O Museu de Arte Moderna de São Paulo
promove em novembro e dezembro uma
mostra de filmes de artistas, com sessões gratuitas no Auditório
Lina Bo Bardi. O programa inicia em 18 de novembro (sábado), com a Mostra BLACK, que reúne
filmes de Aldo Tambellini (1930
- 2020), artista ítalo-americano, cujo trabalho foi pioneiro na experimentação
das novas tecnologias da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes
e também pintura, áudio, arte cinética e performance. A mostra de Tambellini no
MAM tem curadoria de Jane
de Almeida, professora da PUC São Paulo e curadora
independente, e traz em sua programação a série BLACK, inédita no Brasil, o filme-ensaio Listen e o registro da
performance The event of
the Screw.
Filmes BLACK
Realizada na década de 1960 em Nova York, a série de filmes BLACK era
acompanhada por performances e poemas do movimento Black Power. A obra, na época, era exibida no
Black Gate Theatre, fundado por Tambellini e o artista Otto Piene. “Era um
espaço único na cidade, onde se exibia uma programação de filmes experimentais
e independentes, além de performances e instalações multimídia ao vivo de
artistas como Nam June Paik e Yayoi Kusama. Nesse local, Tambellini
apresentava seus dispositivos artísticos, como o Black Spiral, uma modificação de TV que
distorcia as transmissões ao vivo”, explica Jane de Almeida.
A produção que abre a série, BLACK
IS, tem como trilha sonora o som de batimentos cardíacos e foi
realizada inteiramente sem câmera. O filme projeta formas abstratas e
iluminações sobre um fundo noturno. O preto como elemento metafísico e como fim
era um tema recorrente na obra de Tambellini. “Na obra de Tambellini, o preto é
um compósito sensual que reúne diferentes elementos como cor, matéria física,
raça, escopia, filosofia e ideologia”, comenta Jane de Almeida.
Aldo Tambellini nasceu nos Estados Unidos e sua família se mudou para Itália no
início de sua infância. Ali viveu até a Segunda Guerra Mundial, período em que
viu seus amigos e vizinhos serem bombardeados. Na vida adulta, ao retornar ao
solo americano, essas memórias aparecem em sua obra marcada pelo encontro
inesperado e obsessivo com o preto.
Filho de pai brasileiro, Aldo esteve no Brasil em 1981, para apresentar seu
trabalho Comunicatosfera na 17ª Bienal de São Paulo. Em uma jornada artística e
identificatória de nove meses na cidade, registrada em cartões postais, ele se
pergunta: How Brazilian can we
get? (quão brasileiro você pode se tornar?).
Além das produções gravadas na década de 1960, a seleção apresentada na mostra
de filmes do MAM inclui Listen
(2005), um filme-ensaio realizado por Tambellini em parceria com
Anthony Tencza. A produção foi premiada no New England Film Festival e no
Syracuse International Film Festival, ambas na categoria Melhor Filme
Experimental.
"O trabalho de Aldo Tambellini, pioneiro na arte eletrônica, se destaca
pelo experimentalismo e como referência sobre os desdobramentos recentes no
campo da arte contemporânea. O MAM é um museu experimental e, como Aldo
Tambellini, busca questionar seus próprios limites, sempre valorizando a
liberdade artística", conta o curador-chefe do MAM, Cauê Alves.
Sobre Aldo Tambellini
Aldo Tambellini (1930-2020) é um artista americano-italiano, reconhecido
internacionalmente por um trabalho pioneiro que explorou as novas tecnologias
da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes e também pintura,
áudio, arte cinética e performance. Nos últimos anos, Aldo Tambellini
teve seus trabalhos expostos em importantes centros como a Tate Modern
(2012 e 2020), MoMA (2013), ZKM (2020), Centre Georges Pompidou (2012) e a
Bienal de Veneza (2015). Este reconhecimento recente reflete suas obras pioneiras
no cenário artístico de Nova York durante 1950 e 1960, com peças dedicadas ao
ativismo político e preocupações filosóficas sobre a comunidade artística.
Sobre Jane de Almeida
Jane de Almeida é professora PUC-SP e foi Visiting Fellow no departamento
de História da Arte na Harvard University e professora convidada do Visual Arts
Department da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Foi artista em
residência do Arthur C. Clarke Center for Human Imagination.
É curadora independente de exposições como Ordenação e Vertigem: Bispo do
Rosário (Centro Cultural Banco do Brasil), Harun Farocki: Programando o Visível
no Paço das Artes e Ulla, Ulla, Ulla. Marcianos, intergalácticos e humanos
(Casanova), Off-the-radar (Visual Arts Gallery-UCSD), entre outras.
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil
de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil
obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea,
principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o
experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e
a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.
O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários,
palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas
artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os
públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e
videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material
audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de
museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o
edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de
exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os
visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos
com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de
Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abrigar obras
da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades
especiais.
Serviço
Mostra de filmes no MAM: BLACK, Aldo Tambellini
Curadoria: Jane de Almeida
Data: 18 de novembro de 2023
Local: Auditório Lina Bo Bardi no MAM
Programação:
- 14h30
- conversa com Jane de Almeida e Cauê Alves
- 15h30
- sessão Listen e The event of the screw
- 15h50
- série BLACK
Gratuito
Ingressos em mam.org.br/visite
Museu
de Arte Moderna de São Paulo
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Parque Ibirapuera, Portões 2 e 3
Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h. Gratuito aos domingos
Telefone: (11) 5085-1300
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