Vida e obra da artista Alzira E são o foco do
documentário AQUILO
QUE EU NUNCA PERDI, dirigido por Marina Thomé, e
vencedor do Festival IN-EDIT Brasil de 2021. Selecionado pelo Rumos Itaú
Cultural, o longa chega aos cinemas no dia do aniversário de Alzira, em 08 de
setembro, com produção do Estúdio CRUA e distribuição da Descoloniza Filmes.
Completando 45 anos de carreira, Alzira E é
referência na cena musical independente de São Paulo. A cantora, compositora e
instrumentista sul-matogrossense atravessa e transfigura gerações na música
contemporânea brasileira. O filme reúne memórias, imagens e arte e contempla,
por meio do cinema, a trajetória de experimentação musical de Alzira com
parceiros como Ney Matogrosso, Arrigo Barnabé, Almir Sater, Alice Ruiz e Itamar
Assumpção.
Essa cinebiografia musical, que entrecorta
fotos, jornais, materiais de arquivo, shows e sequências íntimas e
bem-humoradas de Alzira, também conta com lembranças de seus parceiros sobre o
processo de composição e canções inéditas das décadas de 1970 e 1980,
encontradas em gravações caseiras, em arranjos feitos exclusivamente para o
filme. A montagem rítmica, que transita por contrastes e afetos, permite que
sua trajetória seja redescoberta ao mesmo tempo em que leva a artista a um novo
público.
Há mais de 15 anos, a cineasta e artista
visual Marina Thomé acompanha Alzira E de perto. “Comecei a fotografar seus shows, fomos ficando mais
próximas com o passar dos anos, e fui conhecendo também sua família. Hoje em
dia é uma grande amiga e parceira de trabalho, sempre presente”,
conta.
Marina conta que queria produzir um filme que
contemplasse as várias facetas dessa mulher fascinante e inspiradora, que podem
ser vistas pelos olhos do público até mesmo no ato de mudar seu nome artístico
de Alzira Espíndola para Alzira E. A diretora costuma dizer que tem com Alzira
“uma relação cinematográfica”. Além de fotografar seus shows, criou
vídeo-cenários, videoclipes, capas e fotografias da CORTE, a nova banda de rock
liderada por Alzira.
A partir da relação construída com a
protagonista, a diretora teve acesso a um vasto acervo de fitas MDs, VHSs e
K7s, entre vídeos e músicas, que foi digitalizado especialmente para esse
documentário. AQUILO
QUE EU NUNCA PERDI traz também gravações e
entrevistas inéditas que tecem a narrativa do filme, dando conta das
importantes transformações ao longo da carreira da artista, assim como suas
parcerias com figuras como Anelis Assumpção, Tiganá Santana, Benjamim Taubkin,
Renato Teixeira, Luli e Lucina.
Para Alzira E, profissão e família andam
juntas, por isso o documentário retrata também a relação com sua família de
artistas, como os irmãos Geraldo, Celito, Humberto, Jerry e Tetê Espíndola,
além de suas filhas Iara Rennó e Luz Marina, que são cantoras e compositoras
como ela.
Para AQUILO
QUE EU NUNCA PERDI, produzido por Marcia Mansur,
Marina contou com o trabalho de outros três pesquisadores, o que lhe ajudou a
trazer ainda mais profundidade de informações para o filme. “Um especializado em mídias mais
tradicionais, como TVs, rádios, e jornais de alcance nacional, outro apenas
focado no Mato Grosso do Sul, que encontrou coisas maravilhosas da família
Espíndola. Além disso, uma terceira pesquisadora fez um trabalho bonito em SP,
coletando arquivos biográficos com muitos amigos e parceiros de Alzira.”
O processo de montagem durou 6 meses e contou
com roteiro feito com Dellani Lima. “O
roteiro gerou 4h de filme na primeira montagem. O processo todo durou
aproximadamente 6 meses e tive a consultoria de Idê Lacreta e Renato Vallone,
que foram essenciais para o processo.”
O filme teve sua estreia mundial no BAFICI -
Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente, na Argentina,
seguindo para vários festivais nacionais e internacionais, como o brasileiro
In-Edit – Festival Internacional do Documentário Musical, no qual levou o
prêmio de Melhor Filme, a CineOP – Mostra de Ouro Preto, e também os
estrangeiros WOMEX - The World Music Expo, em Portugal, e o Festival
Internacional de Cinema de Cracóvia, na Polônia. No prêmio ABC 2022, promovido
pela Associação Brasileira de Cinematografia, AQUILO QUE EU NUNCA PERDI foi
indicado em duas categorias: Melhor Montagem (Marina Thomé) e Melhor Equipe de
Som Longa-Metragem Documental (Victor Jaramillo, Ricardo Zollner, Simone Alves
e Ariel Henrique).
“Quanta
emoção é Alzira no documentário AQUILO QUE EU NUNCA PERDI. Um ganho para nossa alma”,
escreveu Marcelino Freire, na Folha de S. Paulo. “Com inegável vigor, o filme faz um acerto de contas e
exibe a artista em um esplendor milagroso”, escreveu David Obarrio,
do BAFICI.
Sinopse
Nascida no Mato Grosso do Sul, Alzira E
começou a compor com seus irmãos, Geraldo e Tetê Espíndola. Nos anos 80,
emigrou para São Paulo onde construiu uma sólida carreira como instrumentista e
compositora com parceiros como Itamar Assumpção e Ney Matogrosso. Aos 65 anos,
Alzira E lidera uma banda de rock.
Ficha Técnica
Direção, Fotografia e Montagem: Marina Thomé
Produção: Marcia Mansur
Roteiro: Dellani Lima
Produção executiva e direção de produção: Marcia Mansur
Pesquisa de Imagem: Naiara Magalhães, Vitor Santi, Rodolfo Ikeda
Produção: Estúdio Crua
Distribuição: Descoloniza Filmes
Ano:
2021
Duração: 86 min.
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