Festival de cinema insurgente, o Cinecipó, chega na metade de sua programação

 


A 9ª edição do Cinecipó, festival do filme insurgente idealizado Cardes Monção Amâncio e Daniela Pimentel de Souza, chega na metade de sua programação. Dividido em quatro mostras, os filmes foram separados por eixos: “Derivas”, filmes que trazem algum aspecto de performance; “Retomadas”, produções que se apropriam de arquivos ou reconstroem uma narrativa por meio de outras histórias/imagens; “Vigílias”, que partem do cinema mais realista que enfrenta alguma questão; e “Sonhos”, narrativas que são subvertidas de alguma forma.

 

O evento, pela primeira vez virtual, tem como objetivo fazer o público refletir e consumir as produções audiovisuais nacionais realizadas por indígenas, negros, LGBTQIA+ e brancos dissidentes aliados nas lutas. Também está disponível até dia 28 de dezembro a programação focada no público infantil, que aborda os mesmos temas. Entre curtas e longas, mais de 60 produções são exibidas gratuitamente no site www.cinecipo.com.br.

 

Patrocínio MGS

Apoio Embaúba

Projeto 9ºCinecipó, nº 0907/2018, aprovado no Edital  IF 2018-2019 oriundo da Política de Fomento à Cultura Municipal (Lei nº 11.010/2016).


Programa 4 - 21 a 28 de dezembro  

 

É rocha e rio, Negro Leo

Dir. Paula Gaitán

Documentário | 156min | 2020 | Brasil

Sinopse: Encontro com o músico, compositor, sociólogo, poeta e performer Negro Leo.

 

ZAWXIPERKWER KA?A – Guardiões da Floresta

Dir. Jocy Guajajara, Milson Guajajara

Documentário | 51? | 2019 | Brasil

Sinopse: Nos limites do "complexo verde" formado pelas terras indígenas Caru, Awá, Alto Rio Guamá e Alto Turiaçu dos índios Guajajara e Awá-Guajá, que em um ano tiveram seis lideranças assassinadas, os Guardiões da Floresta lutam para proteger seu território, a última área de floresta contínua no estado do Maranhão. Em "Guardiões da Floresta" mergulhamos na tensão destes enfrentamentos na reserva do Caru.

 

Diga Meu Nome

Dir. Juliana Chagas Gouveia

Documentário | 78? | 2020 | Brasil

Sinopse: "Diga Meu Nome" é um documentário que conta a história de duas mulheres trans brasileiras na luta pelo direito a ter o nome e o gênero com o qual se identificam em todos os documentos oficiais e que buscam respeito de suas famílias e da sociedade. Selem, 45 anos, é uma travesti; Diana, 22, mulher transexual.

 

A Morte Branca do Feiticeiro Negro

Dir. Rodrigo Ribeiro

Documentário | 10?20?? | Brasil | 2020

Sinopse: Memórias do passado escravista brasileiro transbordam em paisagens etéreas e ruídos angustiantes. Através de um ensaio poético visual, uma reflexão sobre silenciamento e invisibilização do povo preto em diáspora, numa jornada íntima e sensorial. Imagens da permanência, em um grito que atravessa séculos.

 

Nakua pewerewerekae jawabelia / Hasta el fin del mundo / Até o fim do mundo

Dir. Margarita Rodriguez Weweli-Lukana & Juma Gitirana Tapuya Marruá  

Experimental | 15? | 2019 | Colômbia/Brasil

Sinopse: Vídeo experimental, realizado inteiramente com câmera de celular, parte do projeto UNID@S CONTRA A COLONIZAÇÃO: MUITOS OLHOS, UM SÓ CORAÇÃO, que mescla as linguagens do documentário e da performance, além de três idiomas: sikuani, espanhol e português. Realizado a partir do encontro de diferenças entre a cabilda gobernadora do Resguardo Indígena Sikuani El Merey-La Veradicta Margarita Rodriguez Weweli-Lukana e a indígena urbana, em processo de retomada cultural, Juma Gitirana Tapuya Marruá, oriundas das regiões que passaram, depois da Conquista, a se chamar, respectivamente, Colômbia e Brasil. Este vídeo foi uma tentativa ritual de sanação das dores coloniais, dessas feridas abertas que nos doem a todos, human@s e não-human@s, naturezas de Abya Yala. Livre.

