* “Libelu – Abaixo a
Ditadura”, de Diógenes Muniz, venceu a Competição Brasileira de Longas e
Médias-Metragens
* “Colective”, de
Alexander Nanau, foi eleito o melhor longa da Competição Internacional de
Longas e Médias-Metragens
* “Filhas de
Lavadeiras” e “Meu País Tão Lindo” foram premiados como melhor curta-metragem,
respectivamente, brasileiro e internacional
Principal evento
dedicado à cultura do filme não-ficcional na América Latina, o É Tudo Verdade – Festival Internacional
de Documentários divulgou na noite deste domingo, 4 de outubro,
os vencedores da sua 25ª edição.
Reconhecido pela
Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA como um festival
classificatório para o Oscar®, o evento qualifica automaticamente as produções
vencedoras nas competições brasileira e internacional de
Longas/Médias-Metragens e de Curtas-Metragens para inscrição direta visando a
disputa dos Oscars® para melhor documentário de longa-metragem e de
documentário de curta-metragem.
“As premiações
destacam, em narrativas inovadoras e distintas, uma nova geração de
documentaristas e a força do cinema do real no combate à opressão em suas
várias formas, passadas e presentes”, afirma Amir Labaki, diretor do festival.
“Celebre-se ainda a marcante presença de nada menos que cinco diretoras na
lista das distinções, reafirmando a hora e a vez do cinema das mulheres”.
Dirigido pelo estreante
Diógenes Muniz,
“Libelu – Abaixo a
Ditadura” foi eleito como vencedor da Competição Brasileira de
Longas ou Médias-Metragens e recebeu R$ 20.000,00 e Troféu É Tudo Verdade. O
filme focaliza uma tendência estudantil universitária surgida em 1976 que,
impulsionada por uma organização clandestina, ganhou fama por ser o primeiro a
retomar o mote “abaixo a ditadura” enquanto o AI-5 ainda vigorava. Para o júri
formado pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, pela cineasta e roteirista
Cristiana Grumbach e pelo cineasta e curador Francisco Cesar Filho, o
longa-metragem toca “em uma ferida nunca cicatrizada da esquerda brasileira“.
Foram outorgadas
menções honrosas para “Segredos
de Putumayo”, de Aurélio MIchiles, sobre aquele que é
considerado como o pai dos inquéritos sobre a violação de direitos humanos,
Roger Casement (1864-1916), e “Fico
Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil”, de Carol Benjamin, sobre
três gerações de uma família atravessada pela ditadura civil-militar
brasileira.
O mesmo júri apontou
como melhor curta-metragem brasileiro “Filhas
de Lavadeiras”, de Edileuza
Penha de Souza. Narrando histórias de mulheres negras que,
graças ao trabalho árduo de suas mães, puderam ir para a escola e refazer os
caminhos trilhados por suas antecessoras, a obro recebeu R$ 6.000,00 e o Troféu
É Tudo Verdade. Segundo os jurados, a obra “fala da luta de um grupo de
heroínas que ganharam a guerra contra a desigualdade”.
Foi concedida, ainda,
uma menção honrosa a “Ver
a China”, curta de Amanda
Carvalho que registra uma realizadora estrangeira em visita à
China para produzir um documentário sobre a produção de chá na província de
Fujian.
Já na Competição
Internacional de Longas ou Médias-Metragens o vencedor foi “Colectiv”, (Romênia/Luxemburgo),
dirigido por Alexander Nanau. O filme aborda a corrupção no
sistema de saúde da Romênia e recebeu R$ 12.000 e o Troféu É Tudo Verdade. O
júri da competição foi formado pela diretora-emérita da International
Documentary Association, Betsy McLane, pelo presidente e diretor-executivo do
Hot Docs Canadian Festival, Chris McDonald, e pelo cineasta brasileiro Jorge
Bodanzky. Em seu parecer, os jurados afirmam terem ficado impressionados “com
este preocupante e bem detalhado estudo sobre corrupção e atos ilegais na
Romênia contemporânea.”
O júri concedeu menção
honrosa ao longa-metragem “O
Espião”, de Maite Alberdi, uma coprodução Chile/ EUA/ Alemanha/
Holanda/ Espanha, sobre um homem que é convidado a interpretar um espião que
precisa se infiltrar em um asilo onde um residente possivelmente está sofrendo
maus-tratos.
O polonês “Meu País Tão Lindo”, de Grzegorz
Paprzycki, foi eleito o melhor curta-metragem internacional e
fez jus a R$ 6.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. O filme confronta duas
forças que representam visões de mundo completamente diferentes: a perspectiva
esquerdista de país contra a Polônia homogeneizada construída pela extrema
direita.
O júri concedeu ainda
menção honrosa ao curta-metragem alemão “Saudade”,
da diretora afro-brasileira Denize
Galiao. Em decorrência da doença de seu pai, a realizadora
explora na obra os sentimentos que tem por seu lar e suas raízes.
Os longas-metragens
vencedores das competições brasileira e internacional ganham exibição
presencial no Rio de Janeiro, em salas do Grupo Estação, assim que as mesmas
foram reabertas.
Na cerimônia também
foram anunciados os seguintes prêmios paralelos:
- Prêmio Aquisição Canal Brasil de
Incentivo ao Curta-Metragem, para o filme brasileiro “Filhas de Lavadeiras”, de Edileuza
Penha de Souza, que recebeu R$ 15.000,00 e Troféu Canal Brasil;
- Prêmio EDT (Associação de Profissionais
de Edição Audiovisual), para a melhor montagem de um curta e um
longa-metragem, concedidos, respectivamente, para “Metroréquiem”, montado por Adalberto
Oliveira, e para “A
Ponte de Bambu”, com montagem assinada por André Finotti e Raimo Benedetti.
- Prêmio Mistika, no valor
de R$ 8.000,00 em serviços de pós-produção digital, anunciado junto ao prêmio
oficial de melhor curta-metragem brasileiro.
O festival exibiu, de 23 de setembro a 4 de outubro, um total de 61 longas e
curtas-metragens em competição e hors-concours, de forma gratuita, em
plataformas de streaming disponível em todo o território brasileiro.
A partir de 6 de
outubro, acontece o Ciclo SESC, com seis longas-metragens brasileiros premiados
na Competição Brasileira do festival na última década. Os filmes, que ficam
disponíveis na plataforma
Sesc Digital, são os seguintes: “Auto de Resistência”, de Natasha Neri
e Lula Carvalho, “Cidades Fantasmas”, de Tyrell Sprencer, “O Futebol”, de
Sergio Oksman, “Homem Comum”, de Carlos Nader, “Mataram Meu
Irmão”, de Cristiano Burlan, e “Dois Tempos”, de Arthur Fontes e
Dorrit Hazarim.
O É Tudo Verdade tem
patrocínio do Itaú e Sabesp; parceria do SESC-SP e apoio cultural do Itaú
Cultural e Spcine. Conta também com a realização do Ministério do Turismo, da
Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e da
Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
A 26ª edição do
festival acontece de entre 8 e 18 de abril de 2021.
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