Arte Moderna, com a mostra intitulada
"Reflexos do Modernismo", trazendo nove filmes antológicos,
produzidos entre 1931 e 1954, todos tendo em comum a flexibilidade e não
ortodoxismo do cinema que era feito nesta época. A maravilhosa seleção reúne os
diretores Mario Peixoto, com o clássico absoluto "Limite" (1931); o
também brasileiro Alberto Cavalcanti com os raros "Na Solidão da
Noite" (1945), "As Vidas e Aventuras de Nicolas Nickleby"
(1947), "Simão, o Caolho" (1952), "O Canto do Mar" (1953) e
"Mulher de Verdade" (1954); e o francês Jean Vigo, representado pelas
joias "Zero de Conduta" (1933), "O Atalante" (1934) e o
curta "A Propósito de Nice" (1930).
Os diretores:
– Vindo de uma família abastada, o jovem
futuro cineasta Mario Peixoto (1908–1992) foi estudar na Inglaterra, e, ao
retornar para o Brasil, trazendo rica bagagem cultural dos filmes que viu na
Europa, ele se empolgou com a ideia de dar uma nova cara ao cinema brasileiro,
com uma linguagem mais artística, moderna e original. Foi assim que, com apenas
21 anos de idade, ele realizou "Limite", seu primeiro e único filme,
obra-prima e tesouro do cinema brasileiro, uma referência para diretores e estudiosos
de dentro e fora do Brasil.
– Antes de estrear como diretor, o
carioca Alberto Cavalcanti (1897–1982) projetou cenários para cineastas
experimentais franceses na década de 20, realizando seu primeiro filme em 1925.
Ao se mudar para a Inglaterra, em 1934, ele realizou pelo menos dois grandes
filmes: "Na Solidão da Noite", longa coletivo de terror, dividido em
quatro episódios, obra considerada por muitos como uma uma das melhores
antologias de horror já feitas; e também "As Vidas e Aventuras de Nicholas
Nickleby", uma elegante adaptação de obra literária de Charles Dickens. No
Brasil, ele dirigiu clássicos como "Simão, o Caolho", "O Canto
do Mar" e "Mulher de verdade". Embora rejeitado em seu próprio
país pelos fundadores do Cinema Novo, que o consideravam "um estrangeiro",
Alberto Cavalcanti é considerado nome fundamental no cinema europeu,
principalmente pela sua fervorosa participação na vanguarda francesa da década
de 20.
– Jean Vigo (1905–1934), que morreu muito
jovem, com apenas 29 anos, realizou apenas quatro filmes, e o curta-metragem
"A Propósito de Nice" marca sua estreia como diretor. Com a
obra-prima "Zero de Conduta", uma representação subversiva de um
internato autoritário, saído diretamente das memórias dele próprio, Vigo teve o
filme imediatamente censurado devido ao seu "espírito anti-francês".
Apesar disso, no ano seguinte, ele filmou "O Atalante", seu único
longa, mas o cineasta morreu logo depois, e a enorme importância de seu
trabalho não seria reconhecida antes de 1945, quando passou a ser admirado pelo
inovador realismo poético de suas obras.
Semana de 22:
A Semana de Arte Moderna, também conhecida
como Semana de 22, ocorreu em São Paulo, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de
1922, no Teatro Municipal da cidade. O evento representou uma renovação sem
precedentes na linguagem artística brasileira, um grande salto da vanguarda
para o modernismo. Entre os seus participantes estavam nomes como Mário de
Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti,
Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos,
Tácito de Almeida, Di Cavalcanti, Agenor Fernandes Barbosa, entre outros.
Embora na ocasião a pintora Tarsila do Amaral tenha sido considerada um dos
grandes pilares do modernismo brasileiro, ela não pôde participar do evento
porque se encontrava em Paris.
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