O que o passado tem a nos dizer e alertar sobre o
presente? Como a história pode nos ensinar a não repetir os erros e horrores
das outras gerações? Perguntas como essas são instigadas pelo documentário UM POUCO DE MIM, UM POUCO DE NÓS,
de André Bushatsky, que chega aos cinemas nacionais em setembro, com produção
assinada pela Bushatsky Filmes. O longa começa com uma judia alemã que fugiu ao primeiro sinal de que algo de muito errado estava por vir. E segue para histórias de quem se escondeu na floresta, fugiu para outro país, debaixo do subsolo, em um cômodo. Encontramos aqueles que contaram com uma mão amiga, que arriscaram vida e fa
mília ajudando os perseguidos pelo regime
e os Partisans, guerrilheiros prontos para sabotar o exército alemão. Há os
que foram para o campo de concentração e tiveram a sorte de sobreviver, mas,
mesmo assim, tiveram que se reerguer em outro país, sem dinheiro, sem ajuda,
com outra língua e cultura. O filme conta com depoimentos dos jornalistas
Pedro Bial e Caio Blinder, do filósofo Mário Sérgio Cortella e da economista
e professora Claudia Costin. A partir dessa narrativa traçada por
depoimentos de sobreviventes que se radicaram no Brasil, o documentário
medita também sobre o nosso presente, seja na questão do surgimento de
líderes extremistas quanto na situação de refugiados e imigrantes na atualidade,
e sobre o mundo que queremos construir. “Falamos a respeito dos sobreviventes de
uma Europa dos anos 1930/40, cheia de autocratas e ditadores, ao mesmo tempo
que dialoga com repressões que assolaram o mundo nos anos seguintes e chega
até hoje, com o crescimento dos extremistas. Parece que não nos cansamos de
ver tragédia. Povos sendo dizimados, refugiados atravessando os mares numa
jangada”, explica o diretor. Colocando-se também em primeira pessoa no
documentário, Bushatsky se apresenta como investigador sobre as dinâmicas
pessoais e as questões políticas que levaram à ascensão do nazismo na
Alemanha do século XX e o extremismo contemporâneo, e, dessa forma, questiona
o passado para tentar iluminar o presente. “O filme nasceu da vontade de saber mais sobre
as minhas origens. Explorar os caminhos que me fizeram chegar aqui. Meus avós
maternos fugiram da Áustria. Minha avó Erika, morou em um gueto na China, meu
avô Erich fugiu por diversos países até que conseguiu vir para o Brasil. Meu
avô conseguiu o visto devido ao embaixador Luiz Martins de Souza Dantas.” Nas entrevistas, Bushatsky se deparou com
histórias fortes, aquelas que tanto vemos em filmes e livros sobre o
Holocausto, mas que estavam sendo contadas ali, na frente de sua câmera,
pelas pessoas que as vivenciaram. “Tinha emoção, lágrimas, mas todos fizeram
questão de contar, falar e passar para a frente a mensagem de que se
aconteceu uma vez, pode acontecer de novo e essa memória não pode ser
esquecida jamais”, relata o cineasta. Essa proximidade com as pessoas
entrevistadas surgiu por conta daquilo que o documentarista define como “um processo artesanal”.
“Reunia a equipe,
geralmente aos finais de semana, e fazíamos uma ou duas diárias de filmagem.
Visitávamos os personagens, com calma, dando tempo para a conversa acontecer
e a emoção falar. Aí passava um tempo, fazíamos mais uma entrevista até que
conseguimos todo material. No paralelo, começamos a montagem do filme. São
histórias muito fortes que precisam decantar antes de serem contadas.” Ele confessa que, por meio do filme,
confirmou “a tremenda e inigualável perseverança e resiliência dos
sobreviventes. A vontade de viver perante a tragédia. E que, sim, estavam
diante do horror.” Sinopse Ficha Técnica |
NOVO DOCUMENTÁRIO DE ANDRÉ BUSHATSKY ABORDA O HOLOCAUSTO PARA FALAR TAMBÉM DO PRESENTE
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