Homens, crias de periferias,
homossexuais e com muitos pontos em comum, principalmente o orgulho de suas
personalidades e a vontade de expandir a arte. No quinto episódio de “Favela Gay – Periferias LGBTQI+”,
que vai ao ar na quarta, dia 22, no Canal Brasil, Ricardo Caldeira, Webert da
Cruz e Rodrigo Santiago contam suas histórias desde a descoberta da sexualidade
até os ataques homofóbicos dentro e fora de casa.
Artista visual, designer gráfico e
produtor cultural, Ricardo Caldeira mora em São Sebastião, no Distrito Federal,
e acredita que, juntas, as três áreas entrelaçam suas vidas pessoal,
profissional, artística e afetiva. “É tudo muito ligado e algumas chaves me
localizam: eu ser veado, negro e morador de periferia. A partir disso consegui
desenvolver o meu trabalho e a forma como vejo o mundo”, comenta. Sobre a
relação com a mãe, diz que o equilíbrio foi se moldando e destaca a confiança
atual entre eles.
Já com o fotógrafo e estudante de
jornalismo Webert da Cruz, amigo de Ricardo, a reação da família foi
oposta. “Infelizmente, assim como várias bichas no Brasil, a gente
precisa sair de casa para poder sobreviver e viver. Percebo sempre a solidão
atrelada quando se fala em família para muitas LGBTs. No meu caso, a minha é
muito racista e opressora, entendi que a minha vida seria mais saudável se eu
me distanciasse”, desabafa. Na fotografia, encontrou um caminho para propagar
sua arte e expressar sua essência. “Além de trabalho, uso como ferramenta para
mostrar as minhas parcerias LGBT e fotografar meus amigos artistas. Uso como
intervenção social e sempre tento trazer esse meu olhar diferente, LGBT, que é
outra referência”.
Se para Webert um de seus maiores
desafios foi conviver com a falta de apoio da família, Ricardo revela a sua
batalha interna com a primeira dificuldade que enfrentou. “Uma vez me perguntam
se eu já tinha sofrido preconceito e fui resgatando a minha história. Precisei
me submeter a muitas coisas quando neguei a minha existência e identidade, o
meu corpo. Na adolescência, foram chegando algumas dores e isso veio para mim
em um formato de reclusão. Inconscientemente, comecei a me negar”. Durante a
conversa, ele ainda destaca a importância da arte diante desse cenário de sua
vida: “Fiz cursos de pintura, circo e dança, que foram muito marcantes para eu
entender a naturalidade da minha personalidade e trabalhar a expressão através
da arte e a consciência corporal”.
Em um passeio por São Sebastião, Ricardo
apresenta a Casa Frida, da amiga e “artivista” feminista Hellen Frida, como ela
se autodenomina. No espaço eles realizam eventos artísticos na periferia.
Enquanto arrumam mais um sarau, o terceiro personagem do episódio entra em
cena. Nascido em Formosa, Goiás, Rodrigo Santiago é ator, performer e professor
de teatro. “Nós que somos pretos, já nascemos com algumas histórias escritas e
vamos aprendendo que precisamos subvertê-las”. Para o entrevistado, as portas
abertas no passado são essenciais: “Ainda incomodamos muito enquanto negritude,
LGBT. Então, ao mesmo tempo em que muitos vieram antes de nós e abriram
caminho, é necessário ter a consciência de que nós também estamos abrindo para
os que virão”.
Os dez episódios de “Favela Gay –
Periferias LGBTQI+” estão disponíveis no Canal Brasil Play sempre após a
exibição na TV.
FAVELA GAY – PERIFERIAS
LGBTQI+
INÉDITO
Horário: Quarta, 22/4, às 19h30
Rebatidas: Segundas, às 12h30; e
terças, às 7h30
Classificação: 12 anos
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