Tudo começou na residência artística Les Ateliers du
Cinéma, promovida pelo cineasta francês Claude Lelouch, vencedor da Palma de
Ouro e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por “Um Homem, Uma Mulher”.
Gabriela Boeri, a única brasileira da residência, que aconteceu ao longo de um
ano em Beaune (França), conheceu lá Fanny Boldini, Kevin Vanstaen e Simon
Boulier, e juntos fizeram o longa de ficção LA PARLE. O filme teve sua
première mundial no Festival International du Film de Saint-Jean-de-Luz, na
França, em 2022 e estreou na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Será
lançado nos cinemas no dia 29 de junho, pela Pandora Filmes.
Produzido pelas brasileiras Claraluz Filmes e
Kinoteka, em parceria com a francesa Les Films Bleus, o longa foi filmado quase
inteiramente com iPhones. “O
iPhone nos deu mobilidade para viver ao invés de atuar. Queríamos explorar esse
aparelho que as pessoas usam para gravar constantemente, das coisas mais
insignificantes aos grandes eventos. Como estão todos, o tempo todo, com seus
celulares, a gente passava despercebido durante as filmagens. Isso contribuiu
para o tom documental da narrativa. Assumimos as imperfeições da imagem e
também das nossas vidas, buscando transformar o ordinário em extraordinário”,
explica Gabriela.
Além de dirigir, o quarteto também assina o
roteiro e atua no filme, realizado em três momentos entre 2018 e 2020. Entre
cada um deles, o grupo montava o que já tinha sido filmado e, posteriormente,
reescrevia o roteiro.
“Tínhamos um roteiro inicial, que foi nosso
ponto de partida. Compartilhamos questões e conflitos reais das nossas vidas e,
a partir deles, escrevemos uma ficção. Conforme fomos filmando e montando as
cenas, também fomos alterando essa base e incorporando as transformações que
estávamos vivendo. Como nunca tínhamos atuado, os conflitos reais nos ajudaram
muito na interpretação das cenas de ficção. Essa mistura de realidade e ficção
é a essência da narrativa. O fato de sermos os protagonistas e de termos
filmado com o celular também faz parte da gramática desse roteiro.”
Na obra, Fanny, Kevin e Simon se juntam à
Gabriela para passar as férias de verão na costa basca francesa. O lugar é
famoso por reunir pessoas ao redor de La Parle, uma onda que, segundo a
tradição local, revira sentimentos e traz resoluções. Enquanto Fanny precisa
lidar com a iminência de um exame médico, Gabriela, longe de sua família no
Brasil, questiona seu futuro. Kevin tenta se ocupar com o trabalho, mas sua
mente está em outro lugar. Simon, por sua vez, apenas quer que o grupo se
divirta.
No longa, Fanny, Kevin e Simon se juntam à
Gabriela para passar as férias de verão na costa basca francesa. O lugar é
famoso por reunir pessoas ao redor de La Parle, uma onda que, segundo a
tradição local, revira sentimentos e traz resoluções. Enquanto Fanny precisa
lidar com a iminência de um exame médico, Gabriela, longe de sua família no
Brasil, questiona seu futuro. Kevin tenta se ocupar com o trabalho, mas sua
mente está em outro lugar. Simon, por sua vez, apenas quer que o grupo se divirta.
A escolha pelo iPhone como ferramenta partiu
de uma experiência no ateliê, com o Lelouch. “Ele
resolveu projetar no cinema da residência uma mesma cena filmada com câmeras
diferentes, dentre elas a câmera do iPhone. Ele, que já filmou com todas as
câmeras do mundo, comentou que não queria que a câmera do celular fosse
manipulada até parecer uma Alexa. Ele estava interessado nessa textura
diferente e na emoção que ela gera.”
Ela conta que o quarteto ficou muito
impactado, e, naquela noite, decidiu que faria um filme juntos. “A textura das imagens filmadas com o
celular é a emoção do nosso tempo. Aquilo que vemos como defeito também faz
parte dessa linguagem. Como podemos incorporar isso numa narrativa onde o
público possa se identificar de forma íntima e direta?”
Gabriela ressalta que o encontro com os
produtores brasileiros Fernando Sapelli e Carolina Heller permitiu que o filme
crescesse. “LA PARLE foi inteiramente filmado num país
que valoriza o cinema e que entende a importância da cultura para construção
de qualquer nação. Durante esse período, o Brasil sofreu ataques e cortes de
um governo que não só não valoriza a cultura, como tem um projeto que
inviabiliza o nascimento de novos talentos.”
Sapelli conta que chegou ao filme durante uma
viagem de Gabriela ao Brasil, que lhe apresentou o material já filmado, e ele
percebeu haver algo de muito especial ali. “Acompanhei
presencialmente apenas uma parte das filmagens. Já toda a edição e pós-produção
aconteceram remotamente por conta da pandemia. Foi um desafio conseguir ter
essa comunicação fluída, essencial para o processo, mas o resultado final é
fruto de todos esses encontros de experiências de vidas diversas.”
Sinopse
Durante suas férias de verão, Fanny precisa
lidar com a iminência de um exame médico. Acompanhada de três amigos, seu
momento de relaxamento se torna uma experiência profunda conforme o grupo cria
conexões inesperadas.
Ficha Técnica
Produtoras: Claraluz Filmes e Les Films Bleus
Coprodutora:
Kinoteka
Direção e Roteiro:
Fanny Boldini, Gabriela Boeri, Kevin Vanstaen, Simon Boulier
Elenco:
Fanny Boldini, Gabriela Boeri, Kevin Vanstaen, Simon Boulier
Duração:
75 minutos
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