Depois de sua estreia internacional muito bem sucedida no
Festival de Sundance, em janeiro, MARTE
UM, de Gabriel Martins, estreia no Brasil. O longa,
que já foi exibidor em 25 Festivais, foi selecionado para mostra competitiva do
Festival de Gramado, que acontece entre 12 e 20 de agosto, e depois chegará em
circuito nacional, com distribuição da Embaúba Filmes, no dia 25 de agosto. A
produção é assinada pela Filmes de Plástico, e é coproduzido pelo Canal Brasil.
"É uma alegria imensa participar de um
festival com uma longa história que já recebeu tantos filmes importantes. Esta
será a primeira exibição no Brasil e isso marca o início de um novo ciclo de
vários encontros que este filme nos proporcionou. Eu, elenco e equipe estamos
ansiosos para celebrar o filme e viver na sala de cinema as emoções que
criamos juntos.", diz o diretor Gabriel
Martins.
MARTE UM é o segundo longa do cineasta (o primeiro solo, sem a
parceria de Maurilio Martins, com quem fez “No coração do mundo”), e tem, como
um de seus temas centrais, a realização de um sonho infantil.
O filme traz o cotidiano de uma família
periférica, nos últimos meses de 2018, pouco depois das eleições presidenciais.
O garoto Deivid (Cícero Lucas), o caçula da família Martins, sonha em ser
astrofísico, e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar o planeta
vermelho. Morando na periferia de um grande centro urbano, não há muitas
chances para isso, mas mesmo assim, ele não desiste. Passa horas assistindo
vídeos e palestras sobre astronomia na internet.
O pai, Wellington (Carlos Francisco, de
“Bacurau”, e da Companhia do Latão de teatro), é porteiro em um prédio de
elite, e há um bom tempo está sem beber, uma informação que compartilha com
orgulho em sessões do AA. Tércia (Rejane Faria, da série “Segunda Chamada”) é a
matriarca que, depois um incidente envolvendo uma pegadinha de televisão,
acredita que está sofrendo de uma maldição. Por fim, a filha mais velha é
Eunice (Camilla Damião), que pretende se mudar para um apartamento com sua
namorada (Ana Hilário), mas não tem coragem de contar aos pais.
“O filme foi desenvolvido entre 2015 e 2018,
um período de muitas mudanças abruptas nos campos social e político do país.
Vários movimentos nos fizeram confrontar com o que pensávamos sobe raça,
gênero, economia e muitos aspectos da sociedade. Produzimos o filme graças a um
fundo para diretores negros, e isso sempre me trouxe um senso de
responsabilidade muito grande, com honestidade e compreensão de que esse filme
pode ser uma forte representação de uma cultura da qual faço parte.”
Produtor do filme, Thiago Macêdo Correia, da
Filmes de Plástico, lembra que Gabriel o procurou com a ideia para MARTE UM quando o país ainda
sob o comando de Dilma Rousseff, um período de prosperidade, e incentivo e
investimentos na cultura. “O
filme foi produzido graças a um fundo público de 2016 voltado para diretores
negros e narrativas de temática negra com o intuito de levar às telas cineastas
de grupos minoritários. Obviamente, esse fundo não existe mais. Rodamos o longa
em outubro de 2018, durante as eleições, o que acabou influenciando também a
narrativa. Não tínhamos ideia do que viria depois.”
“Rodamos MARTE UM pouco depois da eleição de 2018, que mudou tudo no
Brasil. Embora se passe num contexto político turbulento – sendo a eleição de
Bolsonaro um ponto baixo para nós –, esse não é um filme que tenta chega a um
veredito sobre o estado político do país. Por outro lado, é inevitável que o
público o interprete como um chamado para não nos deixarmos abater pelas
agitações sociais que estamos enfrentando.”
Em sua estreia no Festival de Sundance, MARTE UM
recebeu diversas críticas elogiosas. “É
um filme sincero, e profundamente afetivo com seus personagens, [...] que
procuram encontram um chão em comum, e compartilhar a esperança”,
escreve Jessica Kiang, na Variety. “É
um filme vívido, com atuações brilhantes [...] aumentando o escopo de
representação da cultura preta brasileira”, comenta Jonathan
Romney, na ScreenDaily.
MARTE UM é assinado pela produtora mineira Filmes de Plástico,
fundada por Gabriel, Thiago, André Novais Oliveira e Maurilio Martins, em 2009,
e que tem em sua filmografia longas premiados como “Temporada”, “Ela volta na
quinta”, “No coração do mundo” e “Contagem”. Suas produções também foram
destaque em festivais com Cannes, Roterdã, Brasília e Tiradentes.
Sinopse
Os Martins são sonhadores e otimistas, e
levam tranquilamente às margens de uma grande cidade brasileira depois da
decepção da eleição de um presidente de extrema-direita. Uma família negra de
classe média baixa, eles sentem a tensão da nova realidade enquanto baixa a
poeira política. Tércia, a mãe, reinterpreta seu mundo depois de um encontro
inesperado que a deixa em dúvida se foi amaldiçoada. Seu marido, Wellingon,
coloca todas suas esperanças na carreira como jogador de futebol do filho
caçula, Deivinho, que acompanha a ambição do pai com relutância, pois sonha em
estudar astrofísica e colonizar Marte. Enquanto isso, a filha mais velha,
Eunice, se apaixona por uma jovem de espírito livre, e se questiona se não está
na hora de sair de casa.
Ficha
Técnica
Direção: Gabriel Martins
Roteiro: Gabriel Martins
Elenco: Rejane Faria, Carlos Francisco, Camilla Damião, Cícero Lucas, Ana Hilário, Russo APR, Dircinha Macedo, Tokinho e Juan Pablo Sorrin
Música: Daniel Simitan
Gênero: drama
País: Brasil
Ano: 2022
Duração: 114 min.
Nenhum comentário:
Postar um comentário