O
9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba acontece em um formato
diferente este ano, de 7 a 15 de outubro. Ser online é uma novidade, mas a
inspiração e o cuidado da seleção de filmes continuam os mesmos, e agora todo o
país tem a oportunidade de conhecê-la. A Novos Olhares - dedicada a
longas-metragens com propostas estéticas mais arriscadas e radicais - nesta
edição dá uma atenção especial ao resgate de um passado que deixou feridas e ausências;
destaca a força do cinema em sua relação com o indivíduo e o enxerga como
possibilidade de acesso, memória e cura. São seis títulos inéditos no país.
“Vai ser uma edição histórica, a programação já está quase 100%
fechada, os filmes estão incríveis. A gente fica triste de não estar exibindo
na sala de cinema, mas fica muito feliz de poder estrear esses filmes aqui”, diz Antônio Gonçalves
Júnior, diretor do festival. “Agora com o Olhar online temos o Brasil
inteiro para nos comunicar, o Brasil inteiro como público do festival, e
estamos animados com esse desafio”, completa.
Para
Eugenia Castello, também diretora do festival, “Isso é o mais importante, o
que a gente resgata de tudo. O que nos empolga é a possibilidade de pessoas no
Brasil inteiro poderem conhecer os filmes que o Olhar traz e com o quais se
identifica”.
Diretamente
da mostra Forum do Festival de Berlim deste ano chega o novo documentário do
romeno Radu Jude Letra Maiúscula, que volta ao país de 1981 e resgata a
história do adolescente Mugur Călinescu que, com apenas suas palavras,
protestava contra o governo de Ceaușescu e a manipulação da história oficial.
Da Forum, chega também O que resta / Revisitado, de Clarisse Thieme, que
usa o experimentalismo para alcançar os crimes da guerra na Bósnia e
Herzegovina nos anos 1990.
A
coprodução Espanha/Suíça O Ano do Descobrimento, dirigida por Luis López
Carrasco, chega dos festivais de Roterdã e Cinema du Reel, de onde saiu premiada.
O filme volta às Olimpíadas de Barcelona e à Expo de Sevilha, em 1992, e
apresenta as contradições da imagem internacional criada para o país e a
realidade interna, com os protestos em Cartagena.
Pesadelos
insistentes são a origem da busca pela história e por memórias em Pajeú,
longa-metragem do brasileiro Pedro Diógenes, que foi exibido na competitiva
internacional do FIDMarseille. Outro filme brasileiro que integra Novos Olhares
é o documentário Agora, de Dea Ferraz, que busca desvendar a relação do
corpo com as imagens e o cinema como ativador desse movimento.
Los conductos, de Camilo Restrepo, completa a seleção. A coprodução
Colômbia/França/Brasil, inspirada em uma história real, fala de alguém
atormentado pelo passado. O longa foi exibido na mostra Encouters da Berlinale.
Filme de abertura
No
dia 7 de outubro, o festival começa em grande estilo com uma produção coletiva,
em vários sentidos. O filme escolhido para abrir a 9ª edição do Olhar de Cinema
é o brasileiro Para Onde Voam as Feiticeiras, de Eliane Caffé, Carla
Caffé e Beto Amaral, que une encenações e improvisos de sete artistas de rua de
São Paulo, expondo a permanência de antigos preconceitos de gênero e raça. O
longa foi selecionado para o Cinelatino Rencontres de Toulouse, mas não chegou
a ser exibido por causa da pandemia de Covid-19.
Sobre o Olhar de Cinema
O Olhar de Cinema
é um festival que busca destacar e celebrar o cinema independente produzido no
mundo. São propostas estéticas inventivas, envolventes e com comprometimento
temático, que abrange desde a abordagem de inquietações contemporâneas acerca
do micro universo cotidiano de relacionamentos, até interpretações e
posicionamentos sobre política e economia mundial.
A seleção
apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem
cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim,
possuem um grande potencial de comunicação com o público.
Nesta edição,
serão seis mostras: Mostra Competitiva, Novos Olhares, Outros Olhares, Olhares
Brasil, Exibições Especiais e Mirada Paranaense.
O 9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Cinema conta com
apoio da Copel, Governo do Estado do Paraná, Ademilar, Lojacorr, incentivo da
Lei de incentivo à cultura, Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba
e PROFICE.
Confira a
lista completa de selecionados para as duas mostras:
FILME DE ABERTURA
Para Onde Voam as Feiticeiras (Brasil, 2020, 89 min.), de Eliane Caffé,
Carla Caffé e Beto Amaral.
NOVOS OLHARES
Agora (Brasil, 2020, 70 min.), de Dea Ferraz
O Ano do Descobrimento (El año del descubrimiento, Espanha/Suíça, 2020, 200 min.), de
Luis López Carrasco
Los conductos (Colômbia/França/Brasil, 2020, 70 min.), de Camilo Restrepo
Pajeú (Brasil, 2020, 74 min.), de Pedro Diógenes
Letra Maiúscula (Uppercase Print, Romênia, 2020, 128 min.), de Radu Jude
O que resta / Revisitado (Was bleibt I Šta ostaje I What remains / Re-visited,
Alemanha/Áustria/Bósnia e Herzegovina, 2020, 70 min.), de Clarissa Thieme
SERVIÇO
9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba
De 7 a 15 de outubro
Dinâmica das sessões
Os filmes serão exibidos no próprio site do Olhar de Cinema. Cada título estará disponível até às 23h59 da data divulgada na programação. A venda de ingressos para todas as sessões começa no dia 23 de setembro e o número de ingressos para cada filme é limitado.
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