Imagem de "Caminhar
sobre a Água" (2021), de Aïssa Maiga, produção França-Níger - crédito:
Orange Studio
De 7 a 13 de julho de 2022, Curitiba
recebe a edição presencial da Mostra de Cinemas Africanos 2022. Serão
exibidas produções da África do Sul, Angola, Burkina Faso, Camarões, Chade,
Egito, Guiné-Bissau, Níger, Nigéria, Quênia, Ruanda, Senegal e Tunísia. A
programação na capital paranaense é gratuita e divide-se entre o Cine
Passeio e a Cinemateca de Curitiba, com oito longas e mais de 20
curtas, tendo como destaque a produção feminina, a presença de cineastas
africanos e filmes inéditos no Brasil. O evento também acontece simultaneamente
em São Paulo (SP), de 6 a 20 de julho. A mostra traz ainda curtas online
para todo o Brasil na plataforma Sesc Digital. Informações no site mostradecinemasafricanos.com.
O título de abertura é "Afrique,
je te plumerai", dirigido por um dos maiores documentaristas do
continente, Jean-Marie Teno. O filme, que completa 30 anos em 2022,
examina a repressão política em Camarões. O cineasta estará na sessão para
conversar com a plateia. Outro destaque da programação é o thriller
sul-africano "Boa Senhora", de Jenna Bass. Comentário
sobre as relações raciais na África do Sul pós-apartheid, teve sua
estreia premiada no Festival de Toronto. Em parceria com o Cineclube
Atalante, Jenna e Babalwa Baartman, co-roteirista e produtora
do filme, participam de debate no sábado (9), na Cinemateca.
O documentário "Caminhar
sobre a Água" marca a estreia na direção da franco-senegalesa Aïssa
Maiga. Nome de destaque no cinema francês, Aïssa acumula uma extensa
carreira como atriz, roteirista e ativista. No filme, a cineasta registra os
efeitos das mudanças climáticas e da globalização em uma aldeia do Níger.
Fazendo sua estreia mundial na Mostra de Cinemas Africanos, "Otiti",
de Ema Edosio, segue a história de uma costureira que assume a
responsabilidade de cuidar do pai doente que a abandonou quando criança. Aïssa
vem ao festival com apoio da Embaixada da França no Brasil e Ema também estará
presente na programação através do apoio do Goethe-Institut.
Outro destaque é "Nós",
de Alice Diop, documentário que foca em seis mulheres que transitam em
uma ferrovia que cruza Paris, incluindo a própria cineasta. Do Quênia, a
comédia "Contos da Cidade Acidental", de Maimouna Jallow,
mostra um eclético grupo que se reúne online para uma aula de controle de
raiva. Ambientado na periferia da capital do Chade, o drama "Lingui",
de Mahamat-Saleh Haroun, acompanha a busca de uma mãe e sua filha de 15
anos condenadas pela religião e pela lei por buscarem uma clínica de aborto
para a adolescente. Os co-diretores Saul Williams e Anisia Uzeyman fazem sua estreia no cinema com o musical futurista
e libertário "Geada de Netuno" de Ruanda.
"A Mostra de Cinemas
Africanos volta às salas de cinema em grande estilo para celebrar o maior
festival de cinema africano do Brasil", destaca a produtora cultural Ana
Camila Esteves, que divide a curadoria dos longas com Beatriz Leal
Riesco. "A programação amplia seu alcance geográfico a partir de nossa
sede em São Paulo para Curitiba, ocupa novos espaços e reúne convidados
internacionais", complementa.
A mostra em Curitiba também
inclui três programas de curtas: uma seleção de títulos recentes de vários
países feita por Kariny Martins e Bea Gerolin da Cartografia
Filmes; uma sessão de filmes angolanos produzidos durante os dois últimos
anos de pandemia com curadoria da produtora audiovisual Geração 80; e um
apanhado de curtas produzidos por jovens cineastas a partir de uma formação em
documentário orientada pelo camaronês Jean-Marie Teno.
O evento também promove na
capital paranaense a oficina Eu, Você, Nós: Contando histórias através de
nossos corpos, alma e voz, ministrada por Maimouna Jallow. A oficina
gratuita acontece de 8 a 10 de julho. Serão oferecidas 15 bolsas para
residentes no interior e litoral do Paraná, com vagas preferenciais para
pessoas negras e indígenas. No sábado (9), será realizada a mesa Reflexões
sobre a representação da mulher negra no audiovisual, com a Aïssa Maiga.
No domingo é a vez de um encontro com todos os convidados, Aïssa Maiga, Jenna
Bass, Babalwa Baartman, Ema Edosio e Maimouna Jallow
com o tema Produção Independente no contexto Africano.
"Há tempos tínhamos
esse desejo de trazer a Mostra de Cinemas Africanos para Curitiba e a
reflexão promovida por este cinema pouco visto e discutido aqui", aponta Andrei
Carvalho, sócio-fundador da Cartografia Filmes. "Especialmente
no recorte que a gente trabalha, como realizadores e público negro. É muito
importante se ver reconhecido e ver novas representações de cineastas
africanos, num lugar de autoestima e inspiração", conclui.
A edição curitibana da Mostra
de Cinemas Africanos 2022 é uma realização da Cartografia Filmes e Ana
Camila Comunicação e Cultura, com apoio da Aliança Francesa - Curitiba,
Cine Passeio - Icac, Cineclube Atalante, Cinemateca de
Curitiba, Mubi, Goethe Institut e Embaixada França -
Institut Français e conta com incentivo do Ebanx. Projeto realizado com
recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura - Fundação
Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Mostra de Cinemas Africanos 2022
Programação Completa: mostradecinemasafricanos.com
Programação Curitiba (PR), de 7 a 13 de julho:
Ingresso: Gratuito
Cine Passeio (R. Riachuelo, 410);
Cinemateca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174).
Sesc Digital (curtas online): sesc.digital
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