Com o tema “Direitos humanos e emergência climática: rumo a um futuro sustentável”,
a 15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos se alia à defesa da justiça ambiental,
colocando em foco produções de cineastas indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Nesta
edição, 12 capitais de todas as regiões brasileiras recebem a exibição de filmes e debates
entre 26 de novembro e 10 de dezembro de 2025, com programação inteiramente
gratuita e aberta ao público.
Realizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), a mostra é
uma das principais e mais longevas ações da pasta voltadas à educação e cultura em
direitos humanos, reconhecendo o audiovisual como ferramenta de transformação
social. A edição 2025 tem parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), por
meio do Curso de Cinema e Audiovisual, sob a coordenação geral de Samantha
Capdeville, produtora audiovisual e professora do curso.
A cineasta Sueli Maxakali será a homenageada desta edição, com a exibição do filme
“Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá”. O documentário, co-dirigido por Sueli Maxakali, Isael
Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lann, abrirá a programação da Mostra nas capitais
participantes, enquanto o longa “Sede de Rio”, de Marcelo Abreu Góis, ficará com os
encerramentos.
Belo Horizonte é a única exceção. “Sede de Rio” abre a mostra e “Yõg Ãtak: Meu Pai,
Kaiowá” será exibido no encerramento, dia 4 de dezembro, com a presença da ministra
dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, e da cineasta homenageada,
Sueli Maxakali. O evento será realizado no Cine P7, localizado no centro da capital
mineira, em horário a confirmar.
Ao longo da mostra, serão exibidos 21 filmes que apresentam a questão ambiental,
sobretudo, a partir do ponto de vista de povos originários e comunidades tradicionais —
fronteiras de resistência à exploração predatória do planeta. A programação, que irá
percorrer o Brasil, tem curadoria de Beatriz Furtado, realizadora audiovisual e
professora do Instituto de Cultura e Arte (UFC), e de Janaina de Paula, jornalista,
realizadora e pesquisadora em audiovisual.
Além de Belo Horizonte, esta edição acontece em Belém (PA), Brasília (DF), Campo
Grande (MT), Fortaleza (CE), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife
(PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Os filmes selecionados foram divididos em quatro sessões temáticas. Convidados locais
participam de debate após as exibições, propondo um diálogo entre realizadores,
pessoas da luta social, pesquisadores e o público. Todos os títulos contam com janela de
Libras e Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE). Todos os debates terão
interpretação em Libras.
Homenagem
A homenageada da 15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, Sueli Maxakali, é liderança
dos Tikmũ’ũn, povo indígena originário de uma região compreendida entre os atuais
estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Ela é, também, professora, fotógrafa,
multiartista, cineasta e doutora por Notório Saber em Letras: Estudos Literários, pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Seus trabalhos — em grande parte desenvolvidos em parceria com seu companheiro, o
professor, artista e cineasta Isael Maxakali — incluem curtas e longas-metragens, dentre
os quais destacam-se “Yãmiyhex: As mulheres-espírito” (2019); “Nũhũ yãgmũ yõg
hãm: essa terra é nossa!” (2020), premiado no Festival de Brasília e na Mostra
Ecofalante; e “Yãy tu nunãhã payexop: Encontro de Pajés” (2021).
O filme mais recente, “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2025), é uma busca pelo pai com
quem ela não conviveu em razão da ditadura militar, que o separou da família. O longa,
codirigido com Isael, Roberto Romero e Luisa Lanna, foi premiado no Festival de
Brasília, no Cachoeira Doc e na Mostra Ecofalante.
Confira o teaser de “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” aqui.
Sueli estreou na realização cinematográfica com o filme “Quando os yãmiy vêm dançar
conosco” (2011), codirigido pelo companheiro Isael e pela antropóloga Renata Otto. A
obra é resultado de sua primeira oficina de audiovisual, realizada na Aldeia Verde, em
Ladainha (MG). O média-metragem apresenta um ritual para chegada dos yãmĩyxop
(espíritos) ligados à caça.
