“Filmei o romance entre dois
garotos de uma maneira bem clássica, sem ironia, para fazer desta uma
história universal”. É como o cineasta e roteirista François Ozon
(“Graças a Deus”, “O Amante Duplo”) explica seu novo trabalho, VERÃO DE 85,
que chega aos cinemas brasileiros em 3 de junho. O longa fez parte da seleção
do Festival de Cannes de 2020, que, embora não ocorrendo, divulgou os filmes
que estariam em sua seleção. Além disso, concorreu em 12 categorias no César
de 2021 – entre elas, melhor filme e diretor. O longa é baseado num romance juvenil do escritor inglês Aidan
Chambers, que Ozon leu nos anos de 1980, e pelo qual se apaixonou na época. “Não pensava nisso até agora,
porque a verdade é, mais do que qualquer outra coisa, eu queria ver esse
filme como cinéfilo. Eu tinha certeza de que alguém faria a adaptação – um
diretor americano! Mas, para minha surpresa, isso nunca aconteceu”.
O diretor ressalta que vários temas do romance já aparecem em
seus filmes, e, para ele, era como se o livro estivesse perdido em algum
lugar de sua imaginação. VERÃO
DE 85 traz a história de Alex (Félix Lefebvre, de
“O professor substituto”), de 16 anos, que passa as férias na Normandia, e
acaba salvo por David (Benjamin Voisin, de “O Príncipe Feliz”), de 18 anos, e
que se torna uma espécie de o amigo com quem sempre sonhou. Ozon conta que fez a escalação dos dois atores antes mesmo de terminar
o roteiro. “Eu disse
para mim mesmo que se não encontrasse a dupla perfeita para os papéis, eu não
faria o filme.” Assim que Lefebvre fez o teste, sabia que ele era
seu Alex, mas aí era preciso achar o ator para David. “O contraste entre os dois era
bastante importante. David tinha que dominar Alex fisicamente, e estar
confortável consigo mesmo.” Ambos foram indicados ao César, na
categoria Revelação Masculina. O filme ainda inclui, em papéis coadjuvantes,
Valeria Bruni Tedeschi e Melvil Poupaud, dois intérpretes recorrentes em
trabalhos do diretor. Para contar essa história de amor que não faz julgamentos, Ozon
quis, mais do que recriar os anos de 1890, trazer a atmosfera do período, e,
para isso, resolveu filmar em película, ao invés do digital que comum
atualmente. “Quando se
faz um filme de época isso é necessário. Eu já havia feito ‘Franz’ dessa
maneira. Foi emocionante voltar ao Super 16. Há uma sutileza nas cores, que
não se consegue com o digital.” A Hollywood Reporter, na sua crítica, categorizou VERÃO DE 85 como um retorno
de Ozon aos seus primeiros filmes. “A adaptação parece fechar um ciclo no
cinema do diretor, e também para o público que acompanha desde sua estreia no
final dos anos de 1990.” O jornal Le Parisien definiu-o como “um filme
magnífico sobre o primeiro amor”, e Les Inrockuptibles, como “um dos melhores
filmes do cineasta, com potência no texto, e uma fotografia feita com o
coração”. VERÃO DE 85 será lançado no Brasil pela
Califórnia Filmes. |
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