Apesar de sua longa tradição na produção de
audiovisual, desde os anos de 1970, em Super-8, e posteriormente, em VHS, o
cinema do Acre era, basicamente, feito para consumo local. Até agora! NOITES ALIENÍGENAS
será o primeiro longa do estado a estrear em cinemas, mas, antes disso, terá
sua première nacional na Mostra Competitiva do Festival de Gramado, com
sessão no próximo domingo (14). Com produção da Saci Filmes, traz no elenco
traz Chico Diaz, Gabriel Knoxx, Adalino, Gleici Damasceno, entre outros. A
distribuição é da Vitrine Filmes. Dirigido por Sérgio de Carvalho, o filme
parte de seu livro homônimo, de 2011, e retrata o lado urbano da capital do
estado, Rio Branco, por meio de uma história de personagens cujas vidas são
marcadas pela mudança da rota do tráfico que começa a passar pela região. Com
roteiro assinado pelo cineasta, em parceria com Camilo Cavalcante e Rodolfo
Minari, o longa atualiza o romance. “Aquela
periferia de Rio Branco já era completamente diferente porque, nesse meio
tempo, chegaram as facções do Sudeste do Brasil. A realidade se transformou
completamente. O Acre hoje é muito mais violento. A gente começou a viver
situações que só nas cidades grandes que a gente vias no Rio e São Paulo. Não
tinha como transportar para um com um cenário contemporâneo e não trazer
também esse tema”, explica o cineasta. O diretor também destaca que sua ficção de
estreia aborda questões extremamente contemporâneas, especialmente aquelas
ligadas à Amazônia urbana, da qual se fala muito pouco, especialmente no
cinema. “O filme ele fala
de um Brasil bélico, de um Brasil que se arma, de um Brasil que cada vez mais
se torna violento e violência de todos, em todos os sentidos. A violência contra
a juventude. A violência contra indígenas.” Ao contar a história, em NOITES ALIENÍGENAS,
de um menino que se recusa a matar, Sérgio explora um Brasil em
transformação. “O filme,
de certa maneira, ele reflete esse momento que vivemos. E também trata das
questões de identidade, que o Brasil vive hoje, de reafirmação de suas
culturas originárias, de seus povos tradicionais. Fala também de uma
juventude que está aí nas periferias, sendo resistência a tanta coisa e
vítima de tanta coisa ao mesmo tempo.” Fazer a primeira sessão do filme no país em
Gramado é para Sérgio uma honra e uma responsabilidade em representar o
estado no Festival. Nascido no Rio, o cineasta está radicado no Acre há quase
20 anos. “É esse marco no
audiovisual do estado do Acre, e com a certeza, também, de que ele só está
acontecendo por conta de políticas públicas pensadas para descentralização do
audiovisual, que possibilitaram que o Norte, a Amazônia, produzisse cada vez
mais.” A oportunidade para se fazer NOITES ALIENÍGENAS
veio com o último edital para longa de Baixo Orçamento do extinto Ministério
da Cultura. “Nos últimos
anos a Amazônia nunca produziu tanto audiovisual como produz hoje. Eu acho
que o meu filme é fruto dessas políticas públicas e fruto desse movimento que
se intensificou graças às cotas pra região Norte. Há os editais com esse
olhar para a região Norte do Brasil. É uma pena que essas políticas públicas,
com esse olhar de descentralização, se enfraqueceu muito nos últimos quatro
anos e quase que interrompendo aí uma cadeia que vem que vinha se
consolidando.” NOITES ALIENÍGENAS será distribuído pela Vitrine Filmes. |
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