NINTENDO E EU, de Raya Martin (“Independência”) é um filme com um
olhar nostálgico e carinhoso pela juventude dos anos 1990. A descoberta da
sexualidade, do amor, a amizade e as tensões familiares, tudo isso e muito mais
que é comum nessa fase da vida está no longa. Com lançamento nesta
quinta-feira, 27 de abril, NINTENDO
E EU pode ser assistido em São Paulo
(Petra Belas Artes), Rio de
Janeiro (Espaço Itaú de Cinema Botafogo) e Vitória (Cine
Metrópolis), com distribuição da Pandora Filmes.
Exibido na Mostra Generation Kplus, uma seção
do Festival de Berlim que conta com filmes sobre a juventude, o longa tem como
protagonista o adolescente Paolo (Noel Comia Jr.), superprotegido por sua mãe,
e apaixonado por videogame, até que uma série de terremotos causam a erupção do
vulcão Pinatubo, cortando a energia elétrica por toda a Filipina.
Sem outra opção, ele e seus amigos terão de
sair de casa para passar o tempo. O protagonista se apaixona por Shiara (Elijah
Alejo), a menina mais popular do bairro, e não percebe que sua amiga, Mimaw
(Kim Chloie Oquendo), gosta dele.
O roteiro é assinado por Valerie Castillo
Martinez, que parte de experiências pessoais sobre amadurecer nos anos de 1990,
para criar a história de um grupo de adolescentes. “Eu me lembro perfeitamente da manhã em que houve a
erupção. Acordei, e vi tudo coberto de cinzas lá fora. É uma imagem muito
vívida em minha memória, e isso me inspirou a criar essa história.”
Também produtora do longa, ela é uma cineasta
filipina-americana que fundou sua empresa IndieFlip, para fazer filmes que
lidam com assuntos sub-representados e temas transculturais, invertendo os
clichês das narrativas usuais.
Martin, por sua vez, conta que cresceu no
mesmo subúrbio que Valerie, e eram colegas de escola. “Era a época do surgimento da
internet, e estávamos todos fascinados com o mundo virtual. Eu me senti muito
próximo dessa história, mas também sugeri que a personagem Mimaw tivesse mais
destaque no filme. Esse sentimento de desigualdade era muito importante para
mim, sendo gay e crescendo num ambiente onde não podia contar a ninguém”,
explica ele.
Eleito um dos 50 cineastas mais importantes
com menos de 50 anos pela conceituada revista CinemaScope, Martin já exibiu
seus filmes em Cannes, Toronto, Locarno e Nova York. Seu longa “Independência”,
aclamado como uma mistura singular da história filipina e da fantasia de
Hollywood, foi exibido na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes 2009,
e “Manila”, seu filme seguinte, teve exibição especial na mesma edição do
festival, marcando a primeira vez que um diretor filipino teve dois filmes no
festival.
O visual do filme é, ao mesmo tempo, uma
homenagem e um resgate da estética dos anos de 1990, especialmente, dos filmes.
Existe um balanço, explica o diretor, entre a artificialidade daquela década,
mas também a luz natural, muito usada pelo diretor de fotografia Ante Cheng.
“Posso citar diversas influências, de Edward
Yang ao filme do personagem Riquinho, e também algumas produções filipinas
entre esses dois extremos, sobre meninos obcecados por seus patins. NINTENDO E EU é uma viagem no tempo para nossa geração, mas também precisa
ser uma apresentação sincera às gerações do futuro.”
Valerie concorda com o colega sobre a
necessidade de abordar questões de forma honesta para se conectar com um
público juvenil. “As mentes
jovens são as mais impressionáveis, as mais vulneráveis e as mais honestas.
Essa é uma história que vem do coração. Qualquer pessoa pode se conectar com os
desejos dos nossos personagens de se sentir amados, e entender a si mesmos.”
“Essa é uma história de um monte de meninos e
meninas descobrindo a si mesmos e si mesmas numa floresta de terceiro mundo:
lidando com um mundo dominado por homens enquanto tentam articular seus afetos
pelo sexo oposto. Não é apenas uma história de perda, mas, efetivamente, sobre
o nascimento da personalidade na vida real”,
conclui o diretor.
Sinopse
No início dos anos 1990 nas Filipinas, o
adolescente Paolo e seus amigos se aventuram em novas descobertas e se divertem
durante o verão, à medida que crescem.
Ficha Técnica
Direção: Raya Martin
Roteiro:
Valerie Castillo Martinez
Elenco:
Noel Comia, Jr., Kim Chloe Oquendo, Jigger Sementilla, John Vincent Servilla,
Moi Bien, Nikki Valdez, Angelina Canapi
Gênero: drama,
comédia
País:
Filipinas, EUA, Singapura
Ano:
2020
Duração: 99
minutos
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