Um
tabu no Brasil e em vários países ainda, há uma grande dificuldade social
em lidar com a morte, ainda mais quando se trata de um bebê ou feto.
Receber o diagnóstico de que seu bebê não sobreviveria revirou a vida de
Eliza Capai, que, além de filmar todo o seu processo de interrupção de
gravidez, virando a câmera para si nos momentos mais difíceis de sua vida,
também conversou com mulheres que passaram por situações semelhantes. Incompatível com a vida
é um filme sobre vida, morte, luto e políticas públicas que afetam as
mulheres. O título “incompatível com a vida” é um termo médico para o
diagnóstico pré-natal de malformação congênita de um bebê que não
sobreviverá fora do útero. E, embora milhares de mulheres tenham abortos
espontâneos ou induzidos no Brasil, quase nenhuma delas se sente acolhida
para falar sobre. Portanto, na discussão entre interromper ou não a
gestação e as políticas públicas que afetam as mulheres, estão mães que
lidam com a dor de uma perda gestacional.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o
aborto inseguro se caracteriza como um procedimento para interromper uma
gravidez indesejada por meninas e mulheres realizado em um ambiente sem
condições necessárias e um padrão médico mínimo. Segundo a OMS, cerca de 25
milhões de interrupções inseguras são feitas por ano no mundo, causando a
morte de 39 mil mulheres e meninas. No Brasil, o aborto está entre as cinco
principais causas de mortalidade materna, responsável por cerca de 5% do
total. A legislação brasileira só permite a prática em três casos: gestação
decorrente de estupro, anencefalia fetal e quando há risco de vida à mulher
ou menina.
O longa qualificado para o Oscar discute o direito de
escolha ao aborto no Brasil a partir de experiências de mulheres que
interromperam a gravidez ou seguiram a gestação de fetos diagnosticados
como incompatíveis com a vida - em todos os casos, as mulheres enfrentaram
o luto e a perda de seus filhos. O documentário chamou atenção
internacional e foi reeditado como curta-metragem para um artigo de opinião
do jornal internacional NY Times, “Dear Supreme Court of Brazil, Use Your
Power to Protect Women” (“Querido STF, Use seu poder para proteger as
mulheres”).
INCOMPATÍVEL COM A
VIDA inicia em novembro
a corrida para a shortlist do Oscar de 2024 com sessão no Hollywood
Brazilian Film Festival em Los Angeles e sessão em Nova Iorque.
Recentemente, o filme também foi agraciado no Festival de Vitória, com o
prêmio de Melhor Contribuição Artística. Quem assina a produção do filme é
Mariana Genescá, da tva2.doc.
Sobre o filme INCOMPATÍVEL COM A VIDA:
O documentário longa-metragem INCOMPATÍVEL COM A VIDA
nasceu da experiência da diretora Eliza Capai, que começou a filmar sua
gravidez durante a pandemia, e tudo parecia correr bem, até que veio o
diagnóstico: seu bebê tinha uma malformação que o tornava incompatível com
a vida, e um aborto seria a melhor solução. A complicada jornada de Eliza é
acompanhada de perto na tentativa de poder realizar uma interrupção de
gravidez de forma legal em outro país. Ela consegue fazer o procedimento
pelo sistema público de saúde de Portugal, com apoio de uma junta médica e
da legislação no país. Já no Brasil, realizar uma interrupção de gravidez
de um feto incompatível com a vida é inconstitucional. Eliza conversou com
outras mulheres que a partir do mesmo diagnóstico de incompatibilidade com
a vida no Brasil, viveram diversos desdobramentos, criando um potente coral
com diversas opiniões e vivências de luto parental.
“Ao
passar por esta situação, me dei conta de uma crueldade ainda maior da lei
que criminaliza o aborto no Brasil. Que mesmo mulheres que desejavam seus
filhos, ao se verem gestando um bebê que infalivelmente morreria nos
primeiros minutos ou horas de vida extra uterina, é obrigada a levar a
gestação a cabo. Para mim, seria uma forma de tortura, tanto para mim,
quanto para o meu filho, levar a gestação a cabo”, conta Eliza.
INCOMPATÍVEL COM A
VIDA será lançado no
Brasil pela Descoloniza Filmes no dia 16 de
novembro nos cinemas.
O filme também está em uma campanha de
impacto associada à corrida para o Oscar, liderada pela Taturana Cinema e Impacto Social,
que tem como objetivo trazer à tona a urgente necessidade de debater e
repensar os direitos reprodutivos das mulheres no Brasil.
Sinopse
A partir do registro de sua gravidez
frustrada, a diretora Eliza Capai conversa com outras mulheres que tiveram
vivências parecidas à sua, criando um potente e tocante coral de vozes que
refletem sobre temas universais: vida, morte, luto e políticas públicas que
nos afetam.
Ficha
Técnica
Direção: Eliza Capai
Roteiro:
Eliza Capai
Produção:
Mariana Genescá, tva2.doc
Montagem:
Daniel Grinspum
Direção de
Fotografia: Janice D’avila
Direção de
Fotografia (gravidez da diretora): Eliza Capai, João Pina
Trilha Sonora:
Decio7 com participação especial de Juçara Marçal
Gênero:
documentário
País:
Brasil
Ano:
2023
Duração:
92 minutos |
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