“Em 2002, participei da competição do
Festival de Gramado com meu primeiro longa-metragem A Cobra Fumou. Que alegria
voltar agora com o Homem Onça, quase vinte anos depois. A cobra e a
onça.... Eu solto os meus bichos na Serra Gaúcha, e é de lá que eles partem
para o encontro com o público brasileiro. E eu torço muito para que esse
encontro seja belo”, comemora o diretor.
Reis conta que a inspiração para o roteiro do
longa veio de sua própria família: “meu
pai era gerente numa das maiores mineradoras do mundo, a Vale do Rio Doce. E em
1996, a empresa passou por uma reestruturação radical, que culminaria na sua
privatização no ano seguinte. Depois de duas décadas trabalhando para essa
companhia, meu pai não podia ser demitido e foi forçado a se aposentar. Antes
disso, foi obrigado a demitir sua equipe... tudo isso teve o efeito de um
tsunami em sua vida.”
No filme, Pedro tem uma vida estável de
classe média com sua mulher Sônia, interpretada por Silvia Buarque, que procura
um emprego, e a filha adolescente, Rosa (Valentina Herszage). Pedro trabalha
numa das maiores estatais do país, a fictícia Gás do Brasil. Tudo parece
caminhar muito bem, um projeto de sustentabilidade desenvolvido por ele ganha
um prêmio internacional, o que parece garantir o emprego de sua equipe, apesar
da crise que a empresa começa a enfrentar. Seu corpo parece reagir a isso e
manchas estranhas aparecem em sua mão.
Porém, mesmo o sucesso do trabalho de seu
time não garante a segurança do emprego de todos e Pedro é forçado a tomar
atitudes drásticas. HOMEM
ONÇA acompanha esse processo através de duas
linhas narrativas que se entrecortam e convergem: Num futuro não longínquo, o
protagonista não vive mais no Rio de Janeiro, mas em uma pequena cidade, com
uma nova companheira, Lola (Bianca Byington).
O roteiro, assinado por Reis, em colaboração
com Flavia Castro e Fellipe Barbosa, examina como o longo processo de
privatização de estatais, no final dos anos de 1990, ressoa na vida dos
empregados daquelas empresas. A perda da estabilidade e segurança emocional e
econômica de Pedro é um reflexo da situação do Brasil. Assim, ao falar do
passado, HOMEM
ONÇA é um filme que também medita sobre o
presente do país, sempre ameaçado de passar por uma nova onda de privatizações.
“Com
o filme, continuo a explorar meu interesse em contar histórias sobre as
ambições e medos da classe média urbana brasileira. No meu primeiro longa de
ficção, Praça Saens Peña, de 2009, a questão da posse de um imóvel e o desejo
por uma carreira profissional eram centrais para os personagens. Em HOMEM ONÇA, a importância do trabalho como
identidade do ser humano é o que move os personagens”, explica o
diretor.
HOMEN ONÇA foi rodado no Rio de Janeiro, Petrópolis e
Teresópolis, entre dezembro de 2017, e janeiro de 2018, e teve sua estreia
mundial em fevereiro passado, no 5o Arthouse Asia Film Festival. O longa
ainda inclui em seu elencoGuti Fraga, Dani Ornellas, Tom Karabachian e Alamo
Facó. O filme é produzido pela Tacacá Filmes, em coprodução com Blackforest
Films (Alemanha), Parox SA (Chile), Canal Brasil e Globo Filmes.
Sinopse
Rio de Janeiro, segunda metade dos anos 1990,
“era das privatizações”. Pedro trabalha em uma grande empresa estatal que em
breve será privatizada. Pressionado por um cruel processo de reestruturação,
Pedro tem que demitir sua equipe e antecipar a sua aposentadoria, contra a
vontade. Aposentado e com uma doença na pele, ele decide se separar da família
e se mudar para Barbosa, sua pequena cidade natal, no interior distante. Lá,
ele descobre que a onça pintada que habitava a floresta ao redor de Barbosa, no
tempo da sua infância, está mais viva do que nunca.
Ficha Técnica
Direção: Vinícius Reis
Roteiro: Vinícius Reis, com colaboração de Flavia Castro e Fellipe Barbosa
Elenco: Chico Diaz, Silvia Buarque, Bianca Byington, Emílio de Mello, Valentina Herszage, Tom Karabachian, Alamo Facó, Dani Ornellas, Guti Fraga
Gênero:
drama
País:
Brasil, Alemanha, Chile
Produção: Tacacá Filmes
Ano: 2021
Duração: 90 min.
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