"Prata Palomares" (1970), escrito
pelo dramaturgo, "O Rei da Vela" (1982), dirigido por ele, e
"Fédro" (2021), no qual ele é documentado ao lado do ator Reynaldo
Gianecchini, são os títulos em exibição, sempre acompanhados de bate-papo com
especialistas de cinema e teatro
No
dia 6 de julho de 2023, morreu José
Celso Martinez Corrêa, dramaturgo, ator, escritor, agitador e
uma das figuras mais lendárias do cenário cultural brasileiro. Fundador do
Teatro Oficina, Zé Celso foi símbolo do tropicalismo e da antropofagia criativa
nacional. Tanto sua vida como também sua morte deixam marcas eternas. Por causa
dessa importância a 17a CineBH
– Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, que
acontece entre 26 de setembro e 1o de outubro, vai promover um
recorte especial dedicado a ele, dentro da seção Diálogos Históricos, com
a presença de críticos e pesquisadores convidados para comentarem cada filme.
Predominantemente
vinculado às artes cênicas, Zé Celso teve também importantes presenças no
cinema, forma de expressão que era uma de suas favoritas e com a qual também
muito se relacionava. Foram selecionados três longas-metragens que, de certa
forma, resumem a presença de Zé Celso nas telas. “Vários foram seus trabalhos
na área, então o recorte de três obras é apenas representativo dessas facetas
do Zé Celso que impregnaram as telas com sua presença vulcânica”, afirma Marcelo Miranda, curador
da mostra Diálogos Históricos junto com Cléber
Eduardo. “A trinca de filmes, se não esgota o tamanho de Zé
Celso nos palcos ou nos cinemas, expande no público a compreensão do gigantismo
desse artista e o quanto ele extravasava quaisquer dos espaços que ocupou”.
O
primeiro filme, no dia 27 (quarta-feira), é “Prata Palomares” (1970),
dirigido por André Faria e que teve roteiro de Zé Celso, marcando sua primeira
participação num projeto de cinema. O elenco ainda conta com atores do Teatro
Oficina e de toda a filosofia de performance que era importante ao grupo,
capitaneado pelo dramaturgo. No enredo, dois guerrilheiros em fuga se escondem
na igreja de uma pequena cidade. Um deles (Renato Borghi) se disfarça de padre
enquanto o outro (Carlos Gregório) prepara a rota de fuga. O primeiro aos
poucos adentra por demais o personagem e rompe com a guerrilha, acreditando que
a religião pode ser um ponto de salvação. A roda de conversa logo depois da
sessão será com o pesquisador de cinema Hernani Heffner e com o diretor André Faria.
No
dia 28 (quinta-feira), é a vez de “O
Rei da Vela”, único filme dirigido por Zé Celso, aqui em
parceria com Noilton Nunes. É um retorno à sua encenação mais famosa, mas nem
de longe um “teatro filmado”. O título tem por referência a famosa adaptação do
Teatro Oficina em 1967 da peça original de Oswald de Andrade de 1933. Na época,
o espetáculo foi censurado pela ditadura e somente voltou aos palcos em 1971,
quando Zé Celso passou a filmar algumas das apresentações no Teatro João
Caetano, no Rio de Janeiro. Esses registros audiovisuais se perderam por anos,
depois que o dramaturgo precisou se exilar fora do Brasil para escapar da
violência dos militares. Ao retornar ao Brasil no começo dos anos 1980, Zé
Celso decidiu fazer um filme a partir das imagens de “O Rei da Vela”, mas
reconfigurando tudo e inserindo outras reflexões, num verdadeiro épico
tropicalista de quase duas horas e meia. O bate-papo após a sessão será com a
crítica e pesquisadora de artes cênicas Soraya Belusi e com o diretor Noilton Nunes.
Por
fim, no dia 29 (sexta-feira), o documentário “Fédro” (2021), de
Marcelo Sebá, fecha a Diálogos Históricos mostrando o próprio Zé Celso na tela.
O filme reúne o dramaturgo a um de seus antigos pupilos, o ator Reynaldo
Gianecchini. Os dois não se encontravam há duas décadas, desde quando este
último se desligara do Oficina. Num apartamento, acompanhados apenas pela
pequena equipe de filmagem, Zé e Reynaldo falam sobre arte, vida, corpo, sexo,
gozo, política e outras intimidades. Desnudam-se, provocam-se, tocam-se, numa
comunhão de afetos ainda mais comovente diante do atual contexto da ausência
abrupta de Zé Celso. A roda de conversa em seguida será feita com a crítica e
pesquisadora em artes cênicas Júlia
Guimarães e com o diretor Marcelo Sebá.
SOBRE
A 17ª CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE
O
CINEMA BRASILEIRO EM CONEXÃO COM O MERCADO INTERNACIONAL E A CAPITAL MINEIRA
A CineBH - Mostra
Internacional de Cinema de Belo Horizonte, o evento de
cinema da capital mineira, chega a sua 17ª edição entre os dias 26 de setembro e 1º de outubro de
2023. O evento promove a conexão entre o cinema brasileiro
e o mercado internacional e se apresenta como instrumento de formação,
reflexão, exibição e difusão do audiovisual em diálogo com outros países.
A
CineBH prevê em sua programação a oferta de atividades oferecidas gratuitamente
ao público: exibições de filmes
nacionais e internacionais, pré-estreias e mostras retrospectivas,
programa de formação com a oferta de oficinas, workshops, laboratórios, masterclasses, debates e
painéis, promoção do fomento ao empreendedorismo,
dissemina a informação, produz e difunde conhecimento, cria oportunidades de
rede contatos e negócios, reúne a cadeia produtiva do audiovisual numa
programação abrangente e gratuita.
***
A 17ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e o 14º Brasil CineMundi integram o Cinema sem Fronteiras 2023 – programa internacional de audiovisual idealizado pela Universo Produção e que reúne também a Mostra de Cinema de Tiradentes (centrada na produção contemporânea, em janeiro) e a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto (que difunde o audiovisual como patrimônio e ferramenta de educação, em junho).
Participe
da Campanha
#EufaçoaMostra
Na Web: www.brasilcinemundi.com.br / www.cinebh.com.br / www.universoproducao.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário