“Sem ela como imperatriz, penso que o destino do nosso
país poderia ser outro”, afirma o diretor Dannon Lacerda
Quando falamos sobre a independência do Brasil, é impossível não pensar em Dom Pedro I e seu famoso grito as margens do Ipiranga, “Independência ou Morte”. Entretanto, outra figura tem papel fundamental nessa luta, Maria Leopoldina da Áustria – A Imperatriz Leopoldina – e quem quer levar essa história para os cinemas é o cineasta sul-mato-grossense Dannon Lacerda, através do projeto “Leopoldina”.
- Já conhecia sua história para além dos livros, porém o que mais me despertou a atenção foi a sua cultura, resiliência e proposições no processo da independência. Sem ela como imperatriz, penso que o destino do nosso país poderia ser outro – esclarece o diretor.
Usando os relatos históricos como base, Dannon optou por um caminho diferente quando falamos de produções de época. Aqui, os acontecimentos reais são apenas o ponto de partida de uma ficção.
- A história começa com a chegada dela ao Brasil, em 1817, e termina com sua morte, em 1826. Entretanto, essa linha temporal é apenas uma trilha e não um trilho, uma vez que estamos falando de uma obra ficcional. Não se trata de um filme biográfico, em essência – conta.
O roteiro surgiu após Lacerda assistir ao premiado espetáculo “Leopoldina – Independência e Morte”, do diretor e dramaturgo Marcos Damigo, que o auxiliou com uma consultoria, analisando o texto a partir de uma perspectiva histórica e social.
- A partir daí e utilizando de recursos ficcionais criou cenas e tramas de uma Leopoldina além da historiografia, afinal, o que se passou efetivamente dentro dela é algo que ninguém poderá saber. Mesmo analisando cartas que escreveu ou narrativas de pessoas que a conheceram, a alma humana é muito mais complexa e aí que entra o trabalho ficcional – explica.
Apesar do roteiro próprio, ele revela que um de seus desejos é o filme seja dirigido por uma mulher.
- Fui criado em uma casa com
cinco mulheres guerreiras que são referências pra mim – minha mãe viúva, uma
avó aquariana e tias trigêmeas. Entendo que a direção de um filme como
esse precisa ser feminina, pois como diretor sei que somos responsáveis por
todas as escolhas éticas e estéticas, e certamente esse espaço seria melhor
ocupado por uma mulher – afirma.
Apaixonado pelo tema, a carreira do diretor está recheada de filmes de época, como ‘Cabaré das Donzelas Inocentes’, baseado no livro de Sérgio Maggio, e ‘Em Nome da Pátria’, que aborda a Guerra da Tríplice Aliança (mais conhecida como a Guerra do Paraguai) a partir da história de sua avó, Senhorinha Barbosa Lopes, aprisionada com os filhos durante o conflito.
- Acredito que para saber quem somos, precisamos mergulhar em nossas ancestralidades, resgatar o que não foi contado e complementar ou retificar pontos de vista, lembrando que sempre estamos falando de diferentes visões. Minha paixão advém do amor pela humanidade, por aqueles que estiveram antes e ajudaram a construir tantas narrativas, tantas coisas – completa.
Para os próximos meses, ele também irá produzir um curta metragem no seu Estado, Mato Grosso do Sul.
- Finalmente vou poder realizar um filme no meu Estado natal e sobre um assunto tão importante de ser debate, que é a causa indígena. É incrível que, numa região que possui a segunda maior população indígena do Brasil, as histórias ainda sejam tão invisibilizadas – finaliza.
O projeto “Leopoldina” é um oferecimento do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do edital “Retomada Cultural RJ2”.
Mais informações sobre Dannon
Lacerda em - https://www.instagram.com/dannon_lacerda/
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