Dirigido pela franco-argelina Mounia Meddour
(“Papicha”), DANÇANDO
NO SILÊNCIO é um filme que tem, ao centro, a
dança, que, para além de uma manifestação artística, é, também, uma maneira
com a qual as personagens praticam a sororidade e lidam com traumas. Com
distribuição da Pandora Filmes, o longa chega aos cinemas nesta
quinta-feira, 4 de maio, nas seguintes praças: São Paulo,
Rio de Janeiro,
Belo Horizonte,
Brasília,
Florianópolis,
Porto Alegre,
Salvador
e Vitória.
Houria
(Lyna Khoudri) é uma jovem argelina que sonha em ser bailarina. Ela
trabalha como camareira durante o dia e se envolve com apostas ilegais à
noite. Até que ganha uma grande quantia e é agredida por um homem. Quando
acorda no hospital, seu corpo não é mais o mesmo e sua ambição no balé deve
ser esquecida. Mas, ao lado de outras mulheres também traumatizadas, ela
descobrirá como lidar com suas perdas e seguir em frente.
Meddour,
que também assina o roteiro, explica que a origem do filme está no seu
desejo de explorar a sociedade argelina contemporânea, tema constante em
sua filmografia, e encontrou na personagem uma maneira de acessar esse
universo.
“Eu
comecei no cinema fazendo documentário, por isso, eu gosto de tirar de
dentro de mim memórias e experiências para transcrever em ficção no cinema.
Após um acidente, com fratura dupla do tornozelo, vivi uma longa
reabilitação que me imobilizou por um tempo. Eu queria contar sobre o
isolamento, a solidão e deficiência. Mas, especialmente, a reconstrução”, diz a diretora.
Ao
colocar como protagonista uma jovem que sonha em dançar, mas é imobilizada,
a diretora pretende mostrar como no seu país a liberdade individual –
especialmente das mulheres – é limitada. “A
dança ainda é praticada em lugares privados, mas muito pouco ao ar livre. O
corpo da mulher é um tabu. Uma mulher que dança é uma mulher que quer se
expressar. Não é inofensivo em uma sociedade patriarcal e tradicional, com
costumes e mecanismos de honra. Precisamos de uma mudança de mentalidade,
mas o caminho ainda é longo.”
Na
linguagem corporal das personagens, Meddour encontrou algo muito
cinematográfico, cuja sua encenação enfatiza ao privilegiar os corpos, os
gestos, movimentos. Ela aponta que filmar uma dança é algo bastante complexo,
e sua opção foi filmar as dançarinas de forma livre, dando a elas total
liberdade de movimento.
“Gosto
de filmar os meus personagens o mais próximo possível dos corpos, da pele,
do movimento. Na encenação deste filme, questionei muito sobre como filmar
a dança e que escolhas fazer. Quando você filma dança, você tem que aceitar
perder alguma coisa. Para mim, era absolutamente necessário evitar a
captura e privilegiar os corpos, os movimentos, uma expressão, um olhar.
Muitas vezes, em filmes de dança, a coreografia é projetada para câmera ou
recoreografada para encenação cinematográfica. A coreografia é, portanto, a
matéria-prima, não o roteiro.”
As
coreografias do filme são assinadas por Hajiba Fahmy, que já fez parte da
equipe de bailarinas dos shows de Beyoncé. Ela trabalhou em conjunto com um
consultor de língua de sinais, Antoine Valette, e os compositores Yasmine
Meddour e Maxence Dussere. Meddour explica que a coreografia foi o mais
difícil de criar, pois tinha de ser, ao mesmo tempo, poderosa e
libertadora.
“A
personagem tinha que extrair sua energia do solo e difundi-la em todo o seu
corpo. Uma dança natural com um ritmo que invade o corpo. Para esta
coreografia, primeiro traduzimos para a linguagem de sinais das passagens
do roteiro, e, então, Hajiba reinterpretou cada sinal em movimento para
criar a coreografia final, muito simbólica e cheia de força. Este processo
foi longo e trabalhoso, mas muito estimulante e criativo. Hajiba também
preparou Lyna fisicamente para dança clássica.”
A atriz Lyna Khoudri já havia trabalhado
com a cineasta em “Papicha”, e essa parceria e o conhecimento mútuo foram fundamentais
para Meddour criar a personagem e DANÇANDO
NO SILÊNCIO. “No
filme, falamos de silêncio, choque pós-traumático, reabilitação física, e,
para isso, foi fundamental coletar o máximo de informações possíveis para
construir uma personagem justa, precisa e crível. Então, fizemos muitas
entrevistas com psicólogos e neurologistas para tentar entender o que
estaria acontecendo na cabeça de Houria e entendendo seu silêncio como
resultado de um choque pós-traumático.”
Sinopse
Uma jovem apaixonada por balé passa por
um trauma, conhece outras mulheres que passaram por situações semelhantes e
encontram uma forma criativa de perseguir sua paixão.
Ficha
Técnica
Direção: Mounia Meddour
Roteiro:
Mounia Meddour Elenco:
Lyna Khoudri, Rachida Brakni, Nadia Kaci, Hilda Amira Douaouda, Meriem
Medjkane, Zahra Manel Doumandji, Sarah Hamdi, Sarah Guendouz, Amina
Benghernaout, Camila Halima-Filali, Marwan Fares, Hassen Ferhani Gênero: drama
País:
Argélia
Ano:
2022
Duração:
104 minutos |
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