têm necessidade de liberdade e de emancipação.
E ambientar a comédia nos anos de 1967/1968 foi uma forma de
mostrar que o movimento de Maio de 68 acelerou o empoderamento das
mulheres. O diretor conta que depois de 1970-71 as escolas domésticas, comuns
na França até esse período, desapareceram. Como em grande parte do mundo, as mulheres francesas demoraram a
conquistar direitos e independência. Em 1873 foi criada a primeira escola
para donas de casa em Reims e a educação doméstica para meninas incluída em
programa da escola primária em 1822. Na França, somente em 1944 elas
conquistaram o direito ao voto. E só em 1965 puderam praticar uma profissão e
abrir uma conta bancária sem a permissão do marido, que até então era
considerado o chefe da família. Em 1970, acontece a primeira reunião do MLF (Movimento
de Liberdade Feminina) na Universidade de Vincennes. Dois anos
depois, em 1972, no "Julgamento de Bobigny", com enorme impacto, a
advogada ativista Gisèle Halimi obtém a liberação de uma menor julgada por
ter abortado após ser estuprada. A liberação do aborto aconteceu, em 1975,
mesmo ano do estabelecimento de divórcio por consentimento
mútuo. A mãe passou a ter direito de adicionar seu nome no
sobrenome do filho apenas em 1984. Em 1990 foi reconhecido que poderia haver
estupro entre cônjuges e, dez anos depois, em 2000, a pílula do dia seguinte
passou a estar disponível gratuitamente para menores nas famárcias. Em 2006 a
idade legal para casamento de mulheres foi aumentada de 15 para 18. E, em
2017, o movimento #Metoo ecoou na França, após o Caso Weinstein, quando as
mulheres denunciaram serem vítimas de agressão ou de assédio sexual. A BOA ESPOSA chega
nos cinemas com distribuição da California Filmes, e foi exibido no Festival
Varilux de Cinema, em dezembro de 2020. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário