Estreia nesta quinta-feira o aguardado filme “Pobres
Criaturas” com direção do cineasta Yorgos Lanthimos (“A Favorita”, “O Lagosta”,
“O Sacrifício do Cervo Sagrado”) entre outros.
Conhecido por dirigir histórias perturbadoras, Lanthimos,
mais uma vez e com maestria nos apresenta um conto fantástico, porém, cheio de
verdades.
No longa baseado no livro homônimo de Alasdair Grey e
referenciando o clássico Frankstein, conhecemos Bella Baxter e seu mundo
idealizado ou ideal.
A história se passa na Era Vitoriana e acompanha Bella
Baxter (Emma Stone), que depois de se suicidar, é trazida de volta à vida, após
seu cérebro ser substituído pelo de uma criança que ainda não nasceu. (Um tanto
confusa essa parte do cérebro da criança, mas, assistindo ao filme, você vai
entender muito bem).
O experimento é realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem
Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo.
O seu desenvolvimento é mais rápido do que o esperado e Bella,
querendo conhecer mais do mundo, foge com Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), um
advogado astuto e debochado, e viaja por diversos países.
Livre dos preconceitos de sua época, em uma viagem de
autodescoberta, Bella exige igualdade e libertação.
A direção de Lanthimos é um capítulo à parte na história.
São ângulos, lentes e fotografia muito diferentes das usuais, nos proporcionando
um verdadeiro deleite visual.
O elenco é estelar em um nível altíssimo. Emma Stone aparece
muito confortável no papel dessa personagem que não tem preconceitos, é livre e
não julga.
Willem Dafoe está estupendo fazendo o médico brilhante e
louco ao mesmo tempo, com uma maquiagem genial, e Mark Ruffallo está ótimo no
papel do advogado, que vai do céu ao inferno, nas mãos de Bella.
Além de Stone, Dafoe e Ruffalo, o elenco também conta com Jerrod
Carmichael, Ramy Youssef, Christopher Abbott, Margaret Qualley, Kathryn Hunter,
Suzy Bemba e Wayne Brett.
O figurino também merece destaque, pois é extremamente
envolvente, retratando muito dos personagens em suas cores e formas.
“Pobres Criaturas” é para mim, um verdadeiro tratado sobre a
história da mulher, condensado em meses da vida de Bella. Ele fala de feminismo,
de feminilidade liberta, de machismo, de liberdade parcial, de liberdade que
interessa até certo ponto, e muitas outras questões da sociedade, que insiste
em colocar travas em pessoas e situações, para poder controlar.
São diversos diálogos que empolgam a plateia, pelo simples
fato de serem coesos e sem correntes, a personagem contesta tudo o que para
ela, logicamente é natural. Genial!
O filme é grandioso em vários sentidos, ele é para maiores
de dezoito anos, tem muitas cenas de sexo não explícito, tem violência física e
psicológica, e fala de liberdade a partir de um ponto de vista único.
“Pobres Criaturas” é um filme que você tem que assistir, porque
é certo, que você vai ficar pensando nele durante bastante tempo, vai querer
conversar sobre ele, e vai repensar algumas coisas também.
O longa é empolgante, satírico, estranho e muito bom de se
ver.
Além de ser um grande filme, cinematograficamente falando, é uma baita aula de história das regras impostas pela sociedade. Super recomendo!
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