Leo Bello, diretor de “O Pequeno Pé Grande” e “Retratos
da Alma”, entre outros, estreia em direção solo de longas com O ESPAÇO INFINITO,
protagonizado por uma astrofísica internada numa clínica psiquiátrica, vivendo
uma jornada interior. Com produção da Machado Filmes, a obra chega aos cinemas
brasileiros em 10 de agosto, com distribuição da Pandora Filmes.
Nina (Gabrielle Lopes) é uma astrofísica que
está numa clínica após sofrer um surto psicótico. Sua maior luta é retornar à
sua realidade, e, nessa jornada, ela faz um mergulho em sua própria mente, em
busca de um caminho.
Bello, que também assina o roteiro, conta que
fez pesquisas em duas frentes: astrofísica e saúde mental para escrever o filme
e compor a personagem. “Além
de conversar com um professor da área, da UnB, que me mostrou o trabalho de um
astrofísico, além de me mostrar a disciplina na teoria e prática, fiz também
uma pesquisa sobre mulheres astrofísicas que me inspiraram para a estética, a
firmeza e paixão/obsessão do trabalho da Nina.”
Para desenvolver a psicologia da personagem,
o diretor partiu de leituras, encontros com profissionais da saúde mental para
entender a linguagem da psicologia/psiquiatria, como as terapias e os
diagnósticos. “Mas mais que
tudo foi fundamental visitar os espaços de convívio que acolhem as pessoas que
estão enfrentando problemas psíquicos e suas famílias. Retratar a Nina em crise
sem cair em estereótipos ligados à chamada “loucura”, foi um desafio a cada
momento, por isso me aproximei à temática desde diferentes pontos de vista.”
Ele também destaca que a entrega de Gabrielle
como a protagonista Nina foi fundamental para a criação dessa personagem tão
complexa. “O trabalho com
ela, foi entre outras coisas, um exercício de introspecção, de quebra dos
próprios paradigmas para entrar em um estado de quase êxtase, onde não esteja o
controle da razão no comando, mas sim a própria sobrevivência. Os instintos
primordiais tinham que vir à tona de forma natural e não grotesca, muitas cenas
que exigiram física e psicologicamente uma entrega completa da Gabrielle,
desafiando seus próprios limites, às vezes fundidos com a natureza.”
Bello explica que nessa aventura Nina abraça
o sofrimento psíquico como uma condição humana, considerando que em qualquer
momento, a vida possa parar e pedir que olhamos e cuidamos para a nossa saúde
mental, isso não como um ponto final, mas como uma experiência desafiadora.
“O
ESPAÇO INFINITO propõe um mergulho na história da
personagem, desdobrando o sofrimento, de onde veio, como veio. Não propõe uma
fórmula mágica para solucionar o sofrimento psíquico, mas uma trajetória, sem
ponto final, pois não é estamos enfrentando uma doença que precisa ser curada a
qualquer custo, e essa é uma das maiores dificuldades de entender as questões
da saúde mental. Ela não precisa ser curada, e sim compreendida e respeitada”,
diz o cineasta.
A temática entra no filme da porta da
protagonista, de onde vem se retratando uma mulher forte, independente,
obstinada e determinada a ser uma astrofísica. Não é óbvia a escolha do
protagonismo feminino nesse contexto, pois as mulheres na astronomia em geral
representam uma percentagem mínima se comparadas com os homens.
“No filme, a temática da astronomia é
entrelaçada entre várias vertentes: a temática cientifica em si, o simbolismo
dessa temática e a importância de representar o espaço feminino no ambiente da
academia e ainda mais das pesquisas relacionadas às ciências exatas. A alegoria
do Universo, vai além das leis físicas, traz um elo com o lado emocional e do
subconsciente da protagonista.”
Bello explica que o longa quer contar uma das
tantas jornadas de vida, refletindo sobre a natureza da vida, onde a “loucura”
é uma face, um processo de transformação, sem ponto final. “Creio que o filme pode se considerar
bastante atemporal se nos atentamos para presença do sofrimento psíquico na
humanidade e espero possa dialogar para uma contemporaneidade, em um olhar
otimista, com uma sociedade mais compreensiva e menos preconceituosa das
complexidades, vulnerabilidades do ser humano e aceitação da própria condição.”
Sinopse
Internada em uma clínica psiquiátrica, Nina
desencadeia o início de uma jornada em seu próprio inconsciente, uma busca para
encontrar um caminho para a realidade compartilhada.
Ficha Técnica
Direção e
Roteiro: Leo Bello
Elenco: Gabrielle
Lopes, Welligton Abreu, Luciana Domschke, Adriana Lody, Sergio Sartório,
Gaivota Naves, Gabriel Sabino, Isabela Ferrari e Anna-Maria Hefele
Produção: Alisson
Machado
Produção Executiva: Alisson
Machado e Ana Paula Rabelo
Direção de Fotografia e
Câmera: Pedro Maffei
Direção de Arte: Amanda
De Stefani
Direção de Produção: Larissa
Rolim
Montagem: Rafael
Lobo
Som Direto: Marcos
Manna
Desenho de Som: Olivia
Hernández
Músicas Originais: Sascha
Kratzer e Rafael Maklon
Ano:
2023
Duração:
78 minutos
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