Quatro longas atuais abordam temas como suicídio e loucura fomentando debates sobre essas questões
A Metade de Nós, de Flavio Botelho (foto: divulgação)
Quatro filmes nacionais recentes têm buscado normalizar as conversas sobre depressão, ansiedade e saúde mental, debatendo sobre a temática de forma franca, segura e honesta, fomentando ao público a possibilidade de debates e reflexões.
As Linhas de Minha Mão, de João Dumans (foto: divulgação)
Já tendo estreado em diversas cidades do país, o documentário AS LINHAS DA MINHA MÃO, de João Dumans, tem como protagonista a artista Viviane de Cássia Ferreira, que fala abertamente sobre suas experiências com a arte e a loucura. E, a partir disso, o filme investiga o seu trabalho e a relação deste com saúde mental.
“Minha questão em relação à Viviane, minha percepção e fascinação por ela, estão muito relacionadas à clareza e a precisão com que ela é capaz de articular certas ideias sobre a vida e sobre a loucura. Com o seu poder de síntese e de explicação de realidades e estados emocionais complexos. Coisas que me parecem ser bem difíceis de formular. Seja em relação à loucura, à solidão, a questões afetivas e sexuais”, analisa o cineasta.
Meu Casulo de Drywall, de Carol Fioratti (foto: divulgação)
A METADE DE NÓS, de Flavio Botelho e MEU CASULO DE DRYWALL, de Caroline Fioratti, são dois longas que abordam o suicídio.
A METADE DE NÓS partiu da necessidade do cineasta de falar sobre os sentimentos em relação à morte da irmã por suicídio, pouco depois do nascimento da filha. O filme traz um casal de protagonistas que recepciona de modos extremamente opostos a perda repentina de um filho único adulto, investigando as buscas por respostas e curas emocionais com bastante responsabilidade. O longa ganhou o Prêmio do Público como Melhor Filme de ficção brasileiro na 47ª Mostra internacional de Cinema de São Paulo.
“O suicídio impacta muitas pessoas e os sentimentos são os mais variados. Geram culpa, vergonha, às vezes, raiva. Mas meu pai teve um processo muito bonito, porque era um cara fechado sobre seus sentimentos e acabou escrevendo um livro sobre a história”, conta Flavio Botelho, em entrevista.
Já em MEU CASULO DE DRYWALL, o suicídio de uma jovem de 17 anos num condomínio de luxo é o ponto de partida para a investigação de como seus pais e amigos tentam lidar com essa perda imensa. O filme transita entre dois tempos para também contar a história dessa moça e de como ela chegou a esse ato extremo. O elenco conta com Bella Piero, Maria Luisa Mendonça, Mari Oliveira e Michel Joelsas.
“Imagino como pode ser prejudicial para uma mente em formação viver fechada num condomínio, protegida do mundo exterior. A ideia com o filme era romper com essa bolha, olhar o que acontece diante do inesperado, quando a tragédia se abate por dentro”, disse em entrevista, a diretora, que também assina o roteiro.
Ninguém Sai Vivo Daqui, de André Ristum (foto: divulgação)
O longa NINGUÉM SAI VIVO DAQUI, de André Ristum, é inspirado no livro “Holocausto Brasileiro”, de Daniela Arbex, e narra o genocídio que aconteceu no maior hospital psiquiátrico do país, o Centro Psiquiátrico Hospitalar de Barbacena, entre 1903 e 1980.
“O tema me fascina desde muito cedo. Acho que a proximidade com pessoas com algum tipo de patologia ao longo da minha vida e o aprofundamento na minha psicanálise pessoal me despertaram um grande interesse em explorar esse tema. Desde A voz do silêncio, fui mais fundo nisto e, no caso do Ninguém sai vivo daqui, agora o tema toma um lugar ainda mais dominante”, disse Ristum em entrevista.
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