Documentário, dos premiados Arturo Saboia e Cassia Melo, será lançado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo
Lavrador, camponês, ferreiro, educador, sindicalista, ambientalista, pensador da luta por igualdade e reforma agrária, líder político, que foi preso, mutilado, torturado e exilado pela ditadura. Esse universo multifacetado do maranhense Manoel da Conceição (1935-2021) é tema do documentário Minha Perna, Minha Classe. O filme será lançado, em São Paulo, no dia 18/03, na Cinemateca Brasileira, na Vila Mariana, e terá debate e exibição no auditório Milton Santos, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, no dia 20/03, para os alunos da universidade. No final de março, será disponibilizado ainda no YouTube.
Arturo Saboia (direção e roteiro) e Cassia Melo (produtora executiva) têm, no currículo, dentre outros prêmios, 6 Kikitos, no Festival de Gramado, pelo curta Acalanto (2013), o primeiro e já bem-sucedido trabalho da dupla. Para retratar a vida e luta desse líder incansável, a equipe se debruçou sobre pesquisas, entrevistas, depoimentos, documentos de época e visitas às locações marcantes da trajetória de Mané da Conceição, como era conhecido. O projeto conta com a Lei de Incentivo à Cultura, patrocínios do governo do Estado do Maranhão e Grupo Mateus e realização da Clímax Filmes e Oito Projetos Criativos.
O documentário Minha Perna, Minha Classe
refaz o percurso da infância de Manoel, permeada de violência na zona rural do
Maranhão, ao retorno ao Brasil pós-exílio na Suíça. Dentre os destaques, a
viagem de Manoel à China, onde fez cursos e se aprofundou no pensamento maoísta;
o ano de 1972, quando foi preso novamente e brutalmente torturado, no Rio de
Janeiro, com sequelas para toda a vida e, 1979, com a Anistia, quando regressa
ao Brasil e se engaja na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Manoel foi
o terceiro militante a assinar a ficha de filiação do partido, ao lado de Mário
Pedrosa e Apolônio de Carvalho. Ele contribuiu, ainda, ativamente na fundação
da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Centro de Educação e Cultura do
Trabalhador Rural (Centru) e da Escola Técnica Agroextrativista (ETA).
O premiado cineasta Arturo Saboia assina a direção e o roteiro do filme, que será lançado no dia 18/03 com debate e exibição na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Crédito: Fabio Barros.
E, por fim, uma outra faceta de vanguarda, o Manoel ambientalista. No retorno ao Brasil, ele ampliou ainda mais a sua luta, defendendo o agroextrativismo e a coexistência entre homem e natureza. “O documentário está sendo lançado num momento mais do que oportuno. Nos últimos anos, o discurso de ódio e violência varreu o país. Manoel nunca pregou o uso violência. Pelo contrário, foi vítima dela. O que ele pregava era uma estratégia de luta para aprender a se defender e isso passava pelo conhecimento da terra e da natureza“, explica o diretor Arturo Saboia, o jovem cineasta maranhense já coleciona 70 prêmios no Brasil e no exterior. Dentre eles, o de melhor filme pelo curta Farol (2018), no Los Angeles Film Awards. O diretor acredita que este é o seu trabalho mais desafiador no gênero do documentário, seja pela complexidade do personagem, seja pela escassez de registros fotográficos e vídeos de época, em razão da clandestinidade da luta de Manoel da Conceição. No estilo, uma inspiração: “uma das minhas maiores referências no documentário é Eduardo Coutinho. Sou profundo admirador de sua obra, em especial Cabra Marcado para Morrer. Ambos os filmes têm assuntos similares, como a violência no campo”.
“Minha perna é minha classe”, a frase que batizou o
documentário está espalhada em várias partes do mundo e virou lema. Mesmo tendo
conhecido de perto a dureza da prisão, da tortura e do exílio, Manoel continuou
firme em sua utopia de um mundo melhor e com justiça social. Inspiração para
diferentes gerações na luta contra a opressão.
Aqui um teaser do filme:
Serviço:
O quê: Mesa-redonda com o diretor e a
produtora e exibição do filme
Quando: Sábado (18/03), às 19h
Onde: Cinemateca Brasileira – Sala
Grande Otelo
Endereço: Largo Sen. Raul Cardoso, 207 – Vila
Clementino – CEP 04021-070 – SP
Capacidade: 210 lugares + 04 assentos para
cadeirantes
Quanto: Ingressos gratuitos e
distribuídos uma hora antes da sessão
Informações: Tel. 11 5906-8000
FICHA TÉCNICA:
Instagram: @minhapernaminhaclasse
YouTube: @minhapernaminhaclasse
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