Crítica Filme "Homem com H" por Rita Vaz

Estreia nesta quinta-feira o filme “Homem com H”, dirigido pelo cineasta Esmir Filho, que já dirigiu “Verlust” e “Alguma Coisa Assim” entre outros.

A cinebiografia do artista Ney Matogrosso, apresenta sua intensa trajetória desde a sua infância até se tornar uma das grandes figuras da música e cultura brasileiras.

O filme acompanha a origem em Bela Vista no Mato Grosso do Sul e os constantes embates familiares em razão dos preconceitos de seu pai.

Ao sair de casa e se mudar para São Paulo, Ney dá início à sua carreira artística.

Com uma voz única e uma veia criativa e performática inesquecível, Ney Matogrosso compõe um terço da banda Secos & Molhados e enfileira sucessos como Rosa de Hiroshima e Sangue Latino em meio à repressão da ditadura militar.

Passando por cada fase de sua carreira, “Homem com H” conta a história de vida de um ícone artístico, demonstra sua identidade revolucionária e arrebatadora, seu ímpeto libertário e sua inconfundível presença de palco.

O diretor Esmir Filho fez um filme intenso, forte, que conta essa história quase que inacreditável, de um menino que sofre nas mãos de um pai obtuso, se torna um ícone artístico.

O elenco é um caso à parte, de tão bom em cena. Todos estão com a mesma energia, parecendo uma “engrenagem muito bem azeitada”.

Mas, obviamente o grande destaque é para o ator Jesuíta Barbosa, que se transformou em Ney Matogrosso. Ele está impressionante em cena. Os trejeitos faciais, corporais, o olhar inconfundível do artista, tudo está lá. Com certeza ele realizou, a melhor performance de sua vida, até agora. Certeza de que podemos esperar muito mais dele. Que venham os prêmios.

A direção de arte fez um trabalho impressionante, com uma caracterização de época impecável, os figurinos de época e os icônicos estão lá também, muito bem produzidos.

O que falar da trilha sonora, formada pelos hits do artista? Ela está gravada na mente de todo brasileiro que viveu na época, e que não viveu também, porque algumas canções de Ney Matogrosso já se tornaram clássicas. E quem se interessa um pouco pela nossa cultura popular, deve, no mínimo, conhece-las.

O meu único senão para a história, é o excesso de cenas de sexo no longa. Em determinado momento, eu já havia entendido que ele havia transado com várias pessoas, tanto pelo contexto da história, quanto pelo seu indiscutível “sex appeal”, mas, o diretor continuou mostrando e mostrando. Há quem goste, entendo também.

Eu não imaginava que Ney Matogrosso tinha um pai militar, difícil e cheio de preconceitos. Como uma criança enfrenta uma situação dessas? Primeiro ela tenta se adaptar, depois transgride, no melhor sentido da palavra.

Ney Matogrosso bancou quem ele era, quebrou barreiras, abriu caminhos para os que vieram depois dele.

“Homem com H” é um filme que todos devem assistir, para conhecer a história desse artista inconfundível, que mudou a história da música popular brasileira, e a cabeça, e os valores de muita gente. Recomendo muito.

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