Filme
dirigido por Gil Baroni está na seleção da Mostra Competitiva
“Alice
Júnior.” será exibido dia 28 de setembro dentro da Mostra Competitiva do 26º
Festival de Cinema de Vitória (ES). Essa será a estreia brasileira do longa que
conta a história de Alice, uma garota transexual que quer dar o primeiro beijo,
ser feliz e viver as experiências da adolescência sem ser rotulada e reprimida.
O filme fala sobre a adolescência,
suas inquietações, seus sonhos e retrata a escola como um ambiente de ensino
indispensável, mas que muitas vezes pode ser opressor. O diretor Gil Baroni, o
roteirista e criador da ideia original Luiz Bertazzo e o co-roteirista Adriel
Nizer Silva, desenvolveram a história ao longo de um ano e meio.
“O primeiro beijo é algo tão bonito
e simples, uma conquista de todo ser humano quando passa pela jornada de
maturação e começa a compreender sua independência e importância no mundo.
Parece fácil contar a história do primeiro beijo na adolescência. No entanto, a
complexidade nasce quando esse primeiro beijo acontece com um corpo trans. Isso
porque o Brasil carrega uma vergonhosa estatística: é o país que mais
mata transexuais no mundo e a expectativa de vida de uma pessoa trans é 35
anos. Alice é trans e sua existência é sinônimo de resistência”, explica
Baroni.
A protagonista é interpretada pela
atriz trans Anne Celestino Mota. A produção fez uma chamada de casting em uma
rede social e várias pessoas se candidataram, inclusive Anne.
“Na primeira conversa com Anne
percebemos que ela preenchia o perfil físico, além de ser uma jovem militante
consciente e contestadora. Marcamos uma conversa por skype com ela e a mãe (Somália
Celestino) e ficamos surpresos: havíamos encontrado uma forte candidata ao
papel de Alice Júnior!”, complementa Baroni.
A atriz, nativa de Recife, visitou a
equipe em Curitiba e após várias conversas não só ganhou o papel de Alice como
contribuiu com várias mudanças na escrita do roteiro, pois a equipe entendeu
que a história deveria ser contada a partir do seu olhar, da sua militância,
suas experiências e que seu lugar de fala deveria ser respeitado.
“O filme traz uma personagem trans
para o protagonismo da história. Como contar essa história sendo coerente com a
realidade de um país transfóbico, mas ao mesmo tempo como fazer com que essa
personagem tivesse força para representar a coragem, a superação e a vitória?
Esse foi o maior desafio. Fazer um filme que falasse sobre todas essas questões
com verossimilhança. E para isso eu estava sempre ouvindo e antenado com a
Anne, que nos ensinava muitas questões sobre o universo trans”, conta o
diretor.
Ser trans no Brasil é um ato de
resistência. Alice é uma mulher trans e, portanto, seu corpo é político e
questiona o padrão imposto. Ela não se esconde, se expõe através da internet,
do seu vlog, não teme a câmera e diz o que pensa sobre o mundo. Selfies, vlogs,
lives são meios de expressão e resistência. Alice é mulher trans que resiste
através da construção de sua imagem. Imagem. Identidade. Fortaleza! Alice é
agente de TransFormação.
“Gostaríamos que a história de Alice
Júnior tocasse os corações do mundo e sensibilizasse as pessoas que ainda não
compreenderam a beleza da diversidade de cada ser humano. Desejamos que o filme
seja um estímulo para as pessoas que estão descobrindo a relevância de seus
corpos tal como são (e não como querem que sejam: corpos dóceis). E queremos
que o filme seja inspiração para os que continuam resistindo e quebrando
paradigmas tóxicos à humanidade”, conclui Baroni.
“Alice
Jr.” tem previsão de estreia comercial no Brasil em 2020 pela Olhar
Distribuição.
Ficha
técnica:
86
min | 2019 | Cor | PR | CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 anos
Direção:
Gil Baroni, elenco: Anne Celestino Mota, Emmanuel Rosset, Matheus Moura, Surya
Amitrano, Thais Schier, Igor Augustho, Gustavo Piaskoski, Kátia Horn, Cida
Rolim, Marcel Szymanski.
Sinopse:
Alice Júnior é uma youtuber trans cercada de liberdades e mimos. Depois de se
mudar com o pai para uma pequena cidade onde a escola parece ter parado no
tempo, a jovem precisa sobreviver ao ensino médio e ao preconceito para
conquistar seu maior desejo: dar o primeiro beijo
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