Crítica Filme "O Quarto ao Lado" por Rita Vaz

Estreia nesta quinta-feira o filme “O Quarto ao Lado” com direção do cineasta Pedro Almodóvar, que tem em seu currículo obras como “Tudo Sobe Minha Mãe”, “A Pele Que Habito”“Mães Paralelas” e muitos outros.

Primeiro precisamos falar de Almodóvar, um diretor único, impossível de ser confundido. Que coloca sua assinatura singular, em todas as suas obras.

São enquadramentos perfeitos, cores muito bem equilibradas e sempre fortes, são personagens femininas de grande força, são diálogos intensos, são histórias viris, passionais, viscerais e muitos outros adjetivos, que só enobreceriam seu trabalho.

Então, se você vai assistir a um filme dele, sabe muito bem o que vai encontrar na telona. Independente do mote da história, ela será apresentada com essas características.

Em “O Quarto ao Lado” assistimos a uma história que fala sobre o que normalmente não queremos falar, de morte, de câncer, de doenças terminais.

E mesmo com esse mote difícil, ele está na tela com todas as características acima citadas.

No longa conhecemos Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton) que eram amigas na juventude, quando trabalhavam na mesma revista.

Ingrid se tornou uma escritora de autoficção, e Martha, repórter de guerra, e ambas trilharam carreiras muito bem sucedidas.

Separadas pelas circunstâncias da vida, depois de anos sem contato, elas se encontram novamente em uma situação extrema, de vida e morte, e Ingrid e Martha também se veem diante de um dilema moral.

“O Quarto ao Lado” é um filme lindíssimo, tanto quanto cinema, quanto texto, quanto estética, quanto diálogos.

O debate principal da história é sobre a vida e a morte, quando situações limites são impostas às pessoas. Pode ser uma doença terminal, pode ser a solidão, pode ser a necessidade de se proteger de um tempo finito, o qual se tem conhecimento. São muitos questionamentos que passam pela cabeça dos personagens e que são debatidos.  

Para se ter uma ideia, além das duas protagonistas, outros personagens aparecem na história, e são verdadeiros contrapontos para se debater sobre quem realmente está morrendo na história, se é a pessoa com uma doença terminal, ou se é a pessoa, que perdeu a esperança na humanidade.

Um filme que poderá ser lido de diversas formas, a partir de diferentes pontos de vista, o que já o leva ao seu objetivo. Mexer com a audiência, fazer com que as pessoas pensem e conversem sobre assuntos que normalmente não são colocados em pauta.

As atrizes Juliane Moore e Tilda Swinton estão simplesmente perfeitas em suas performances suaves, porém intensamente cheias de emoção.

Elas também fazem um contraponto estético no filme, de cores e tamanhos, entregando uma atuação que poucos conseguem entregar.

Algumas cenas do filme são simplesmente arrebatadoras, você olha para a tela e parece que você está inserido nela, dentro de uma obra de arte.

Em algumas delas, onde a neve aparece, e a neve tem um papel especial nessa história, elas são simplesmente, poesias em forma de áudio visual.

Recomendo muito para você que é fã do Almodóvar, fã do gênero e principalmente para você que é um cinéfilo de carteirinha.

O Quarto ao Lado recebeu o Prêmio Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza 2024 e é o primeiro longa-metragem de Pedro Almodóvar em inglês.  

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