Documentário revive momento de luta pela paralisação do tráfico de pessoas negras no Ceará

Documentário estreia dia 20 de novembro em diversas cidades do Brasil

Pioneira em discussões raciais e na luta antirracista cearense, Lúcia Simão em seu depoimento no longa-metragem

Ceará, Terra da Luz. O estado ficou conhecido dessa forma por ter abolido a escravidão quatro anos antes da Lei Áurea, em 1884. Apesar desse ato de “luz” que trouxe liberdade a milhares de pessoas, houve uma marcante luta anterior. Um importante capítulo dessa história é contado no longa-metragem “A rebelião dos jangadeiros”, dos diretores Cinthia Medeiros e Demitri Túlio e produção executiva de Íris Sodre (Gavulino Filmes). O filme, que estreia comercialmente dia 20 de novembro, foi contemplado no XIV Edital Ceará de Cinema e Vídeo, Secult e tem distribuição da Kajá Filmes.

O documentário resgata a Greve dos Jangadeiros, episódio que fortaleceu a abolição da escravatura no Ceará. Este filme de impacto revive o ano de 1881, quando jangadeiros cearenses se rebelaram recusando-se a transportar povos escravizados para os navios que os levariam para os seus novos "patrões" no sul e sudeste da então colônia Brasil. O episódio ocorreu nos dias 27, 29 e 30 de janeiro daquele ano na Praia do Peixe, atual Praia de Iracema.

O filme se aprofunda em um olhar mais histórico, social e contextual da narrativa por meio de depoimentos do historiador Jones Manoel e Arilson Gomes, as antropólogas Antônia de Araújo e Vera Rodrigues, a cantora, compositora e ativista do Movimento Negro, Mallu Viturino, o museólogo Saulo Moreno, o cientista social Hilário Ferreira, o desembargador André Costa e a fundadora do Grupo de Consciência Negra do Ceará (Grucon), Lúcia Simão.

Em agosto deste ano, Lúcia faleceu, e o movimento negro perdeu uma de suas maiores e precursoras vozes. Além de seu depoimento no longa, Simão entoa a “loa”, canto que celebra aspectos da tradição, da cultura afro-brasileira e dos orixás.

Cada um dos entrevistados retrata, à sua maneira, como essa rebelião se decorreu e quais são as influências desse movimento até os dias atuais. “Quem não sabe de onde veio, não sabe pra onde vai”, reflete a antropóloga Vera Rodrigues ao discorrer sobre a importância de se ter conhecimento das ações de seus antepassados para a construção de sua identidade.

O filme atualiza as discussões sobre a abolição no Brasil e sobre como a escravização do povo negro se perpetua em novos formatos, por meio do racismo estrutural. Parte de um fato histórico, que foi um marco para essa narrativa da Abolição, para provocar reflexões sobre o que de fato, ao longo de mais de um século, mudou em relação a essa população.

Mais do que traçar um resumo em diversas facetas, seja histórica, social, filosófica ou antropológica da greve que culminou na abolição da escravatura, “A rebelião dos jangadeiros” traz um olhar sensível sobre o orgulho e a identidade da pessoa negra na “Terra da Luz”.

 

FICHA TÉCNICA

A rebelião dos jangadeiros

2025 | Brasil | 90 min.

Direção e Roteiro: Cinthia Medeiros e Demitri Produção Executiva: Íris Sodré | Gavulino Filmes

Elenco: Adna Oliveira, Marta Aurélia e Sâmylla Costa Ficha técnica completa

 

SINOPSE

Longa documental que revive o ano de 1881 quando jangadeiros cearenses se rebelam recusando-se a transportar povos escravizados para os navios que os levariam para os seus novos "patrões" no sul e sudeste da então colônia Brasil.

 

OS DIRETORES

Cinthia Medeiros

Jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará e graduanda em Música da mesma instituição. Realizadora audiovisual, foi editora-executiva do Núcleo de Audiovisual do Grupo O POVO onde assinou a direção da série documental "Guerra Sem Fim" e também do documentário de longa-metragem "VOO 168- A Tragédia da Aratanha", além de fazer a produção executiva da série "Mainha", todas disponíveis na plataforma de streaming O POVO+. Também no O POVO foi Editora-Chefe do Núcleo de Cultura e Entretenimento, responsável pelo caderno Vida&Arte e de eventos da marca, como o Festival Vida&Arte, Palco Vida&Arte, Vida&Arte Convida, entre outros. Trabalhou como repórter, editora e apresentadora de diversas emissoras cearenses. 

Demitri Tulio

Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará, Demitri Túlio é atualmente cronista e editor-adjunto do Núcleo de Audiovisual do Grupo de Comunicação O POVO. É diretor de documentário e de séries produzidas para O POVO Mais (OP+), plataforma streaming que oferece filmes, séries, reportagens e outros produtos culturais. É também ator formado pelo Curso de Arte Dramática da UFC e roteirista formado pelo Porto Iracema das Artes, do Centro Dragão do Mar e pela Casa Amarela da Universidade Federal do Ceará. É autor de literatura voltada para o público infantojuvenil, tendo mais de 20 livros publicados. Como jornalista, venceu mais de 40 prêmios destinados à investigação jornalística com abrangência nacional e estrangeira. Entre as premiações, seis Prêmio Esso – o mais importante do Brasil.

GAVULINO FILMES

 A Gavulino Filmes é uma produtora de conteúdo audiovisual sediada em Fortaleza, Ceará, com atuação no cinema, TV, streaming e no mercado corporativo. Há mais de 15 anos, dedica-se a contar histórias de impacto e relevância cultural no cenário cearense e nacional, fortalecendo a cena audiovisual do Nordeste e projetando suas narrativas para além do Brasil. 

Com uma equipe multidisciplinar e infraestrutura técnica consolidada, a produtora realiza documentários, séries, ficções e branded content, unindo rigor de produção, qualidade estética e compromisso social. Seus projetos buscam emocionar, provocar reflexão e valorizar identidades culturais, revelando narrativas humanas, vibrantes e de grande significado artístico e histórico.

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