Dirigido por Pedro Asbeg e Alice Lanari,
AMÉRICA ARMADA
será exibido na Globo News, no dia 25 de abril, domingo, às 23h00. O
filme acompanha o cotidiano de três ativistas que tiveram a coragem de
enfrentar a violência armada de uma favela no Rio de Janeiro, em
Medellín na Colômbia, e também em Michoacán no México. O documentário
já está em cartaz no NOW, Vivo Play, Oi Play e agora em abril chega a
Globo News em 25 abril.
Sobre o filme:
Raull Santiago é um jovem que nasceu e cresceu no
Complexo do Alemão. Membro do Coletivo Papo Reto, munido de seu celular
e determinação, transmite em lives as ações e abusos da polícia em sua
comunidade. A colombiana Teresita Gaviria perdeu seu filho assassinado
há dezoito anos, e, desde então, tornou-se militante do grupo Madres de
La Candelária, que promove o encontro entre outras mulheres que estão
na mesma situação que ela, com os assassinos presos de seus filhos e
filhas. O mexicano Heriberto Paredes é um jornalista que, mesmo ameaçado
de morte, acompanha a luta de grupos de autodefesa compostos por
indígenas que resolveram pegar em armas para defender seus territórios
e suas vidas contra o narcotráfico.
Na mesma semana em que o presidente brasileiro
Jair Bolsonaro altera decretos para ampliar o acesso às armas e
munições, o filme AMÉRICA
ARMADA ganha uma atualidade impensável em 2017, quando
foi filmado. Enquanto filmava, o diretor percebeu que a situação do
Brasil “tem uma
série de semelhanças com países e povos com quem, infelizmente, troca e
aprende muito menos do que poderia e deveria. Em relação ao tema
central do filme, acredito que a principal descoberta tenha sido a
confirmação de que a violência é um fenômeno regional, que afeta todos
os países da América Latina, em particular os três em que filmamos:
Brasil, Colômbia e México.”, diz o diretor Pedro Asbeg.
O processo de filmagem, nos três países, exigiu a
construção de confiança entre a equipe e esse trio de ativistas. Com
equipe mínima e uma câmera que observa sem interferir, o documentário
registra o trabalho dessas pessoas em campo. “O AMÉRICA ARMADA nos ajudou a compreender o
fenômeno que estamos vivendo no Brasil – de militarização da sociedade
civil - como algo que vai bem além do nosso país, e que está
intrinsecamente ligado ao que vem ocorrendo em outros países da América
Latina nos últimos anos”, explica Lanari. E complementa que
a estrutura do longa é como uma rede, onde “as diferenças históricas e culturais de cada
país estão presentes, mas os processos sociais são vistos como peças de
um mesmo jogo, que se repete em distintos tabuleiros.”.
A gênese do documentário se dá em 2014, quando os
diretores buscaram entender quais eram as semelhanças e diferenças
entre o que estava acontecendo no México, com o surgimento das autodefensas, e
no Brasil, com a expansão das milícias no Rio de Janeiro. Mais tarde, a
Colômbia entrou no filme como um matiz à situação dos outros dois
países. “Foi
assustador perceber que aquilo que estava acontecendo no Brasil durante
as filmagens, e que só se aprofundou depois disso, tinha e tem muitas
semelhanças com o que já aconteceu - com resultados trágicos - em
outros países latino-americanos”, conta Lanari.
A pesquisa começou em 2016, quando os
documentaristas e o diretor de fotografia, Pablo Baião, viajaram para
os países onde AMÉRICA
ARMADA seria filmado. Assim, conheceram não apenas o
cenário social, mas também começaram a estabelecer uma relação de
confiança com aqueles que viriam se ser seus personagens. Ao longo do
ano, mergulharam nos processos em que aquelas pessoas estavam vivendo,
para em 2017 voltarem com a equipe completa, e registrarem as
atividades desses ativistas durante dois meses.
“Nosso
primeiro dia era dentro da casa do Raull, mas ele ligou e perguntou se
estávamos preparados para acompanha-lo com um morador que havia feito uma
denuncia gravíssima. Achávamos que estávamos preparados. E foi um
susto! Então o primeiro dia de filmagem já foi cravado pelo inesperado,
e foi essa abertura ao inesperado que nos guiou. Hoje sabemos que justo
por termos nos aprofundado muito na etapa de desenvolvimento do filme,
conseguimos nos equilibrar entre uma atitude de nos deixarmos levar,
mas sem perdermos o prumo”, recorda a diretora.
AMÉRICA ARMADA dá oportunidade para o espectador olhar muito de
perto para determinadas situações e contextos políticos da América
Latina, fazendo conexões que em princípio não estão claras, porque não
interessa que elas estejam nos holofotes entre os que lucram com a
violência. O filme, porém, não tem a presunção de querer mudar o rumo
das coisas, mas de jogar luz a um assunto pouco pautado até então, e
mudar a forma de compreender o Brasil, e o jogo de forças que está
acontecendo literalmente agora.
Para finalizar, Asbeg ressalta a importância do
filme num momento como o presente, pois “levanta um debate sobre a livre circulação de
armas, sobre os lucros absurdos da indústria bélica e sobre as conexões
feitas pela violência em toda a América Latina, em um momento em que
vivemos um processo político e social favorável ao porte e uso de arma
por civis.”
O filme teve sua primeira exibição no 51o Festival de Brasília,
no qual participou como hors concours, na noite de encerramento, e
desde então participou de festivais no México, Cuba, França, Etiópia,
entre outros países, e tem colhido críticas positivas. O jornalista
Carlos Alberto Mattos aponta que “AMÉRICA ARMADA fornece um
instantâneo vívido de três heróis da resistência numa América Latina
que parece marcada para morrer.” A Comisión Mexicana de Defensa y
Promoción de los Derechos Humanos escreveu em seu site que o
documentário “retrata o caminho de três pessoas com lutas que parecem
distintas, mas que, no fundo, clamam pelo mesmo: justiça, liberdade,
verdade e reparação.”
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