 

As canções de amor de uma bixa velha

Dir. André Sandino Costa 

Documentário | 22?30?? | 2020 | Brasil

Sinopse: Uma conversa sobre o tempo. A partir do espetáculo homônimo de Marcio Januário o filme aborda o envelhecimento do homem negro, gay na periferia. Livre.

 

Ruth

Dir. Igor Dalbone

Documentário | 15?40?? | 2020 | Brasil

Sinopse: Ruth ama o Carnaval. Dárcio vai sempre com ela.

 

Livro das Horas (Livre D?heures)

Dir. Suzan Noesen 

Experimental | 25min | 2019 | Luxemburgo

Sinopse: Livro das Horas retrata o cotidiano da coabitação da artista Suzan e sua avó Bomi em uma aldeia. O filme é baseado em sua interação na vida real. A estética do filme serve como uma metáfora para retratar suas diferentes identidades e estilos de vida, com base na evolução do status das mulheres e a diferença entre o trabalho de artistas e esposas de fazendeiras. O filme está dividido em quatro capítulos (Padrões, As Horas da Virgem, O Ofício Divino do Tempo, Os Salmos Penitenciais). Cada capítulo aborda a estruturação da vida de um ângulo diferente com seu próprio estilo narrativo. ?Livre d'heures“ conta uma história sobre a diferença intergeracional, a identidade e a interdependência de duas mulheres, bem como a sua dependência individual do tempo.

 

Homens Invisíveis

Dir. Luis Carlos de Alencar

Documentário | 25min | 2019 | Brasil

Sinopse: O documentário “Os Homens Invisíveis” abordará em 25 minutos a situação da população transgênera masculina no cárcere a partir dos problemas de Saúde acarretados pelo binarismo de gênero que embasa o sistema penal. Homens trans são aquelas pessoas que nasceram designadas mulher, mas que ao longo de sua vida passaram a se identificar como homem. Para a administração penitenciária são mulheres ou homens invisíveis.  

Este filme se encaixa em um contexto em que a comunidade trans construiu espaços, críticas e conhecimentos sobre si e seu lugar no mundo, produzindo resistência em um contexto significativo de violência e redução de direitos.

 

Rebu - A Egolombra de uma Sapatão Quase Arrependida
Dir. Mayara Santana 
Documentário | 2020 | 22? |  16 anos
Sinopse:
Um documentário em primeira pessoa que se propõe a investigar dentro da minha vivência sapatão as diversas performances de masculinidade, levando em conta meus três últimos relacionamentos e também com entrevistas com o homem com o qual eu cresci, Pedro Bala, meu pai. O filme pretende abordar com descontração, temáticas como o talento paquerador, flexibilidade com a verdade, relacionamento abusivo, irresponsabilidade afetiva, reprodução de machismo, impulsividade e romance. Temas que permeiam a vida dos dois personagens, mesmo que separados por um recorte geracional, cultural e de gênero. 

 

Elas (Ellas)

Dir.Angélica Itzel Cano López

Documentário | 21?46?? | 2020 | México

Sinopse: Ela e Yaz são duas mulheres - e o que elas passaram quando crianças marcou suas vidas para sempre. Na esperança de evitar que isso aconteça aos outros, eles empreendem uma jornada em busca de resiliência e libertação. 18 anos.

