Crítica Filme "Pacificado" por Rita Vaz

Estreia nesta quinta-feira o excelente drama nacional “Pacificado” dirigido por Paxton Winters, que morou por oito anos no Morro dos Prazeres, onde o filme foi rodado. O primeiro documentário de Paxton, “Silk Road ala Turka”, foi feito enquanto viajava pela Rota da Seda. Seu filme de estreia, “Crude”, sobre dois mochileiros americanos e oportunistas que forjam o próprio sequestro, foi filmado na Turquia e venceu diversos prêmios internacionais.

E “Pacificado” está percorrendo as mesmas trilhas, pois, já ganhou a Concha de Oro, Concha de Prata e melhor fotografia no Festival de San Sebastián, ganhou melhor filme na 43ª. Mostra Internacional de SP, e outros 17 prêmios com sua carreira de Festivais.

“Pacificado” conta a história de Tati (Cássia Nascimento), uma menina introspectiva de treze anos que luta para se conectar com seu pai, Jaca (Bukassa Kabengele), que já foi comandante do tráfico, agora foi libertado da prisão, depois de quatorze anos, e é pressionado pela comunidade a retomar a liderança, no momento turbulento das Olimpíadas do Rio.

No meio dessa relação está Andréa (Débora Nascimento), dependente química, mãe de Tati, que tem uma relação difícil com ela; e Nelson (José Loreto) que tomou o lugar de Jaca, como líder do tráfico, e que não quer perder o trono com a volta dele.

Enquanto a polícia “pacificadora” batalha para ocupar as favelas ao redor do Rio, Tati e Jaca precisam navegar entre as forças que ameaçam suas esperanças para o futuro.

O diretor Paxton Winters fez um filme realista, que conta de forma direta e indireta (sem mostrar algumas coisas, só falando) a vida em um local dominado pelo tráfico. Em momento algum, a história se transforma em um conto de fadas, ela mostra sim, as dificuldades, a violência, as interações, os hábitos e costumes das pessoas que parecem viver, em outra dimensão, com regras próprias.

A história de Tati, não se limita somente à conexão que ela quer ter com seu pai, mas, também tem a ver, com sua identidade familiar, com suas relações de amizade, e com o que é certo e errado nas regras de conduta da favela.

O elenco está perfeito no filme, super entrosado e com uma energia que ultrapassa a telona. O ator Bussaka Kabengele é tão forte e enigmático com seu personagem, que emociona o espectador em vários momentos.

A atriz Cássia Nascimento que protagoniza o filme, em seu primeiro trabalho, é bastante real na história, e parece que vai crescer muito nesse campo.

E como não falar da fotografia do filme, que é belíssima, e traz momentos de poesia em meio ao caos.

“Pacificado” é um filme forte e bonito de se ver. Não é uma ode à violência, não é “mais um filme favela”. É um filme realista, que com certeza marcará a história do cinema nacional. Super recomendo.

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