Durante a cerimônia de encerramento da 25a edição do É Tudo Verdade, diretores brasileiros cujos filmes estiveram na seleção deste ano leram em vídeo um manifesto a favor da cultura brasileira, da Cinemateca e da preservação da memória em movimento de nosso país.
Veja a transcrição:
É com sentimento de
pesar que nós, diretores dos filmes do 25º festival de documentários É Tudo
Verdade, manifestamos nosso total desacordo com os rumos da política cultural
do país. O governo de extrema direita do Jair Bolsonaro age desde o início para
atacar e silenciar os brasileiros que fazem da cultura e da arte como seus
inimigos. A atividade audiovisual está paralisada desde março, com a suspensão
de todos os recursos públicos para a produção de filmes e séries. Isso tem
provocado uma taxa crescente de desemprego. São muitas as empresas que estão
falindo, cineastas passando necessidade e a ameaça de paralisia total do setor.
Isso sem falar da cinemateca brasileira, com seu acervo histórico que corre o
risco de total destruição. A realidade que nos cerca, gritando em meio a
paisagem agônica das incêndios de setembro, não é uma mera metáfora. O
fogo que destrói o Pantanal e a Amazônia, ocorre sob o mesmo governo
irresponsável que ignora a tragédia da COVID-19 e que despreza as artes,
cultura, a educação e a ciência. Eles têm medo de nós. A situação é gravíssima.
Por isso convidamos as realizadoras e realizadores do audiovisual a se
voltarem, mais uma vez, para a realidade. E, acima de tudo, não se
intimidaram. É preciso cada vez mais buscar novas formas de
produzir e registrar a nossa memória. E nunca parar e nem silenciar. Um
país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe o que é. É um país com
alzheimer.
Os diretores que assinam: Aurélio
de Michiles, Bernardo Vorobow, Bruno Moreschi, Carlos Adriano, Carol Benjamin,
Clarice Saliby, Cláudio Moraes, Diógenes Muniz, Guga Millet, João Jardim, Jorge
Bodanzky, Marcelo Machado, Mari Moraga, Mariana Lacerda, Paschoal Samora,
Rafael Veríssimo, Roberto Berliner, Rubens Rewald, Silvio Tendler, Tali
Yankelevich, Toni Venturi.
Texto: Roberto Berliner
Edição: Carol Garritano
O festival exibiu, de
23 de setembro a 4 de outubro, um total de 61 longas e curtas-metragens em
competição e hors-concours, de forma gratuita, em plataformas de streaming
disponível em todo o território brasileiro.
A partir de 8 de outubro, acontece o
Ciclo SESC, com seis longas-metragens brasileiros premiados na Competição
Brasileira do festival na última década. Os filmes, que ficam disponíveis
na plataforma
Sesc Digital, são os seguintes: “Auto de Resistência”, de Natasha Neri
e Lula Carvalho, “Cidades Fantasmas”, de Tyrell Spencer, “O Futebol”, de Sergio
Oksman, “Homem Comum”, de Carlos Nader, “Mataram Meu Irmão”, de
Cristiano Burlan, e “Dois Tempos”, de Arthur Fontes e Dorrit Hazarim.
O É Tudo Verdade tem
patrocínio do Itaú e Sabesp; parceria do SESC-SP e apoio cultural do Itaú
Cultural e Spcine. Conta também com a realização do Ministério do Turismo, da
Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e da
Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
A 26ª edição do
festival acontece de entre 8 e 18 de abril de 2021.
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