 

Mãtãnãg, A Encantada

Dir. Shawara Maxakali e Charles Bicalho

Animação | 14min | 2019 | Brasil

Sinopse: A índia Mãtãnãg segue o espírito de seu marido, morto picado por uma cobra, até a aldeia dos mortos. Juntos eles superam os obstáculos que separam o mundo terreno do mundo espiritual. Uma vez na terra dos espíritos, as coisas são diferentes: outros modos regem o sobrenatural. Mas Mãtãnãg não está morta e sua alma deve retornar ao convívio dos vivos. De volta à sua aldeia, reunida a seus parentes, novas vicissitudes durante um ritual proporcionarão a oportunidade para que mais uma vez vivos e mortos se reencontrem. Falado em língua Maxakali e legendado, Mãtãnãg se baseia em uma história tradicional do povo Maxakali. As ilustrações para o filme foram realizadas em oficina na Aldeia Verde, no município de Ladainha, em Minas Gerais. Livre.

 

Alforria Social Beat

Dir. Rodjeli Salvi

Ficção | 25min | 2020 | Brasil

Sinopse: Caco comemora o emprego em uma agência de publicidade, mas logo percebe que seus repertórios comportamentais e culturais são os motivos implícitos de sua inadequação social na empresa. O encontro com Lais, rapper e mãe, será fundamental para os dois para lidar com as situações que os limitam.  

 

Encruza

Bruna Andrade, Gleyser Ferreira, Maíra Oliveira e Uilton Oliveira

Ficção | 11min | 2019 | Brasil

Sinopse: A partir do conceito de encruzilhada, o curta metragem "Encruza" aborda questões que transpassam os corpos negros. De forma interligada, as narrativas se constroem no encontro das personagens. A elucidação dos conflitos pungentes são as pontas dessa encruzilhada que culminam nesta grande celebração que é o carnaval de rua na Lapa carioca. 16 anos. 

 

Egum

Dir. Yuri Costa

Ficção | 23?16?? | 2019  

Sinopse: após anos afastado devido à violenta morte do irmão, um renomado jornalista retorna para a casa de sua família para cuidar de sua mãe, que sofre uma grave e desconhecida doença. numa noite, o jornalista recebe a visita de dois estranhos, que têm negócios desconhecidos com seu pai. esse encontro, juntamente com acontecimentos que o levam a desconfiar que algo sobrenatural se abateu sobre sua mãe, fazem-no temer uma nova tragédia. Livre.

 

Jakaira

Dir. Coletiva da ASCURI

Documentário | 15 | 2019 | Brasil

Sinopse: Situado na aldeia Guyra Kambi?y do povo Kaiowá (MS/Brasil), o filme nos guia pelas diferentes fases e intensidades da realização do ritual de batismo do milho branco, o Jerosy Puku. Os cantos e as danças que compõem a cerimônia conduzem a vinda de Jakaira: o dono do milho branco, entidade associada à fertilidade das roças. Por meio da mistura da narrativa documental com elementos ficcionais, o filme aponta para a importância da manutenção dos costumes para a preservação do “jeito de ser” Kaiowá (ñandereko). Realizado com grande sensibilidade visual e sonora, o filme é uma produção da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), coletivo de jovens indígenas que promove há mais de uma década a formação e a produção audiovisual junto às comunidades da região.

 

 

O CINECIPÓ

 

Cinecipó – Festival do Filme Insurgente – teve sua primeira edição em 2011, na Serra do Cipó (MG). A proposta era realizar quatro dias de cinema ao ar livre, na praça e de graça, levando ao público filmes que não têm espaço na mídia onvencional. Até 2015, o festival foi realizado na Serra do Cipó, Lapinha e Santana do Riacho. Também já foram realizadas mostras em outras partes do Brasil como Pernambuco e Brasília. O coletivo produziu exibições itinerantes no Espaço Comum Luiz Estrela, Quilombo dos Marques, Quilombo do Palmital e em escolas públicas.

Além dos filmes, o festival também já ofereceu oficinas e workshops nas áreas de cinema, artes plásticas e música voltadas para a questão da sustentabilidade.

 

Por causa da pandemia da COVID-19, em 2020 o festival acontece online e tem duração de um mês. Entre os realizadores dos filmes, uma forte presença de LGBTQI+, mulheres e negros.

 

Serviço:

9ª edição do Festival Cinecipó
Data: 30/11 a 28/12

www.cinecipo.com.br

Gratuito

 

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