Combinando o documental e a ficção, o
cineasta Thiago B. Mendonça lança um olhar carinhoso e lúdico à história do
cinema em UM
FILME DE CINEMA, que chega com exclusividade para
locação na plataforma EMBAÚBA PLAY,
que possui hoje um catálogo de aproximadamente 550 títulos, sendo 70% deles
disponibilizado gratuitamente. O
filme começou com o interesse de registrar um momento da vida das filhas
Bebel e Isa, de 7 e 3 anos respectivamente. “Queria fazer algo que tivesse relação com nossas
histórias, e que fosse ao mesmo tempo uma grande brincadeira ficcional. Bebel
e Isa nasceram no meio do cinema e do teatro - a mãe delas, Renata, é a
produtora do filme e também se dedica ao cinema”, explica o
diretor. Daí nasceu a ideia para o longa, que tem ao centro um cineasta,
interpretado por Rodrigo Scarpelli, que funciona como uma espécie de alterego
de Mendonça. A
filha mais velha do personagem resolve fazer, como trabalho na escola, um
filme com seus amigos. O pai está em crise criativa, e o processo desse
projeto acaba servindo como uma investigação da história do cinema, e,
também, uma maneira dele lembrar porque gosta tanto dessa arte. Mendonça
conta que o trabalho com as crianças foi bastante espontâneo. Houve uma
preparação para que ficassem à vontade na frente da câmera, mas fora isso,
deixava-as livres para improvisar. “Muitos
dos diálogos nasceram espontaneamente, como a entrevista que o pai faz com a
Bebel. A Bebel sempre foi uma criança diferente, muito certa de suas ideias e
firme nas suas posições. Ao final ela fazia o papel dela mesma.” Ele
conta que Bebel levou as filmagens muito a sério, e que a menor, Isa, viu
tudo como uma grande brincadeira, e se divertiu bastante. “Elas gostam muito do filme.
Assistem com diversão, mas também com saudade. Sabem o privilégio que tiveram
de ter esta memória particular de um momento rico da infância registrado para
sempre, junto a amigas, amigos e familiares.” Já
o cineasta, interpretado por Scarpelli, Mendonça conta que não é baseado
apenas nele mesmo. “Eu o
criei como um pastiche não só do que sou, mas de diretores que vivem crises
de identidade. Foi muito divertido pensar este personagem para o Rodrigo, um
ator muito querido, com quem eu trabalhei anteriormente no grupo teatral
Folias D’Arte. Nós temos um jeito parecido e também somos parecidos
fisicamente.” Uma
das preocupações do diretor nesse filme era o tornar também acessível para um
público infantil, uma vez que a infância é também um dos temas aqui, e, para
isso, assistiu a vários filmes para criança, especialmente para perceber como
as histórias são contadas para elas. “É
uma responsabilidade grande pensar conteúdo para crianças. Criar algo que
seja ao mesmo tempo divertido, educativo (sem didatismo) e que possibilite
uma reflexão autônoma. Tentamos construir um filme que busca um caminho de
liberdade, de inspirar a criatividade do público infantil. Essa era a vontade
que tínhamos e que temos, o nosso desafio.” A combinação entre o documental e o
ficcional também foi importante na construção de UM FILME DE CINEMA,
pois, segundo Mendonça, o modo como apresentamos o cinema para as crianças
tem algo de documentário, mas, ele ressalta, filme é também todo invenção, há
muito trabalho de interpretação das crianças, muita criação para chegarmos no
processo de filmagem. “O
documental está nas entrevistas das crianças, na forma como elas utilizam a
câmera, em muitas sugestões delas que foram acolhidas, no registro de um
momento especial da vida das meninas (trata-se de nossa casa, do quarto onde
elas dormiam, da escola da Isa e de crianças que em sua maioria estudavam com
elas ou moravam próximas). E também é um documento das relações de afeto que
transparecem na tela.” Nas
exibições em festivais, como na 20ª Mostra de Tiradentes, o diretor confessa
que estava apreensivo com a reação do público – especialmente o infantil –
mas a resposta na sessão foi a certeza de que o projeto atingia seus
objetivos. “Foi
emocionante, pois as crianças interagiam, riam bastante, e ficavam o tempo
todo concentradas na história. Tivemos muitas falas bonitas das crianças que
assistiram, e também de seus pais. Foi uma surpresa perceber que os pais
gostam muito do filme.” Exibido em diversos países, como Holanda,
Alemanha, Estados Unidos, Espanha, Coreia do Sul, Ucrânia e Portugal,
Mendonça confessa que a sessão mais tocante foi na Índia, onde foi premiado
em um festival que exibe os filmes para milhares de crianças em suas escolas.
“Para nós é muito bonito
ver crianças de todo o mundo acompanhando as aventuras da Bebel e Isadora. Me
ensinou de novo como o cinema pode nos aproximar de outros universos. Sempre
percebi isso como cinéfilo. E agora percebo com realizador. Fazer filmes para
crianças é uma responsabilidade muito grande e acho que conseguimos construir
um filme bonito, que se comunica com outros ‘mundos’, realidades distantes,
que o cinema tem o poder de tornar próximas.” |
Sinopse Ficha Técnica |
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