Cinema Negro é Cinema Brasileiro: APAN leva a Cannes ação inédita em defesa da Reparação Histórica no audiovisual

Com presença de 18 associades, instituição articula ação coletiva para reforçar o compromisso com políticas afirmativas e combater o avanço de discursos antidemocráticos no setor cultural

Pela primeira vez, a presença negra brasileira no Festival de Cannes será marcada por uma ação coletiva articulada. A APAN (Associação de Profissionais do Audiovisual Negro) levará para um dos maiores palcos do cinema mundial a campanha “Cinema Negro é Cinema Brasileiro”, destacando a importância das políticas afirmativas para a reparação histórica no audiovisual. São 18 profissionais associados à entidade, além de empresas vocacionadas, que estarão presentes em diferentes atividades da programação, incluindo exibições, mesas, debates e encontros internacionais.

Diante do crescimento global de discursos antidemocráticos e anti-diversidade— impulsionados por governos como o de Donald Trump nos Estados Unidos — a APAN propõe em Cannes uma resposta contundente: a valorização da diversidade como eixo central do futuro do cinema e para a valorização da pluralidade do cinema brasileiro. 

O Setor Audiovisual Brasileiro, tem construído de forma muito comprometida, empenhada e consciente caminhos para reparação histórica e consolidação de uma produção cinematográfica diversa, garantindo Políticas de Ações Afirmativas consistentes, olhando para dimensão das estruturas empresariais, reconhecendo o investimento em empresas vocacionadas para reparação histórica como um dos caminhos promissores para inovação com frescor das histórias brasileiras que tomam as telas do mundo. E aqui precisamos destacar que a inserção das Políticas de Ações Afirmativas com recorte de raça, gênero e regionalidade, nas chamadas públicas da Ancine, é um avanço a ser celebrado com o atual Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual” Comenta, Viviane Ferreira idealizadora da Apan.

O Brasil em sua essência já é um país com identidades diversas e a discussão de inclusão e ocupação e manutenção dos espaços pelos realizadores negros vem sendo pautada pela Apan no país. E temos conquistado uma frente importante internacionalmente com a participação em eventos. Em Cannes vamos dar continuidade a esse processo, num momento especial e histórico com tantos realizadores negros. 

A iniciativa se materializa na exibição de um vídeo de um minuto que será apresentado antes das falas de associades da APAN, inclusive na participação oficial de Keyti em uma das mesas do evento, no dia 18 de maio. O vídeo compartilha o conceito de reparação histórica como compromisso político do audiovisual feito por pessoas negras e indígenas, e como pilar de uma cultura democrática que reconhece os apagamentos do passado e os corrige com urgência no presente.

“A presença da APAN no festival é reflexo direto da atuação da entidade como uma das principais articuladoras do audiovisual negro no Brasil e na América Latina. A ação deste ano em Cannes é um chamado à indústria, festivais e políticas públicas, dando um recado importante ao público e reafirmando a importância da diversidade que faz do Brasil um país de referência na defesa dos valores democráticos, plurais e antirracistas”. Declarou Keyti, diretora administrativa da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN).

Agenda dos Associados Apan em Cannes

Bethania Maia

Estará no Painel "Vozes da Maioria no Cinema: Os 54% Negros do Brasil Não Podem Esperar" e "Morning Boost do Cannes Docs"

Carol Rodrigues

Estará no Marché du Film pelo Goes to Cannes, com o longa em pós-produção “Criadas”

Chica Andrade

Estará a convite do Instituto Britânico de Cinema no painel “Além do Não Binário - Boas Práticas Para Inclusão de Gênero”

Emerson Dindo

Produtor e diretor lança as chamadas do DiALAB no Marché du Film, participa do AfroCannes com “Meu Pai e a Praia” e assina cooperação com Projeto Paradiso e École Kourtrajmé

Fernanda Salgado

Estará no Marché du Film e apresentando o WIP do filme “Ana, en passant” no Annecy Animation Showcase, parte da programação do Animation Day

Higor Gomes 

Estará no Marché du Film com projeto em desenvolvimento de longa-metragem chamado "Tempestade Ninja” de Higor Gomes

Jacson Dias

Estará no Marché du Film com projetos em desenvolvimento e em exibição com o filme "Outubro” de Vinícius Correia

Jonathan Oliveira

Estará no Marché du Film com o documentário “Quanta Reza Será Preciso para um Simples Banho de Mar”, de Liliane Mutti, no qual foi diretor de fotografia

Keyti Souza

Estará no Marché du Film e na discussão "Conferência 02: Com quem (co)produzir no Brasil?"

Matheus Farias

Montador do filme “O Agente Secreto” (Dir: Kleber Mendonça Filho) e estará no Marché du Film

Matheus Mello

Em exibição no Cannes Docs com a produção Catalana-Catariana "El Vol de la Cigonya", dirigido por Soumaya Djahdou e Berta Vicente Salas.

Myrza Muniz

Em exibição no Cannes Docs com o filme "Eu Ouvi o Chamado: Retorno dos Mantos Tupinambá", dirigido por ela, Robson Dias e Célia Tupinambá 

Paula Santos Silva

Estará com o projeto de Longa “Fragilidades” participando no Marché du Film de Cannes

Robson Dias

Exibe "Eu Ouvi o Chamado: Retorno dos Mantos Tupinambá", dirigido por ele, Myrza Muniz e Célia Tupinambá no Cannes docs, e participa de uma mesa no Marché du Film

Talita Arruda

Distribuidora e estará no Marché Du Film

Tamiris Hilário de Lima Batista

Consultora Técnica Especialista em Audiovisual por ONU Mulheres Brasil estará na Agenda Onu Mulheres em Cannes

Tom Pinheiro

Produtor e Cineasta e estará no Marché du Film e AfroCannes

Ulisses Arthur

Estará no Marché du Film pelo Goes to Cannes com o longa em pós-produção “Não estamos sonhando”, gravado em Maceió, Alagoas, seu estado natal 

Viviane Ferreira

Estará no Afrocannes participando do painel de discussão sobre Film Financing, Data & Ai


Sobre a Associação de Profissionais do Audiovisual Negro
A Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) é uma organização brasileira que atua no fortalecimento de profissionais negros no setor audiovisual. Fundada em 2016, a entidade promove formações, laboratórios, festivais, redes de apoio e ações de incidência política com foco na equidade racial, democratização do acesso aos meios de produção cultural e valorização das narrativas negras. A APAN é hoje uma das principais referências em audiovisual negro no Brasil e na América Latina.

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