Crítica filme " Clube dos Vândalos" por Rita Vaz

Estreia nesta quinta-feira o filme “Clube dos Vândalos”, dirigido por Jeff Nichols, que tem em seu currículo filmes como “O Abrigo” e “Loving”.

O filme foi baseado no livro de fotografias de 1967, escrito pelo fotógrafo e cineasta norte-americano Danny Lyon. O fotógrafo documentou a ascensão e queda, de um clube de motociclismo no Centro-Oeste dos Estados Unidos, durante a década de 1960. O chamado “The Chicago Outlaws Motorcycle Club”.

Na trama, conhecemos Kathy (Jodie Comer), uma das integrantes do grupo e também casada com Benny (Austin Butler), um motociclista selvagem e imprudente e melhor amigo de Johnny (Tom Hardy), o líder do grupo.

É através do olhar dela, que conhecemos a história do clube, desde quando ela o conheceu, desde quando viu Benny pela primeira vez, e em apenas três meses, se casaram.

Iniciado apenas como um clube local de forasteiros unidos pela paixão pelas motos barulhentas e o respeito por seu líder, ao longo dos anos a vida dos Vândalos se tornou mais violenta e gananciosa, ao ponto de se tornarem uma perigosa gangue.

Pelo olhar de Kathy, entendemos também, que ela tenta acompanhar a natureza indomável de seu marido, sua cega lealdade a Johnny e pela sua atenção, que muitas vezes é voltada apenas para Johnny, o que torna o relacionamento pesado.

Mas, circunstâncias que vão além do que eles podiam imaginar, faz com que os três precisem decidir sobre a lealdade do clube e entre si.

O diretor Jeff Nichols imprime nesse filme, uma tensão no ar, que deixa o espectador sempre em prontidão. A direção de arte é primorosa, e podemos identificar isso também ao final da trama, onde algumas fotografias dos personagens reais são mostradas.

A trama de “Clube dos Vândalos” é interessante porque parte de uma premissa onde todos são importantes para a história. Me parece que cada personagem faz parte de um todo, e esse todo que é o verdadeiro protagonista da história.

Sem os seus diversos personagens excêntricos e cheios de personalidade, o clube não poderia existir.

Em entrevista o diretor fala sobre pertencimento, sobre o ser humano querer se identificar com um outro, ou outros, para se sentir inserido: “É da natureza humana querer pertencer, mas esse sentimento se intensifica quanto mais único é o grupo ao qual escolhemos pertencer - quanto mais específico, mais palpável a identidade. Em certos casos, isso pode ser maravilhoso e estimulante em nossas vidas. Em outros, pode ser terrivelmente destrutivo. Clube dos Vândalos representa ambos”.

O elenco está ótimo, muito coeso, passando força e sensibilidade como um todo, mostrando que mesmo querendo ser durão o tempo todo, é possível ser leve e afetuoso com os seus.

A fotografia do filme é muito boa, com belas imagens do grupo, tanto em suas motos, em movimento, quanto em seus momentos de contemplação.

“Clube dos Vândalos” é um filme que conta uma boa história, não necessariamente com um final feliz (como é dito no início do longa), mas, uma história real, feita de vários personagens, que marcaram uma época importante para a cultura dos Estados Unidos.

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