Estreia nesta quinta-feira o filme “Queer” dirigido pelo cineasta Luca Guadagnino, que tem em seu currículo filmes como “Me Chame Pelo seu Nome”, “Rivais”, e outros mais.
Baseado na obra homônima de William S. Burroughs e inspirado
em Adelbert Lewis Marker, um ex-militar da Marinha dos Estados Unidos, a trama
segue a vida de Lee (Daniel Craig), um expatriado americano que se encontra na
Cidade do México após ser dispensado da Marinha.
Lee vive entre estudantes universitários americanos e donos
de bares que, como ele, sobrevivem com empregos de meio período e benefícios do
GI Bill, uma lei que auxiliou veteranos da Segunda Guerra Mundial.
Em meio à vida boêmia da cidade, Lee conhece Eugene Allerton
(Drew Starkey), um jovem por quem desenvolve uma intensa paixão.
O filme explora temas de solidão, desejo e a busca por
identidade em um cenário pós-guerra, com uma ambientação que retrata fielmente
a atmosfera da Cidade do México nos anos 1950.
O diretor Luca Guadagnino é um diretor corajoso. Ele
constrói e mostra cenas “inteiras”, e faz isso com maestria, vou explicar. As
cenas “inteiras” são cenas em que o processo todo de um ato é mostrado. Por
exemplo, no momento em que um personagem usa uma droga, é mostrado em cena o
preparo da droga, do uso dela, e o pós, como a pessoa fica, assim que a droga
começa a fazer efeito.
Esse é só um exemplo entre tantos, principalmente os de
relacionamentos, os de emoções muito bem trabalhadas e transportadas para o áudio
visual.
O elenco do filme é um caso à parte de tão uníssono que está
em cena, mas, Daniel Craig simplesmente arrasa, com seu personagem difícil, incompreendido,
solitário, usuário de entorpecentes e apaixonado.
E é quando seu personagem se apaixona pelo de Eugene, que
vemos em cada detalhe, olhar e movimento dele, a paixão em sua mais clara
percepção. É lindo de ver uma atuação como essa.
“Queer” é um filme que surpreende de várias maneiras, tanto
pela história, que vai para um lugar que a gente, realmente não imagina, como
pelo cinema em si.
A direção de arte é impecável, mostrando lugares e tempos,
de uma forma realista, trabalhando com cores, luzes, locações muito bem feitas.
A trilha sonora é impressionante com músicas que não fazem
parte do universo da década de 1950, mas, encaixando como uma luva na história.
“Queer” é um filme feito para uma plateia específica. Não
são todos que conseguirão entender a proposta do longa, e por diversas razões.
O que é uma pena.
Fiquei um bom tempo pensando sobre o que o filme retrata, e
cheguei a uma conclusão óbvia, a trama é sobre uma grande história de amor,
assim como a maioria dos filmes de Luca Guadagnino.
“Queer” é um filme forte, feito para maiores de idade, toca
em assuntos relevantes, fala de um momento histórico da geração beat, e nos
mostra realidades que nem sempre conhecemos, mas, que é de grande importância
para entendermos como o mundo funciona. Recomendo muito.
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