MARTE UM, de Gabriel Martins, terá sua primeira sessão no
Brasil no dia 17/08, na sessão da Mostra Competitiva do Festival de Gramado,
que começa às 18h. O filme teve sua estreia mundial no Festival de Sundance,
em janeiro passado, onde foi bem recebido pelo público. O longa chega aos
cinemas na semana seguinte, no dia 25 de agosto, com distribuição da Embaúba
Filmes. A produção é assinada pela Filmes de Plástico, e é coproduzido pelo
Canal Brasil. MARTE UM é o segundo longa do cineasta (o primeiro solo, sem a
parceria de Maurilio Martins, com quem fez “No coração do mundo”), e tem,
como um de seus temas centrais, a realização de um sonho infantil. O filme traz o cotidiano de uma família
periférica, nos últimos meses de 2018, pouco depois das eleições
presidenciais. O garoto Deivid (Cícero Lucas), o caçula da família Martins,
sonha em ser astrofísico, e participar de uma missão que em 2030 irá
colonizar o planeta vermelho. Morando na periferia de um grande centro
urbano, não há muitas chances para isso, mas mesmo assim, ele não desiste.
Passa horas assistindo vídeos e palestras sobre astronomia na internet. O pai, Wellington (Carlos Francisco, de
“Bacurau”, e da Companhia do Latão de teatro), é porteiro em um prédio de
elite, e há um bom tempo está sem beber, uma informação que compartilha com
orgulho em sessões do AA. Tércia (Rejane Faria, da série “Segunda Chamada”) é
a matriarca que, depois um incidente envolvendo uma pegadinha de televisão,
acredita que está sofrendo de uma maldição. Por fim, a filha mais velha é
Eunice (Camilla Damião), que pretende se mudar para um apartamento com sua
namorada (Ana Hilário), mas não tem coragem de contar aos pais. “O filme foi desenvolvido entre 2015 e
2018, um período de muitas mudanças abruptas nos campos social e político do
país. Vários movimentos nos fizeram confrontar com o que pensávamos sobe
raça, gênero, economia e muitos aspectos da sociedade. Produzimos o filme
graças a um fundo para diretores negros, e isso sempre me trouxe um senso de
responsabilidade muito grande, com honestidade e compreensão de que esse
filme pode ser uma forte representação de uma cultura da qual faço parte.” Produtor do filme, Thiago Macêdo Correia,
da Filmes de Plástico, lembra que Gabriel o procurou com a ideia para MARTE UM quando
o país ainda sob o comando de Dilma Rousseff, um período de prosperidade, e
incentivo e investimentos na cultura. “O
filme foi produzido graças a um fundo público de 2016 voltado para diretores
negros e narrativas de temática negra com o intuito de levar às telas
cineastas de grupos minoritários. Obviamente, esse fundo não existe mais.
Rodamos o longa em outubro de 2018, durante as eleições, o que acabou influenciando
também a narrativa. Não tínhamos ideia do que viria depois.” “Rodamos MARTE UM pouco
depois da eleição de 2018, que mudou tudo no Brasil. Embora se passe num
contexto político turbulento – sendo a eleição de Bolsonaro um ponto baixo
para nós –, esse não é um filme que tenta chega a um veredito sobre o estado
político do país. Por outro lado, é inevitável que o público o interprete
como um chamado para não nos deixarmos abater pelas agitações sociais que
estamos enfrentando.” Em sua estreia no Festival de Sundance, MARTE UM
recebeu diversas críticas elogiosas. “É
um filme sincero, e profundamente afetivo com seus personagens, [...] que
procuram encontram um chão em comum, e compartilhar a esperança”,
escreve Jessica Kiang, na Variety. “É
um filme vívido, com atuações brilhantes [...] aumentando o escopo de
representação da cultura preta brasileira”, comenta Jonathan
Romney, na ScreenDaily. MARTE UM é assinado pela produtora mineira Filmes de Plástico,
fundada por Gabriel, Thiago, André Novais Oliveira e Maurilio Martins, em
2009, e que tem em sua filmografia longas premiados como “Temporada”, “Ela
volta na quinta”, “No coração do mundo” e “Contagem”. Suas produções também
foram destaque em festivais com Cannes, Roterdã, Brasília e Tiradentes. MARTE UM será lançado no Brasil pela Embaúba Filmes. Sinopse Os Martins são sonhadores e otimistas, e levam tranquilamente às margens de uma grande cidade brasileira depois da decepção da eleição de um presidente de extrema-direita. Uma família negra de classe média baixa, eles sentem a tensão da nova realidade enquanto baixa a poeira política. Tércia, a mãe, reinterpreta seu mundo depois de um encontro inesperado que a deixa em dúvida se foi amaldiçoada. Seu marido, Wellington, coloca todas suas esperanças na carreira como jogador de futebol do filho caçula, Deivinho, que acompanha a ambição do pai com relutância, pois sonha em estudar astrofísica e colonizar Marte. Enquanto isso, a filha mais velha, Eunice, se apaixona por uma jovem de espírito livre, e se questiona se não está na hora de sair de casa. |
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