Com estreia no Cine Brasília, ‘Ulisses’ une o clássico e o contemporâneo de forma experimental e fragmentada
Foto: Marina de Almeida Prado
Dono de uma filmografia abrangente e diversificada, Cristiano Burlan lança nos cinemas de Brasília nesta quinta (27/11) seu novo longa ULISSES, com produção e distribuição assinadas por Bela Filmes e Chatrone. O longa é o primeiro de uma trilogia, que conta com Nosferatu, que fez sua estreia mundial no Festival de Brasília em setembro, e o inédito Dom Quixote.
O filme está previsto para estrear no Cine Brasília, nos dias 27 e 29 de novembro. A programação também se estende para o próximo mês, com mais uma sessão no dia 02 de dezembro. Confira os horários:
27/11 às 18h;
29/11 às 14h;
02/12 às 16h30.
Com Rodrigo Sanches, no papel-título, o longa é uma jornada a partir de fragmentos de vida, construída a partir de lembranças, afetos e perdas, formam um quebra-cabeça que não quer ser montado. O caminho de um homem perdido entre ruínas e rastros apagados encontra eco numa São Paulo labiríntica, onde cada rua, rosto e gesto é um signo em disputa.
A fotografia em preto e branco de Helder Martins traz uma São Paulo marcada por fluxos interrompidos e zonas de passagem. Dessa forma, a cidade representa o estado mental da personagem, a partir de sua arquitetura de viadutos, ruas do centro e construções degradadas.
Burlan trabalha em ULISSES com um cinema que experimenta suas possiblidades formais. Vozes, presenças e ausências invadem a tela, materializando o estado mental conturbado do protagonista. Já Penélope (Ana Carolina Marinho), multifacetada e ambígua, o acompanha como testemunha de uma busca que nunca se completa. Ela surge em diferentes corpos e vozes, compondo um quadro emocional que escapa da estabilidade romântica. São memórias, fragmentos de discurso, fantasmas.
Ao trazer para a São Paulo contemporânea o clássico personagem de Homero, o diretor investiga como passado ainda existe no presente numa metrópole cercada por concreto, incertezas e abismos sociais.
“Um cinema marginal, enfim, ao retratar um indivíduo também percebido desta forma. Por isso, os bairros que abrangem o Minhocão, no centro de São Paulo, se tornam essenciais, com o acréscimo da figura de Jean-Claude Bernardet, no papel do homem em situação de rua, que já apareceu em projetos anteriores,” escreve Bruno Carmelo, em Meio Amargo.
“O material sobrevive por nunca negar sua essência: um projeto experimental que caça a linguagem em sua composição híbrida, investigando o trabalho de atores e atrizes, ecoando em cena não apenas as vozes do processo criativo, mas também as da própria finalização, bem como as expectativas e a recepção de uma plateia hipotética,” comenta Marcio Tito, em Deus Ateu.
ULISSES é produzido e distribuído por Bela Filmes e Chatrone
Sinopse
Ulisses vaga em busca do caminho de volta para casa. Mas os rastros se apagaram, e a casa agora é apenas uma lembrança em ruínas. Preso em um pesadelo, ele tenta fugir da metrópole labiríntica, enquanto é assaltado pelos rostos do passado. Resquícios de sua memória o atormentam. As estradas que cruza e as pessoas que encontra o guiam até um mar em que Ulisses navega, aportando em lugares insuspeitos. Ele naufraga aos poucos em uma angústia sufocante, sem saber para onde está indo e nem por quê.
Ficha Técnica
Título: Ulisses
Detalhamento: Longa-metragem de ficção live-action
Duração: 01:12:08
Classificação: Obra brasileira independente de espaço qualificado
Direção: Cristiano Burlan
Produtoras responsáveis: Bela Filmes e Chatrone
Roteiro: Ana Carolina Marinho, Cristiano Burlan e Rodrigo Sanches
Fotografia e Câmera: Helder Martins
Montagem: Cristiano Burlan e Renato Maia
Produção: Cristiano Burlan, Rodrigo Sanches, Marina de Almeida Prado e Rodrigo Olaio
Produção Executiva: Ana Carolina Marinho, Ana Carolina Capozzi e Priscila Portella
Elenco: Rodrigo Sanches - Ulisses, Ana Carolina Marinho - Penélope, Lorena Lobato - Penélope, Luana Frez - Penélope, Rebecca Leão - Penélope, Emerson, Alcalde - Hermes, Du Bezerra - Alcíno, Gustavo Canovas - Éolo, Ney Damacena - Polifemo, Paulo Salvetti - Tirésias
Participação Especial: Jean-Claude Bernardet, Henrique Zanoni, Bah Jiunchetti, Carla Mauch e Jorge Larrosa
Produção de Set: Du Bizerra
Casa de pós-produção, Finalização de Cor e Imagem e Conceito Visual: antiglitch foundation e Lucas Negrão
Sobre Cristiano Burlan
Cristiano Burlan é diretor de cinema, teatro e professor. Realizou mais de 20 filmes. O documentário "Mataram Meu Irmão" (2013) foi o vencedor do Festival É Tudo Verdade 2013 e, no mesmo ano, recebeu o prêmio Governador do Estado de São Paulo para a Cultura. "Antes do Fim" (2017) ganhou o prêmio especial do júri da APCA em 2018. Os filmes "Construção", "Mataram meu irmão" e "Elegia de um crime" compõem a Trilogia do Luto, em que aborda a trágica história de sua família. Em 2020, estreou a série "Paulo Freire, um homem do mundo” realizada pelo SescTV. Seu longa-metragem de ficção, "A Mãe", que tem como protagonista a atriz Marcélia Cartaxo, participou do Festival de Málaga, onde angariou o prêmio de Atriz Coadjuvante, no Festival de Gramado recebeu os prêmios de Direção, Atriz. Estreou em 2023 o documentário "Antunes Filho, do olho para o coração", realizado pelo SescTV. Em 2025, estreou seu novo filme “Nosferatu” no Festival de Brasilia, Festival do Rio, CineBH e Mostra de São Paulo.

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