“EU,
CAPITÃO é
fruto de várias histórias entrelaçadas de jovens que vivenciaram a travessia
da África para a Europa. Ao ouvir os seus testemunhos, ficou claro para mim
que suas histórias eram provavelmente as únicas possíveis narrativas épicas
dos nossos tempos”, assim o cineasta Matteo Garrone (“Gomorra”)
define seu novo trabalho que concorre ao Oscar 2024 na categoria Melhor Filme
Internacional e chega aos cinemas brasileiros em 29 de fevereiro, com
distribuição da Pandora Filmes. Ganhador
de diversos prêmios no Festival de Veneza, entre eles de direção, o filme
acompanha a jornada épica de dois adolescentes senegaleses, Seydou (Seydou
Sarr) e Moussa (Moustapha Fall), que deixam Dakar e partem rumo a Europa. A
viagem, no entanto, é repleta de obstáculos que, entre outras coisas, mostram
o que pode haver de pior no mundo, desumanizando os dois rapazes. Garrone,
que assina o roteiro com Massimo Ceccherini, Massimo Gaudioso e Andrea
Tagliaferri, explica que conhecia as histórias de imigração apenas pela mídia
que costuma narrar apenas os últimos lances dessas jornadas. A ele,
interessava também saber o que acontece antes das pessoas chegarem na Europa. “Ao visitar um centro de acolhimento
para menores em Catânia, Itália, ouvi a história convincente de um jovem
africano que, ainda com 15 anos, conduziu um barco durante todo o caminho
para a costa italiana, salvando assim a vida de todos os seus passageiros”,
conta o cineasta. Com
o filme, Garrone pretende trazer imagens completamente opostas àquelas
perpetuadas pela mídia tradicional, narrando a partir do ponto de vista dos
imigrantes, para que eles mesmos possam contar suas jornadas com seus perigos
e superações. “Para poder contar sua história
repleta de perigos por dentro, tive que mergulhar no mundo deles, que é tão
distante do meu. Para conseguir isso, tive que construir uma relação de
colaboração constante com meninas e meninos que viveram uma situação horrível
e que me orientaram durante a concepção do filme. Durante muito tempo, tive
dúvidas sobre a minha legitimidade para contar esta história, mas é a
história deles que eu conto.” Mamadou
Kouassi Pli Adama, ele mesmo um imigrante e colaborador no roteiro, explica
que conheceu Garrone em 2019 quando foi apresentado por uma jornalista que
pesquisava sobre o assunto. “O
processo de produção do filme me permitiu contar a nossa história, recontar
nosso sofrimento, descrever a nossa vida, as nossas tradições, as nossas
culturas. O filme é uma possibilidade de compartilhar tudo isso com as
gerações de hoje e as de amanhã. O cinema, como meio, dá voz às pessoas que
não têm uma.” Garrone
confessa que o processo de escolha de elenco foi trabalhoso e aconteceu na
África e na Europa. “Por
fim, o mais sensato e eficaz era trabalhar com atores senegaleses muito
jovens que nunca tinham saído do seu país, mas que, como a maioria de sua
geração, sonha em viver em outro lugar. Encontrei assim o meu perfeito Seydou
no ator Seydou Sarr (ganhador do Prêmio de ator no Festival de
Cinema de Veneza de 2023).” Desde sua exibição no Festival de Veneza, EU, CAPITÃO
tem tido uma boa acolhida da crítica especializada. “O filme é surpreendentemente
clássico em construção e estilo, guiando sabiamente nossa atenção em direção
à história em questão - feita por um pequeno exército de roteiristas e
colaboradores trazendo relatos de imigrantes em primeira mão”,
avaliou a Variety. Já a revista IndieWire apontou que “o filme de Garrone tem em sua
essência uma alma humana tridimensional e devastadoramente realizada. O mundo
precisaria prestar atenção à história de Seydou e às milhões de outras
histórias reais semelhantes”. |
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Sinopse Ficha Técnica |
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