O ESTRANHO, escrito e dirigido pela dupla Flora Dias e Juruna Mallon, fará sua première mundial na Berlinale Forum, do Festival de Berlim, que acontece entre 16 e 26 de fevereiro na capital alemã. O longa é uma produção Lira Cinematográfica e Enquadramento Produções em coprodução com Pomme Hurlante Films, Filmes de Abril e Ipê Branco Filmes. A distribuição é da Embaúba Filmes.
O principal cenário de O ESTRANHO é o
Aeroporto de Guarulhos (SP), um símbolo de progresso e um monumento do mundo
globalizado, mas também um marco do agressivo processo de colonização e
ocupação do território. Embora seja um lugar onde as pessoas transitam o tempo
todo, o filme joga seu olhar para aqueles que ficam, cujas vidas se cruzam
naquele solo onde trabalham.
Filmando no próprio aeroporto e seus
arredores, Dias e Mallon definem o processo do filme como uma total imersão no
território de Guarulhos. “Pesquisa,
preparação e filmagem nos levaram a perceber sua realidade como algo
essencialmente heterogêneo e múltiplo. Quanto mais orientamos nosso olhar (e
câmera) para os espaços e para as rotinas diárias dos trabalhadores do
aeroporto, mais essa realidade se tornou rica e surpreendente. Ao lado do
aeroporto encontramos bairros urbanos populosos, mas também comunidades rurais,
sítios arqueológicos escondidos, e tribos indígenas em processo de retomada”.
Diretores de “O Sol nos meus olhos”, de 2012,
Dias e Mallon encontram na nova parceria a oportunidade de conjugar interesses
em comum, que definem como “uma
pesquisa cinematográfica sobre como o processo de autoconhecimento individual e
de ativação da memória ancestral se conjuga com a busca por território e a
construção de paisagem. Concebemos a paisagem não como um lugar de simples
contemplação, mas como um espaço de luta de forças sociais, de confronto de
diversas temporalidades e cheio de camadas de significação. Assim como o
universo interior de uma pessoa, a paisagem é um processo pulsante e em
constante construção”.
Segundo Flora Dias, “O Estranho é um trabalho de muitos anos e de
muitas pessoas. Um estreia como essa em Berlim é uma janela importante pra
todas essas energias colocadas no filme. O filme teve e continua tendo uma
guiança espiritual muito forte, e eu sinto que os caminhos dele estão sendo
abertos pelos ancestrais que o filme reverencia. Além disso, me sinto muito
grata de poder levar para o festival, especialmente este ano, um filme que
honra essas múltiplas ancestralidades brasileiras. Temos mais uma chance agora,
como sociedade, de amplificar nossas histórias indígenas e diaspóricas. E eu
espero que O Estranho
possa contribuir para isso”.
Juruna Mallon complementa: “Eu vejo O Estranho como um filme de encontros. Foram
esses múltiplos encontros que, ao mesmo tempo, se tornaram a própria matéria
prima do filme e que definiram a trajetória que o filme iria percorrer. Eles
foram os pés e a terra dessa longa caminhada que o filme se propôs a fazer. Num
primeiro momento, o encontro se deu com o território de Guarulhos, os
trabalhadores do aeroporto, os estudantes e habitantes dos seus bairros. Em
seguida, ele se traduziu nas parcerias com equipe e personagens que foram
brotando e nos ajudando a lidar cinematograficamente com aquela rica e complexa
realidade. A participação neste festival é um início especial para uma nova
série de encontros no caminho desse projeto, agora entre o próprio filme e o
público”.
O ESTRANHO terá sua primeira exibição pública no próximo dia 20 de
fevereiro, no cinema Arsenal da capital alemã.
Sinopse
Em um território indígena funciona o
Aeroporto Internacional de Guarulhos. Centenas de milhares de passageiros o
atravessam diariamente e 35.000 trabalhadores apoiam sua operação. O Estranho retém seu
olhar não sobre aqueles que passam, mas sobre o que ali permanece. Seguimos
personagens cujas vidas se cruzam no dia a dia do trabalho neste chão. Alê, uma
funcionária de pista cuja história familiar foi sobreposta pela construção do
aeroporto, nos conduz por encontros através dos tempos. As memórias e o futuro
dela e de seus companheiros estão permeados por uma questão comum: rastros de
um passado em um território em constante transformação.
Ficha Técnica
Uma produção Lira Cinematográfica e
Enquadramento Produções
Em coprodução com Pomme Hurlante Films,
Filmes de Abril e Ipê Branco Filmes
Distribuição Embaúba Filmes
Roteiro e Direção – Flora Dias e Juruna Mallon
Elenco:
Larissa Siqueira como
Alê
Antonia Franco como
Antônia
Rômulo Braga comoJorge
Patricia Saravy como
Silvia
Thiago Calixto como
Hélder
Laysa Costa como Laysa
Nenhum comentário:
Postar um comentário