O conjunto de sua obra audiovisual registra e difunde rituais e tradições ancestrais. É
uma extensão da luta pelos direitos dos povos originários, sobretudo a luta de seu povo
pela terra a partir da estruturação de um novo aldeamento, às margens do rio Mucuri,
em Minas Gerais. No projeto, conhecido como Aldeia-Escola-Floresta, o povo
Tikmũ'ũn-Maxakali desenvolve iniciativas de rituais, valorização dos conhecimentos
tradicionais, troca de saberes, formação de jovens artistas, recuperação de nascentes,
cultivo de roças e reflorestamento.
Oficina de formação
Como parte da programação, a Mostra Cinema e Direitos Humanos realiza, em todas as
cidades contempladas, uma oficina de formação nas semanas que antecedem a exibição
de filmes. Este ano, a atividade tem como tema: “Imagens do comum: cinema, educação
e direitos humanos”.
A oficina, que tem facilitadores e calendários próprios em cada capital, visa promover a
sensibilização e reflexão crítica acerca da cultura dos direitos humanos a partir do
contato com a linguagem e com a prática do cinema. Por meio da exibição de filmes
brasileiros, da proposição de práticas de criação audiovisual e de momentos de conversa
em torno das imagens produzidas, a atividade discute como o respeito à dignidade
humana também está atrelado aos modos de representação dos diferentes sujeitos nas
imagens, refletindo sobre as questões éticas, estéticas e políticas implicadas no ato de
filmar a si, o outro e o território.
Durante os encontros, os alunos são estimulados a se apropriarem do cinema como
ferramenta de afirmação cultural, de preservação de saberes e fazeres tradicionais, de
relação sensível com a terra e o território, além da valorização das diferentes identidades
e modos de vida que constituem a multiplicidade da sociedade brasileira.
O público prioritário são agentes culturais com atuação em comunidades e territórios
periféricos, professoras e professores, pessoas interessadas na relação entre o cinema, a
educação e os direitos humanos. Esta proposição se firma pelo desejo de que as
metodologias e dispositivos pedagógicos com o cinema possam ser replicados nos
espaços educativos e culturais em que os participantes atuam, promovendo a cultura dos
direitos humanos em diferentes territórios.
Mostra Cinema e Direitos Humanos
A Mostra Cinema e Direitos Humanos é uma estratégia do Governo do Brasil para a
consolidação da educação e da cultura em Direitos Humanos, entendendo o audiovisual
nacional como forte aliado na construção de uma nova mentalidade coletiva para o
exercício da solidariedade e do respeito às diferenças.
Criada em 2006, com a finalidade de celebrar o aniversário da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, a mostra amplia e diversifica os espaços de informações e debates
sobre direitos humanos, por meio da linguagem cinematográfica, tornando-se
instrumento valioso de diálogo e transformação para públicos com pouco ou nenhum
conhecimento sobre direitos humanos.
A realização anual atende ao Programa “Promoção da Cidadania, Defesa de Direitos
Humanos e Reparação de Violações”, previsto nos objetivos estratégicos do Plano
Plurianual (PPA) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Alinhada ao
objetivo específico de “promover a incorporação e o fortalecimento de valores de
direitos humanos na sociedade por meio de ações de educação e cultura”, a Mostra
reforça o compromisso de fomentar uma sociedade mais consciente, inclusiva e
comprometida com os princípios dos direitos humanos.
Serviço
15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos
Quando: De 26 de novembro a 10 de dezembro de 2025
Onde: Belém-PA (4 e 7/12), Belo Horizonte-MG (26 e 27/11 | 3 e 4/12 ), Brasília-DF
(27 a 30/11), Campo Grande-MT (1º a 5/12), Fortaleza-CE ( 26 a 29/11), Maceió-AL
(26 a 29/11), Manaus-AM (26 a 29/11), Porto Alegre-RS (4 a 7/12), Recife-PE (2 a
5/12), Rio de Janeiro-RJ (6, 7, 9 e 10/12), Salvador-BA (2 a 5/12) e São Paulo-SP (3 a
6/12)
Realização: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e Curso de
Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Mais informações:
Instagram: @mcdh.oficial

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