Seleção
homenageia cineastas falecidos recentemente, como Stanley Donen, Nelson Pereira
dos Santos, Jonas Mekas e Nicolas Roeg
A
cineasta francesa Germaine Dulac tem programa especial com dois curtas e um
média-metragem
Uma mostra que traz a
história do cinema como ponto principal: esta é a Olhares Clássicos, um dos
destaques do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba. Como já é
tradição, a seleção faz um panorama histórico, reencontrando ou conhecendo pela
primeira vez a obra de alguns dos nomes mais relevantes do cinema. São filmes
consagrados que já não são exibidos nos cinemas da capital paranaense há muito
tempo e títulos inéditos no Brasil, em obras restauradas menos conhecidas do
grande público, mas fundamentais para o cinema.
“Diferentes elementos
contribuem para que um filme seja considerado um clássico”,
diz Aaron Cutler, um dos programadores para longas-metragens do Olhar de
Cinema. “Dois dos mais importantes são atualidade e urgência. Os filmes da
seleção de Clássicos deste ano falam diretamente do seu período para o nosso,
por meio de uma relevância envolvente. São grandes obras que podem ser
assistidas várias vezes, adquirindo assim novos significados e encantos.
Estamos muito orgulhosos de fornecer tais filmes para o público do festival em
cópias cuidadosamente restauradas e oferecer às pessoas a oportunidade de os
descobrir ou redescobrir”.
Os cinco primeiros
filmes anunciados da Olhares Clássicos vão permitir ao público conhecer e
rememorar o trabalho de alguns dos principais nomes do cinema mundial falecidos
recentemente. Como o coreógrafo e cineasta Stanley Donen (1924-2019), com seu
“Cantando na Chuva” (1952), co-dirigido por Gene Kelly. O filme é um dos
musicais mais celebrados da Era de Ouro do cinema americano, e tem como tema
uma das grande mudanças nesta indústria, com a chegada do som sincronizado.
Um dos maiores nomes do
cinema brasileiro também faz parte da seleção: Nelson Pereira dos Santos
(1928-2018), com seu filme “Memórias do Cárcere” (1984), adaptação do clássico
de Graciliano Ramos que atravessa gerações e segue servindo como um libelo pela
liberdade artística e a resistência política em tempos de totalitarismo.
Menos reconhecidos pelo
grande público, mas ainda fundamentais, estão dois cineastas que criaram seu
próprios espaços de linguagem e marcaram o cinema, inspirando vários outros
realizadores até os dias de hoje: o lituano Jonas Mekas (1922-2019), com o
longa-metragem “Reminiscências de uma Viagem à Lituânia” (1972), e o inglês
Nicolas Roeg (1928-2018), com “A Longa Caminhada” (1972).
Outra preocupação do
Olhar de Cinema é fazer com que nomes apagados da história do cinema
encontrem o reconhecimento merecido. Como se sabe, o caso dos apagamentos de
mulheres realizadoras é ainda mais evidente e, pensando nisso, a curadoria
selecionou um programa com três filmes da cineasta francesa Germaine Dulac
(1882-1942). Ao atravessar do cinema mudo ao sonoro, de maneira pioneira, a
diretora foi uma figura chave para a vanguarda francesa da década de 1920 e
também uma das primeiras cineastas a assumir um posicionamento feminista tanto
na vida quanto nos filmes. Os filmes que integram o programa são os curtas
“Danses espagnoles” (1928), “Celles qui s’en font” (1928) e o média-metragem
“La cigarette” (1919)
“Sua investigação
estética tinha como foco aquilo que era específico ao meio cinematográfico,
como os jogos de luz e sombra e a relação entre movimentos, resultando em
filmes por vezes chamados de impressionistas, surrealistas ou, como ela
defendia, ‘integrais’, afirma a curadora Carla Italiano. “Se por décadas a
importância fundamental de Dulac foi omitida da historiografia dominante
mundial, hoje ela pode ser considerada uma das artistas incontornáveis para
qualquer olhar retrospectivo dedicado às primeiras décadas do cinema”,
complementa.
Confira os primeiros
filmes anunciados da Mostra Olhares Clássicos do 8º Olhar de Cinema:
A Longa Caminhada
(Walkabout, dir. Nicolas Roeg, Austrália/Reino Unido, 1971, 100min)
Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain, dir. Stanley
Donen, EUA, 1952, 103min)
Memórias do cárcere
(dir. Nelson Pereira dos Santos, Brasil, 1984, 185min)
Programa Germaine Dulac
Celles qui s’en font
(dir. Germaine Dulac, França, 1928, 6min)
La cigarette (dir.
Germaine Dulac, França, 1919, 56min)
Danses espagnoles (dir.
Germaine Dulac, França, 1928, 7min)
Reminiscências de uma
Viagem à Lituânia (Reminiscences of a Journey to Lithuania, dir. Jonas Mekas,
Lituânia/EUA, 1972, 82min)
Outras novidades sobre o
8º Olhar de Cinema, com outros filmes selecionados e atividades, vêm por aí.
O 8º Olhar de Cinema -
Festival Internacional de Cinema conta com patrocínio do BRDE, FSA e Ancine,
apoio da Copel, Bigben, Ademilar, Lojacorr, incentivo da Lei de Incentivo à
Cultura de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba,
Profice, Governo do Paraná e realização da Grafo Audiovisual, Secretaria
Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal.
SERVIÇO
8º Olhar de Cinema –
Festival Internacional de Curitiba
De 5 a 13 de junho
1º Encontros de Cinema
de Curitiba
De 9 a 11 de junho
A atividade paralela ao
festival, voltada para o mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário